Drigo.Cardoso 07/07/2022
Como fã de Mario Puzo, já tinha conhecimento de O Imigrante Feliz a muitos anos, mas foi só quando me tornei mais crítico do universo mais famoso de Puzo que me interessei por ler este livro. Relendo um recorte de uma entrevista com o autor quanto a sua decepção com o fato deste livro não ter sequer margeado o sucesso de o Poderoso Chefão (sentimento explicitado também na recente série The Offer), resolvi correr atrás do título.
E afortunado são aqueles que encontram esse texto. Se Puzo brilhou com a moral de Vito Corleone, é com Lucia Santa (inspirada em sua própria mãe) que ele alcança o mérito de ser conhecido como um grande escritor. Recheado de momentos que evidentemente fazem parte da memória de sua infância, Mario nos apresenta o universo dos imigrantes italianos nos cortiços de Manhattan entre os anos 20 e os 40 do século passado.
Aqui, a pobreza dita a rotina do cotidiano, embalado por choque de visões de mundo e as diversas formas de entender o meio em que se está — a visão de cada personagem é importantíssima aqui. Puzo ainda aborda doenças psicológicas como a esquizofrenia e a depressão. E amarra tudo isto em um laço familiar que, de um jeito ou outro, é comum a todos os leitores: as relações entre pais e filhos.
Uma única coisa (que se repete muitas vezes) me incomodou no livro, a forma com o autor descreve alguns sentimentos e sensações opondo, muitas vezes na mesma linha, antônimos, confunde o leitor sobre como imaginar as personagens. Porém, nada ruim a ponto de estragar a leitura ou diminuir o valor da obra.