Jose 27/12/2023
Esse daqui foi um dos livros que comprei na minha visita em vários sebos de Juiz de Fora (a viagem tem mais de um ano e eu nem li metade do que comprei). O último livro que escrevi propriamente sobre é dessa mesma viagem e do mesmo autor. “Crônica de uma morte anunciada” foi uma surpresa positiva, mas infelizmente o mesmo não aconteceu com este aqui.
“Memória de minhas putas tristes” é uma obra do colombiano Gabriel García Márquez, autor incrivelmente prolífero e mundialmente conhecido pela sua importância na literatura em língua espanhla. A tradução ficou por conta de Eric Nepomuceno. Gabriel conta a história de um velho cronista e crítico musical que, na noite de seu aniversário de 90 anos, decide se dar de presente uma noite de amor louco com uma jovem prostituta virgem. Ele liga para uma conhecida cafetina a fim de procurar por uma garota com essas características, e é este lance que desencadeia os acontecimentos da obra.
Sinto que apenas os poucos caracteres de um texto não consigam abarcar toda a complexidade dessa obra. Sim, como deixei a entender anteriormente, o livro não me pegou e não me foi muito agradável. Ele bebe da tradição de outras obras controversas que abordam a relação de um homem mais velho com uma jovem, como “Lolita” do Nabokov, mas não tem o mesmo trato e nem busca o mesmo objetivo crítico do russo.
A obra de Gabriel foca em pontos muito mais específicos, mas que deixam de lado a ilegalidade e imoralidade daquela relação. Alguns destes pontos são: há um suspense conforme a história se desenrola, se o protagonista e narrador irá realmente consumar o ato com a jovem Delgadina; a impotência (um tabu para o macho latino); o medo do amor (o protagonista diz nunca ter amado em seus 90 anos de vida, e a perspectiva desse fenômeno a tal ponto da existência o assusta) e o findar do viver.
O livro é muito bem escrito, isso é inegável, e pode ser discutido sobre horas. Mas, infelizmente, não fui agarrado dessa vez, e fiquei um pouco decepcionado com isso.