Quando Éramos Órfãos

Quando Éramos Órfãos Kazuo Ishiguro




Resenhas - Quando éramos órfãos


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Biblioteca Álvaro Guerra 23/07/2019

Neste romance sutil e envolvente do Nobel de Literatura de 2017, o detetive Christopher Banks retorna a Xangai, sua terra natal, onde seus pais desapareceram misteriosamente há vinte anos. A cidade agora é palco da guerra entre China e Japão, e a busca de Banks por seus pais passa a confundir-se com a busca pela ordem num mundo órfão, vitimado pela sombra.

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site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788535930207
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Lauz 27/01/2018

A memória é o grande personagem, mais uma vez.
A memória é, indubitavelmente mais uma vez, o grande personagem desse livro guiado por Christopher Banks.
Christopher Banks perdeu os pais quando tinha pouco mais de nove anos e, após crescer o resto da infância na Inglaterra, eventualmente volta a Xangai, onde cresceu, para resolver o mistério do sumiço dos pais. Essa é a trama central da história, mas entre as memórias pelas quais ele passeia, nenhum momento é de graça. É a história de um homem preso no corpo de um menino por um passado mal resolvido cujo os choques de realidade são vitais para que ele saia da bolha em que somos colocados quando crianças onde o mundo é belo e justo.
De fato, a primeiro momento o personagem parece quase sem sal e, passado o meio do livro, ele começa até a ser irritante, mas se observado mais de perto ele é apenas um homem cheio de remorsos, fantasmas e infantilidades.
Mais uma vez Kazuo Ishiguro conta uma história onde, pelo labirinto de memórias, o foco central jamais é a história em si, mas a sensação passada por meio dela. A sensação de solidão e saudade daquilo que foi e daquilo que jamais será.
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Ladyce 31/08/2014

Os descaminhos da memória
Já faz dias desde que terminei a leitura de “Quando éramos órfãos” e reluto em resenhá-lo: o livro é mais complexo do que a princípio lhe dei crédito. Quanto mais tento focar em alguma ideias, mais descubro sobre o que é importante; sinal de que é um livro rico em questionamentos. Voltei ao texto duas outras vezes e hoje sei que é um romance muito melhor do que minha primeira impressão.

A prosa aqui é deliberada. O texto é seco e sutil, qualidades que sempre me atraíram em seus romances. Ishiguro é preciso, escolhe a palavra exata e nenhuma outra. Por isso mesmo não se pode ignorar as pequenas deixas que semeia na narrativa. Toda atenção é pouca. Como João e Maria, vamos seguindo as migalhas deixadas na narrativa e se alguma é ignorada, perdida, comida com desatenção, podemos nos perder. Além disso, Ishiguro trabalha as elipses com mestria. E nesta obra chega a mesmerizar com sua habilidade de justificá-las. Para isso usa os desvios da memória de um narrador impreciso.

Memórias são pensamentos subjetivos e inexplicáveis, que se adaptam com frequência às necessidades de quem as recolhe. Não é incomum observarmos duas pessoas que tendo tido uma mesma experiência, lembrem-se de eventos de maneiras diferentes. É justamente por isso que o narrador dessa história, Christopher Banks, que se descreve como um grande detetive em Londres, tendo vivido na Inglaterra por mais de duas décadas retorna a Xangai, onde havia passado sua primeira infância, antes do desaparecimento de seus pais aos oito anos de idade, oferece um enorme leque de possibilidades para a difusão das dúvidas no leitor.

A evolução do mistério que envolve o desaparecimento dos pais do menino surpreende o leitor e o próprio Christopher Banks. Mas as ruas de Xangai são tão labirínticas quanto às aléias e becos sem saída das memórias de infância. Caminhos escuros percorridos por riquixás improváveis, o bairro dos estrangeiros à beira do campo de batalha durante a guerra sino-japonesa, o tráfico do ópio, tudo leva a mais dúvidas do que a fatos e assim como Christopher saímos dessa Xangai sem a certeza das poucas memórias que nos pertencem.

Não tive, no entanto, grande empatia pelo personagem principal que se mantém distante. Suas emoções estão guardadas e ele nos surpreende até mesmo quando se envolve amorosamente. Talvez por sentir que não pertence a lugar algum Christopher Banks mantém um verdadeiro vácuo emocional à sua volta. E nós leitores estamos excluídos por essa mesma distância, apesar de conscientes de seus pensamentos. Há um desconforto emocional.

No final este é um livro que marca, apesar da falta de empatia com o personagem principal. Mas é estupendo pela fabulosa habilidade de Kazuo Ishiguro ao liderar a narrativa através dos descaminhos da memória.
DIRCE 31/08/2014minha estante
Obrigada pela resenha esclarecedora, Ladyce.
Irá para minha Estante, com certeza.
bjs


skuser02844 21/12/2023minha estante
Sensacional sua resenha ?????


Ladyce 22/12/2023minha estante
Obrigada




Cília 05/04/2013

O outro é melhor
Este livro é do mesmo autor de Os Vestígios do Dia mas nem parece. O primeiro emociona, prende e vc fica com o gosto de quero mais. Esse que acabo de ler é confuso (como o personagem principal) e vc fica querendo que acabe logo. A sinopse diz..."que não escapará do leitor a percepção..." Para mim escapou.
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Gláucia 25/03/2011

Preciso de um Prozac.
A sensação inicial é de que seria ótima leitura, sensação que durou algumas páginas. Narrado em primeira pessoa por Christopher Banks, um famoso detetive que viveu até os dez anos numa colônia britânica em Xangai, então palco de guerra com o Japão. O garoto tem sua vida modificada pelo sumiço de seus pais, então ele volta à Inglaterra onde terá que conviver com essas ausências. A história é toda fragmentada, contada por "flashbacks", tornando a leitura muito cansativa pois segue assim até as páginas finais. E aí vem o desfecho, extremamente deprimente, tudo acabou mal na vida dele e de todos que o cercam. Não que eu tenha problemas com finais infelizes, mas a narratva foi muito cansativa para ainda terminar pessimamente. E o personagem principal é egoísta e não tem o mínimo carisma.
Acho que lerei só gibi da turma da Mônica por alguns dias.
Beth 17/08/2014minha estante
Gláucia, a Luciana, uma grande leitora do Skoob, me ensinou: "valem muito nossas vivências e estado de espírito no momento em que lemos". Ao reler Quando éramos órfãos, adorei. Sutil, com toques vitorianos, de nonsense, vai aumentando o ritmo, me carregou em um vendaval crescente de suspense e horror, me trouxe de volta à paz e a um final feliz. Sim, para mim, foi feliz. Sim, o protagonista é um ególatra, e o autor nos mostra o absurdo do mundo por esse olhar.
Só queria que os leitores tivessem um segundo ponto de vista. Tua opinião é muito válida, talvez tenha sido a minha na primeira leitura, em 2008.


DIRCE 27/08/2014minha estante
Talvez eu até goste desse livro, Gláucia, mas com certeza, não tanto quanto gostei sua resenha. A-do-rei o Preciso de um Prozac e a referência aos gibis.


Gláucia 27/08/2014minha estante
Dirce, pode ser que vc goste mesmo, não me lembro mais dos detalhes, mas me lembro da sensação que fiquei após sua leitura: fiquei muito angustiada e com raiva.


Lauz 27/01/2018minha estante
A grande questão do livro é que ele, de modo algum, é sobre o Christopher Banks. Ele é apenas um personagem infantil preso no passado, tentando se achar. O livro é, de modo geral, sobre a solidão que, ao sairmos da bolha dos pais, sentimos.




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