Veneella 12/09/2013Como resenhar seu livro favorito?Como resenhar seu livro favorito? Acho que é melhor começar pedindo que leve em conta que, sendo meu livro favorito, o nível de paixão nessa resenha é de mais de 8000. Miles é um cara magricela que coleciona últimas palavras e que, durante sua história com o furacão Alasca Young, me deixou sem nenhuma.
Miles sai em busca do ‘Grande Talvez’ e o encontra na forma de Alasca, uma garota misteriosa e controversa que vira seu mundo de cabeça para baixo e o apresenta ao labirinto. Miles vai conquistar novos amigos, se apaixonar e vai tentar desvendar a pergunta que serve de título ao livro: No fim, quem é você, Alasca?
Esse é um livro cheio de metáforas, até mais que outros livros do John, me arrisco a dizer. Ao meu ver, o Grande Talvez é o futuro, o final de uma cadeia de acontecimentos gerados por nossos atos, e o labirinto é todo o caminho que nos leva até lá; a vida com seus becos sem saída e suas viradas confusas. É claro que ao ler o livro cada um vai interpretar esses elementos de maneira diferente, e enxergar um sentido diferente em toda história. Talvez essa tenha sido a grande sacada, o fato de dar espaço para que cada um encontre o seu Grande Talvez dentro do seu próprio labirinto –ou não.
Deus sabe quanto tempo essa resenha ficou nos meus rascunhos, sendo escrita e reescrita milhares e milhares de vezes. Eu pensei e repensei cada detalhe do livro, tentando montar um quebra-cabeça que na verdade não tem todas as peças. A escrita te faz refletir sobre amizade, lealdade, amor e sobre o quão bem você realmente conhece uma pessoa.
Miles, apesar de tímido, é um cara simples, um livro aberto. Já Alasca é um código mais complicado que o do Fort Knox, escondida atrás de um cigarro, de brincadeiras e descontração. Uma bomba-relógio. E tanto o leitor quanto Miles devem lidar com isso, o fato de que uma hora a bomba explode e você nunca vai saber exatamente o porquê.
“Então voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu era garoa e ela, um furacão.”
p.91
Não, talvez esse livro não mexa tanto com você como fez comigo. Muito provavelmente nossos labirintos são diferentes, talvez opostos, e nada disso vá ter o mesmo significado. Mas o fato é que John Green tem o dom de criar personagens realistas e fazer você vivenciar exatamente o que eles estão sentindo ao pregar peças nos alunos riquinhos e enrolar o diretor. Ele faz você querer estar lá fazendo tudo isso.
Não vou dizer que é um must read, porque eu sei que não é todo mundo que vai gostar. Além disso, Quem é você, Alasca? é o primeiro livro que, fazendo alusão à outro livro do John, eu sinto como se fosse meu e que fazer propaganda da minha adoração por ele parece traição.
site:
www.papodesereia.com.br