Ize 25/04/2021O que nos constrói?
Eu demorei bastante pra ler esse livro aqui, e sinceramente, não sei até que ponto vou conseguir colocar em palavras os meus sentimentos e impressões sobre ele.
Acabei lendo Quem é Você Alasca, uns 10 anos depois de ter ouvido falar sobre ele. Eu lembro bem que na época do ensino médio eu fiquei com medo de ler esse livro por conta de uma amiga minha que me disse que foi o pior livro que ela já tinha lido na vida, por ter feito com que ela chorasse muito.
Hoje eu entendo perfeitamente o que ela quiz dizer.
Do começo ao fim, em todas as suas passagens e palavras, John Green tenta trazer aqui uma sensação esquisita de melancolia misturada com impulsividade. É como se os personagens fossem feitos de vida e morte, em todos os seus extremos. Muitos estão perdidos procurando seus "Grandes Talvez", e alguns estão se descobrindo e... existindo. Se eu tivesse que falar sobre esse livro, diria que ele realmente tenta captar o que é existir. Todas as facetas do ser humano, humano mesmo, desde nossos erros e acertos; vontades e desejos; fracassos e vitórias; tudo isso faz parte das faces de quem somos.
Há segredos na nossa humanidade. Há coisas que nunca vamos descobrir, porque também temos complexidades. Quem nos vê não nós enxerga de verdade e talvez, em certos momentos, talvez nem mesmo a gente se enxergue como idealizamos. Tem esse problema entre tentar descobrir o que é real e o que é idealizado em nossas relações, e acho que Miles e Alasca traz muito isso.
Alasca Young era alguém que se mostrava um mistério para as pessoas ao seu redor, talvez justamente por ninguém ali tê-la enxergado de verdade. Mas isso, de fato, não acontece com todos nós? Será que conhecemos mesmo as pessoas que amamos? Será que isso é sequer possível? Ou, melhor, porque isso importa tanto?
Acho que esse livro mostra muito das coisas que nós não queremos aceitar. Não queremos aceitar que o coração do outro é algo que não conhecemos. Seja por insegurança, seja por egoísmo ou idealização, tocar no que é Real assusta. E assusta a nossa própria realidade.
O que a vida e a morte representa para a humanidade, não chega perto do que vivemos no presente do momento, desesperados para colecionar boas sensações dele. Carpe diem, colha o dia, viva como se fosse morrer amanhã, aproveite a viagem, a vida é curta, etc etc. São todas frases feitas para fazer com que nós nos lembremos de uma única verdade universal: a morte existe, o tempo passa e a vida não é eterna. Então cabe a você abraça-la com tudo de si.
Rápido e intensamente.
Foi isso que senti lendo essa história. Ela é cheia de sentimentos reais, de pessoas reais, de histórias que conhecemos por alguns minutos, de pessoas lidando com seus próprios enigmas e conflitos internos. Mas o que eu realmente gostei desse livro, foi que a discussão sobre a morte foi feita por um ponto de vista que eu nunca tinha lido antes em nenhuma obra que abordasse o assunto (ironicamente, nem mesmo em livros do mesmo autor).
Eu realmente acho que foi a melhor abordagem que eu já li, se levar em conta o contexto do livro, a época que foi lançada e seu público alvo. Hoje eu até agradeço por ter esperado tanto tempo para ler Quem é você Alasca, porque tenho certeza que eu não seria teria a mesma experiência que tive hoje. E isso já me valeu de muito, se quer saber.
Apesar de eu infelizmente não ter melhores últimas palavras para essa reflexão em forma de resenha.
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