Dia D

Dia D Antony Beevor




Resenhas - Dia D


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Sidney.Puterman 08/04/2017

100 dias que mudaram 100 anos
Eu poderia ter mil razões para ler este livro sobre o desembarque aliado nas praias da Normandia, no fim do outono de 1944. Mas uma basta: tirei férias e fui para lá. Minha escolha por Beevor não foi no escuro. Já li, do autor, os excepcionais "Stalingrado" e "1945". Beevor é um escafandrista nos temas que elege. A cada um dos seus livros, mergulha em um momento histórico capital e vai de toca em toca, revolvendo as pequenas minúcias do seu campo de estudo. Neste, ele inicia a dois dias da invasão aliada à França. Abre com a discussão da previsão do tempo e as dúvidas dos generais. Passeia entre os soldados, americanos e ingleses, aquartelados no Canal da Mancha, se preparando para o ataque e para não voltar. Mostra a Resistência francesa à ocupação alemã e mostra a resistência dos ingleses ao francês De Gaulle. Disserta sobre como os alemães já se preparavam para uma ofensiva inimiga que eles sabiam iminente. Revela que a Hora Zero do desembarque começou, na verdade, algumas horas antes, com o lançamento de planadores e paraquedistas por trás da linha de defesa, e como eles iniciaram a tomada de posições, ainda que sob um número enorme de baixas, debaixo da saraivada de tiros dos alemães apavorados com a infestação aliada no meio da noite. Acima de tudo, Beevor mostra como os planos de ambos os lados estavam repletos de falhas. Do fracasso dos superestimados tanques anfíbios britânicos Sherman Duplex Drive (os DDs eram chamados de Donald pelos soldados), que, da primeira leva de 32 lançados ao mar, viu somente 2 chegarem à praia, à ineficaz cobertura dos 329 bombardeiros americanos, cujos tiros caíam nágua, matando os aliados, ou passavam por cima dos alemães, matando as vacas. O capitão Scott-Bowden, se referindo aos alemães, ironizou a ação de suporte: "O bombardeio só serviu para acordar os nazistas". Acordados ou não, a reação inicial do inimigo foi tímida e desencontrada. A principal razão não foi onde os Aliados atacaram, e sim onde fingiram atacar. As muitas ações diversionárias, incluindo uma esquadrilha de bonecos paraquedistas, fez com que as divisões alemãs se dirigissem aos locais errados, o que gerou uma fatal perda de tempo. O führer também não ajudou em nada: tendo conversado sobre cinema com Eva Braun e Goebbels até as 2h da manhã, acordou tarde e ainda comemorou o desembarque na Normandia, dizendo que sempre soube que ele se daria ali. Garganteava que os Aliados seriam esmagados na praia, com um resultado semelhante ao do fracassado desembarque em Dieppe, dois anos antes. Confortavelmente instalado no Berghof, Hitler descria do poder aéreo aliado. A menos de 3 km do mais sangrento ponto de desembarque inimigo, a praia Omaha, porém, os soldados alemães repetiam a todo o tempo “Wo ist die Lutwaffe?”. O domínio dos céus era tal, que o cinturão formado pelos aliados não permitia a penetração de uma única aeronave alemã (logo começou a circular uma piada na linha de frente nazista, dizendo que "se os aviões que a gente vê forem prateados, são americanos; se forem cáquis, são britânicos; se a gente não vê nenhum avião, são alemães"). Mas nem de longe se pode pensar que a supremacia aérea inicial assegurou um avanço fácil - ele nunca foi. A ocupação foi paga com sangue americano, cujos soldados, desovados nas primeiras barcaças do desembarque, foram presa fácil dos bunkers litorâneos. Uma vez tomadas as praias, graças ao excesso de infantaria, os objetivos primários demoraram a ser atingidos. Ainda que estivessem libertando os franceses, nem sempre este sentimento era compartilhado com os locais ("encontramos civis que estavam atirando em nós com fuzis alemães", disse um dos