kleris aqui, @amocadotexto no ig 03/12/2011Viajar para colecionar gafesViajar sem Dinheiro & Gafes Internacionais é um livro pequeno, em suas 128 páginas. Aposto que muitas pessoas poderiam lê-lo de uma vez só... outras seguiriam um ritmo mais pausado por serem estórias independentes. Nara Vidal fez uma seleção de 32 contos breves que retratam situações de sonhadoras que querem conquistar algo maior no estrangeiro, mas que para isso, têm que começar de baixo: cuidando de crianças, conhecendo famílias, aprendendo outros costumes, buscando independência... Se aventurar meio às cegas? Sim.
Agora imagine uma leitora que praticamente se “aventurou” em ler um livro de contos, que tinha certa aversão com contos muito pequenos misturados entre si, por sempre ter aquela sensação de quebra... Normal, sem problema, era meu desafio. Não foi tão às cegas assim. Conquistada pela capa e pela vontade de variar as leituras, confiei em me surpreender um pouco – e ao começar, não é que me surpreendi mesmo?! Mas com algo que eu não imaginava e, que na verdade, pegou muito no meu pé durante a leitura: a revisão.
Uns errinhos aqui, acolá, de concordância, de sentença, de digitação... a gente deixa passar, mas encontrei tantos que isso sim me frustrou. Pior ainda porque eu sou analítica pra esse lado, então foi mais que desafio terminar de ler... e olha que tem gente que desiste de histórias apenas por diagramação; gosto de dar chance, porque penso que a história deve sobreviver a esses acasos, apesar de atrapalhar na leitura. Falo isso não para criticar a autora ou mesmo a editora por esse problema, mas que tenham mais cuidado em seus anseios de publicação – penso que talvez seja esse o motivo, vai saber – tem leitor que se sente incomodado com isso. Já vi resenhas de outros livros puxando esse mesmo assunto de revisão com lançamentos nacionais... Para as próximas edições já deixo recado então, isso ajuda tanto a editora quanto a escritora a crescer, além de leitores frustrados a pensarem mais antes de largar um livro por causa de detalhes como esse.
Então, voltando para as estórias... Os contos trazem esse sonho que muita gente tem de “pegar o globo, girar e apontar um local”, ou mesmo “abrir o mapa mundi, fechar os olhos e comprar uma passagem pro local que seu dedo apontar”, mas nem todos têm coragem e determinação. Lembrando um pouco da questão do “êxodo” por melhores chances, por mais conhecimento, por novos ares ou por experiência mesmo, Nara descreve momentos de suas variadas personagens com toques de humor e ironia, mostrando que nem sempre nossos maiores desejos são aquilo que imaginamos.
A partir de situações comuns e incomuns no estrangeiro, da relação patrão e empregado e viajante mundo afora, vemos que trabalho é trabalho e que lidar com pessoas não é muito diferente do que vemos por aqui. Alguns contos parecem uma fotografia de uma personagem, outros parecem mesmo aqueles filmes que visualizamos na cabeça, percebendo de cima o desenrolar de sua história.
Para as pessoas que dá na telha de viajar assim sem mais nem menos, Nara incentiva, então mostra que essa sede ao pote de conquistas é um pouco mais complicada: não é só chegar lá que as coisas vão acontecer... ou talvez as pessoas mesmas se prendem, não deixam acontecer, porque optar pelo caminho que parece ser mais fácil não quer dizer a melhor escolha. Mas não se desencantem tanto, se é pra dar aloca e tentar, com certeza vai ter muita coisa para por em perspectiva. A ideia de viajar tem muito desse encanto e quem viaja, com dinheiro ou não, com certeza vai viver suas gafes internacionais, porque o interessante é colecionar algumas.