A Correspondência De Uma Estaçao De Cura

A Correspondência De Uma Estaçao De Cura João do Rio




Resenhas - A correspondência de uma estação de cura


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07/11/2022

Leitura fluida e divertida, com um toque especial para mim
Este excelente livro de João do Rio já tinha um significado especial para mim - a ação se passa na minha pequena cidade natal - e encontrei mais "easter eggs" nas menções sobre cinema.
Resenha completa no link

site: https://diarioquaseescritora.blogspot.com/2022/11/resenha-correspondencia-de-uma-estacao.html
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Ana Paula Paim 02/02/2018

João do Rio: anos luz a frente de seu tempo
João do Rio inspirava-se nas pessoas, desde os moradores de rua até a elite que enchia os grandes e requintados salões. Inspirava-se nas atitudes humanas, na capacidade de agir conforme fins determinados e no discernimento e aceitação de valores. Sua obra, apesar de representar um registro da realidade, ganhou status de literatura através do seu toque pessoal, com a inclusão de elementos, imagens e tonalidades artísticas. Foi assim, na temporada de 1917, na cidade termal de Poços de Caldas nas Minas Gerais. Nesta temporada, João do Rio observou e examinou atenta e minuciosamente as pessoas e o ambiente que o cercavam. Essas observações foram matizadas artisticamente, resultando na composição do romance ficcional A correspondência de uma estação de cura. Um romance pouco comum na literatura brasileira composto por várias cartas de personagens que escrevem sobre suas impressões, seus interesses e motivações durante uma temporada na cidade.
No romance atuam dezesseis personagens, que escrevem cartas. Estes personagens foram caracterizados através da escrita íntima que envolve uma correspondência pessoal. Essa prodigiosa forma de caracterização coloca à disposição do leitor uma multiplicidade de pontos de vista, a partir do entrelaçamento dos contatos interpessoais entre os personagens, pois encontram-se todos hospedados no mesmo hotel, manifestando, elaborando, construindo e tecendo através da escrita de cartas uma trama, que apresenta as opiniões e valores morais sob uma ótica individualizada.
João do Rio instaurou uma forma de romance multigênero, registro reflexo, natural e importante desse período da história da literatura brasileira. Faz-se necessário, ainda, perscrutar como a técnica foi empregada, ao introduzir elementos de outros gêneros na narrativa epistolar e o resultado desta experiência. Nesta perspectiva, tal inovação se aproxima de um processo de ruptura, ao incluir no gênero literário epistolar linguagens próprias de gêneros como a narrativa de viagem, a prosa, a crônica, a autobiografia e a biografia. A fim de ratificarmos estas suposições, consideraremos três correspondências que estão inseridas no romance, buscando compreender como ocorre tal procedimento renovador. Ilustrando tal objetivo, empreenderemos ainda um percurso sobre a técnica do gênero epistolar, evidenciando como ela foi desenvolvida em nossa literatura.
Apesar de não possuir tradição em nossa literatura, o gênero em cartas, de tempos em tempos vem sendo revisitado com a edição de novas obras. Desta forma, nossa pesquisa poderá contribuir com uma maior compreensão da temática pela indicação de referências bibliográficas que analisam o gênero e pela apresentação de novos estudos que aproximam a carta, uma prática não muito usual na contemporaneidade, mas que se transfigurou em novos gêneros (e-mail) com o advento dos novos recursos tecnológicos.

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