Rui Alencar 16/06/2012
O livro retera a mensagem de outros livros do mesmo autor, mas não deixa de ser uma ótima leitura. Eis alguns recortes:
Pag. 12...Todo herói um dia vê sua força se esfacelar. Todo gigante, por maior que seja, em algum momento se apequena. Todo pensador depara-se, cedo ou tarde, com suas loucuras. E todo mestre, em sua caminhada, se torna um menino diante do inexplorado.
Pag. 13...A morte é cruel. Digladia com intelectuais e os torna meninos. Debate com ateus e os transforma em tímidas crianças. Guerreia contra generais e os torna frágeis combatentes. Batalha com milionários e os sepulta na lama da miserabilidade. Duela contra celebridades e as faz beijar a lona da insignificância. A vida sempre nos dá outras oportunidades, a morte nunca.
Pag. 16...Quem cobra muito de si e dos outros está apto para lidar com números, mas não para conviver com seres humanos
Pag. 52...O ritual imposto pelos templos das universidades tinha dívidas enormes com a formação dos pensadores. Era fácil aplicar provas, corrigi-las e se proteger atrás das notas. As provas assassinavam alunos com grande potencial, mas que não coseguiam se enquadrar na cartilha do sistema educacional.
Pag. 55... A travessia é mais importante que a chagada. A jornada é mais importante que o pódio, mas não nos importamos com o fim, e não com processo... O sucesso pelo sucesso está asfixiando o prazer de viver e a dignidade humana. A parnóia de ser o numero um, desenvolvida pelas empresas e pelas pessoas é insana...
Pag. 82...”Há um paradigma sociológico que diz que todo ser humano tem seu preço. Sim, todos os que colocam sua consciência à venda”.
Pag. 93...Somos marcadamente egoístas, mesmo quando nossas intenções parecem acertadas. Lembrem-se de que eu queria dar o mundo aos meus filhos, mas negava-lhes o meu mundo. Negava-lhes o essencial: minha história, meu afeto, meu tempo. Nossas ações traem nossos discursos. Tornam-se hipócritas.
Pag. 94... Pitágoras sonhava que seus discípulos aprendessem pelo menos três excelentes funções intelectuais: capacidade de reconhecer erros, de se colocar no lugar dos outros e de pensar nas conseqüências de seus comportamentos.
Pag. 108... o ser humano do futuro será solitário fisicamente e supersociável virtualmente...
Pag. 109...cachorro magro não larga o ossso
Pag. 109...A vida é um espetáculo, mas sem a mínima platéia, ela pode se tornar um espetáculo sem sabor.
Pag. 139...uma pessoa verdadeiramente grande tem de se abaixar para exaltar os pequenos, para torná-los grandes nesta sociedade exclusivista, portadora de um superficial verniz democrático.
Pag. 162... uma criança fotografa mentalmente...o poder da imagem era superior ao das palavras...
Pag. 162... os piores estranhos são aqueles que vivem na mesma casa e fingem que se conhecem...
Pag. 170...É mais fácil dirigir uma empresa com milhares de funcionários do que educar uma criança. Como ensinar nossos filhos a chorar, se não lhes falamos das nossas lágrimas ? Como lhes transmitir a necessidade da paciência nessa sociedade agitada se perdemos o controle diante de pequenos estresses ? Reconhecer nossas debilidades e fragilidades é emocionalmente relaxante e intelectualmente educativo.
Pag. 171... Mesmos pais inteligentes podem cometer sérios erros na educação dos filhos e, num pico de tensão, dizer palavras que jamais poderiam ser ditas. Professores generosos, num rompante de ansiedade, podem excluir, julgar, sentenciar seus alunos. Sob o calor da cólera, até filósofos humanistas pegam em armas e matam. A agressividade é uma reação instintiva, espontânea, do cérebro humano; a tolerância é uma característica conquistada lenta e continuamente.
Pag. 188...Em tudo o Mestre via beleza. Precisava de pouco para sentir grandes prazeres
Pag. 193...Ninguém está plenamente seguro. A existência é uma caixa de surpresas. Num instante somos reis, noutro miseráveis; num somos aplaudidos, noutro vaiados; num instante estamos gozando de saúde, noutro enfermos.
Pag. 200...”A vida é um grande contrato de risco. Quem tem medo de sair do casulo por causa dos riscos corre outro maior, o de sepultar a sua própria consciência”