Tarsila 15/11/2013A pergunta por trás de "Quem é você, Alasca?"Fiquei com muita vontade de ler esse livro por causa de resenhas que comentavam o quanto ele era emocionante. Li com muita expectativa, e foi bem diferente do que eu esperava...
Quando Miles Huntes, 16 anos, decide estudar no internato Culver Creek, no Alabama, onde o seu pai estudou outrora, tudo começa a se transformar. Não sabe bem por que tomou essa decisão, porém gosta de pensar que está abandonando sua vidinha sem graça e sem amigos na Flórida para ir em busca do Grande Talvez.
Miles é um leitor de biografias e colecionador de últimas palavras de pessoas célebres, e “Saio em busca de um Grande Talvez” foram as do poeta François Rabelais. Ele acredita que pode procurar esse Talvez sem que seja tão tarde.
No internato, seu colega de quarto é Chip Martin – o Coronel –, um garoto autoritário e inteligente, que lhe põe o apelido de Gordo, ironia por ele ser tão magro. Logo conhece os amigos do Coronel, Takumi, um asiático que mastiga de boca aberta, e Alasca Young, uma linda e impulsiva garota de humor inconstante, que mantém uma biblioteca no próprio quarto. Seu primeiro amor.
“Só queria dormir com ela, no sentido mais inocente da palavra. Mas eu não tinha coragem. Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu era garoa e ela, um furacão.” (Pág. 91)
Miles começa assim uma nova vida na companhia desse grupo, e como consequência vê-se envolvido com bebidas e cigarros, escondendo-se do diretor – o Águia –, antipatizando com os Guerreiros de Dia de Semana – alunos mais ricos que vão para casa nos fins de semana –, apreciando as interessantes aulas de Religião dadas pelo “Velho”, e, claro, participando dos grandes trotes nos quais Coronel e Alasca têm certa reputação.
O livro é dividido no Antes, com contagem regressiva, e no Depois, o que nos deixa ansiosos por saber o que se aproxima. O que marca essa divisão fará Miles se interrogar sobre questões sobre o Labirinto de vida, morte e sofrimento em que estamos presos.
“Ele’ – ou seja, Simón Bolívar – ‘estremeceu diante da revelação de que a corrida arrojada entre seus males e seus sonhos estava chegando ao fim. O resto eram trevas. ‘Droga’, ele suspirou. ‘Como sairei desse labirinto?”Eu sabia reconhecer grandes últimas palavras quando as ouvia, então tomei nota mentalmente de que precisava encontrar uma biografia desse Simón Bolívar. Belas últimas palavras, mas eu não tinha entendido. “O que é o labirinto?”, perguntei. (Pág. 19)
Narrada por Miles, a história conta com elementos que farão rir, refletir, surpreender. Mostra a inquietação dos adolescentes e sua busca por fuga. Fala sobre amizade, companheirismo, traumas, perdas, experiências, inícios. É um livro divertido, com bons personagens, porém não me causou o impacto que eu esperava, talvez por ter esperado tanto.
As falas vêm entre aspas, sem parágrafo antes, o que é um pouco estranho a princípio, entretanto nada com o que não se possa acostumar. Quanto à capa, considero-a bem chamativa, com essa garota corada de grandes olhos verdes e sobrancelhas mal-feitas.
Fiquei com vontade de ler mais obras do autor, tendo me deparado com a grande questão por trás de “Quem é você, Alasca?” Recentemente John Green lançou “The Fault in our Stars”, e já li boas críticas do livro.