Resenhas - À Procura do Rei

Bruno Malini 07/05/2022

Bom
Não esperava esse tipo de literatura vindo do Gore Vidal... isso só me faz querer ler mais dele... gostei.

Augusto Stürmer Caye 16/12/2022

Esta é a 5ª obra de Gore Vidal e logo depois do maravilhoso A Cidade e o Pilar, o primeiro romance ocidental que trata da homossexualidade com naturalidade e respeito. É, também, o primeiro livro de Vidal após o anátema do New York Times contra o autor, condenando-o ao ostracismo literário justamente em razão desta obra LGBT. São os anos 50, pessoal, onde ser homofóbico e abertamente cruel é ok.

Talvez pelo choque recebido Gore Vidal tenha entrado numa maré tão ruim de produção artística nesse ano de 1950, o que não vai se reproduzir no meio da carreira do autor com seus romances históricos brilhantes.

A procura do Rei começou promissor, mas começou a se arrastar. A história trata do sequestro de Ricardo Coração de Leão em seu retorno da Terceira Cruzada e, em particular, da busca por ele que seu trovador, Blondel, fez do rei Ricardo. Seguimos Blondel pela Áustria e Alemanha e nos juntamos a ele em encontros com seres fantásticos e situações peculiares, e o bardo os enfrenta com facilidades.

Esta lenda transformada em romance tem muitas passagens desnecessárias e clichês. Em resumo, esta versão ficcional de um evento histórico não está à altura dos demais romances de Vidal no gênero, como a heptalogia Narrativas do Império, Juliano, Criação, e outros, os quais são fantásticos. Criação e Juliano, inclusive, eu recomendo a qualquer um.

Enfim, o autor tinha também apenas 25 anos nessa época. Estava se lançando, já tinha escrito uma obra muito polêmica e deve ter recrudescido a um lugar comum clichê seguro, o que não vai se repetir no futuro. Vidal é um gênio que aos poucos se desenvolve, e é bom estudar sua evolução literária; é confortante ver, também, que o gênio não é um acaso, é uma construção.

Não recomendo a obra, salvo aos escassos e esparsos fãs de Vidal no mundo como sou.