lahmot 03/06/2024
O que dizer de um livro que não prometeu nada e não entregou nada também?
A experiência foi bastante diferente da que eu tive lendo "O Castelo no Ar". Enquanto aquele livro me incomodava inúmeras vezes por conta do romance tão desenvolvido quanto uma folha de sulfite em branco, da trama água com açúcar e das decisões duvidosas da autora, neste aqui eu tive a incrível oportunidade de me entediar até a morte.
Praticamente não há plot, ou melhor, é apenas a partir de 70% do livro que temos a sombra de um plot, mas até chegar neste ponto eu já estava tão desinteressada que eu nem me interessei tanto. E ele vai se desdobrando de maneira tão devagar que chega a ser insuportável, sim eu quero entender esse negócio da falta de dinheiro do reino, mas antes vamos observar essa personagem imprestável reclamar de ter que limpar a casa e sair emburrada batendo o pé com um livro na mão. Obras em que a trama é movida pelo personagem são possíveis e muito legais quando feitas corretamente, mas para isso precisamos ao menos de um personagem cativante, coisa que aqui não temos.
A protagonista, Charmain, é insuportável. No começo, eu tentei passar um pano para ela, mas chegou uma hora que não deu mais, ela chega a ter uma pitada de desenvolvimento lá para o final, mas assim como a falta de plot, eu já havia desencantado com a personagem, então não me comprou. O Peter não é tão ruim, ele é ok, mas ver ele se bicando com a Charmain não me entreteu, Diana Wynne Jones tentou fazer um Sophie e Howl 2.0 e falhou miseravelmente.
Novamente ocorreu uma aparição especial dos personagens do primeiro livro, e essa sem dúvidas foi a parte mais legalzinha, confesso que o Howl criança fofinha roubou a cena, bem que eu queria que o livro fosse no ponto de vista deles, seria infinitamente melhor.
Como é que você tem um cenário de tanto potencial como uma casa mágica em que há portas que levam a cômodos escondidos, e o desperdiça 80% do tempo tendo os personagens vivendo na imundície para aprender a fazer coisas básicas tipo lavar a louça?!
Outra questão que eu gostaria de levantar é a seguinte, por que uma mulher, criadora de um reino fantástico autoral onde temos feitiços; criaturas mágicas; castelos animados; demônios do fogo; casas encantadas; entre outros, faria um sistema de monarquia tão retógrado e patriarcal? O fato dessa ser uma obra infanto-juvenil é irrelevante, por que diabos fazer um reino em que a coroa é herdada apenas por homens?
Com exceção da Charmain, a autora fez tanta questão que as mulheres nesse universo se casassem e tivessem filhos que nem a cachorra saiu ilesa, senhor.
Eu não sei tão bem como me sentir sobre esse universo agora, após ler dois livros tão insossos eu penso que O Castelo Animado foi um ponto fora da curva, porque é o único da trilogia que chega a ser bom. Há sim potencial, mas a autora escolheu seguir personagens irrelevantes e sem carisma, e tramas rasas. Se alguém estiver se perguntando sobre dar uma chance aos dois últimos livros, ou se deve comprar o box, a minha recomendação pessoal é parar no primeiro, mesmo.