rangers em Pointe du Hoc, "e então nós os matamos"). Já os alemães demonstravam enorme capacidade para resistir ao avanço aliado, ainda - ou por causa - que mal informados, como revelou um enganado prisioneiro alemão: "Não resta muito de Nova York, depois de bombardeada pela Luftwaffe." Exemplo da estratégia de propaganda de Goebbels, que se pode resumir como mentir compulsivamente e repetir a mentira incansavelmente. Aqui mesmo, no Brasil do século XXI, vê-se que o mecanismo funciona. Em Nova York não houve baixas, mas o total de mortes aliadas no Dia D permanece nebuloso. O próprio quartel-general do 21o Grupo de Exércitos previra 9.250 baixas entre os 70.000 soldados desembarcados no primeiro dia - incluindo 3.000 por afogamento -, mas não há como precisar o número de baixas de um único dia. Sabe-se que, nas duas primeiras semanas, as baixas do I Exército americano foram de 24.162 homens, as do britânico foram 13.572 homens e as canadenses 2.815 homens. Beevor menciona que a Companhia X, formada por refugiados judeus alemães, fez parte do desembarque, mas, por precaução, levavam nomes ingleses e a religião anglicana nas suas plaquetas de identificação. Havia companhias americanas formadas exclusivamente por negros, que foram utilizadas principalmente para abrir covas. Apesar do inusitado de algumas circunstâncias - a polícia do Exército atacou um bordel criado por três mulheres na praia, na própria noite do dia D, dentro de uma barcaça naufragada -, a retomada da França foi uma guerra lenta e desleal. Segundo o relato de um oficial da 4a Divisão de Infantaria em combate contra o 6o Regimento Paraquedista, os alemães inventaram a estratégia da falsa rendição, que, quando os americanos se aproximavam para capturá-los, os rendidos se jogavam ao chão e um metralhador escondido abria fogo. Não foi um relato isolado. O avanço aliado significava, via de regra, morte e destruição (o próprio Montgomery, escrevendo a De Guingand, fez troça, dizendo que "Montebourg e Valognes foram libertadas no melhor estilo do 21o Grupo de Exércitos, isto é, ambas estão completamente destruídas"). Muitas vezes, a rendição, real, era negociada. Em Les Ingoufs, 5 oficiais alemães se apresentaram ao coronel MacMahon, do 315o Batalhão de Infantaria, solicitando que os canhões americanos disparassem bombas de fósforo contra as fortificações alemãs, para que a guarnição pudesse alegar que "tinha cumprido sua obrigação com o Führer antes de se render". Como não havia bombas de fósforo, os alemães aceitaram ser atacados por meras 5 granadas de fósforo, que, como aos americanos só restavam 4, foram aceitas para a rendição, que incluiu, de brinde, o hospital de campanha. Enquanto isso, o Comando central alemão se mantinha convicto de que o ataque com as temidas bombas V-1 a Londres faria com que o governo britânico optasse por desistir da guerra. O problema é que as bombas V-1, as doodlebugs, eram instáveis. Muitas caíam no Canal da Mancha. Se quatro caíram em Londres - contando uma que caiu na Capela dos Guardas, ao lado do Palácio de Buckingham, durante o culto de domingo, matando 127 pessoas -, os caças ingleses derrubaram outras 632. Além da interceptação, havia o erro de pontaria. O cálculo alemão era tão equivocado, que o serviço secreto britânico mandava mensagens, para serem propositalmente decodificadas, alegando "pânico e desespero" da população com as bombas e uma presumida tendência ao armistício por parte de Churchill. Nada. Era mentira, só para os alemães persistirem na mira - errada - das bombas. No front, contudo, o desequilíbrio de forças era compensado pela qualidade do soldado alemão, como escreveu o general Barton: "Os alemães só se mantêm lá pela coragem dos seus soldados. Temos uma vantagem numérica de dez para um na infantaria, cinquenta para um na artilharia e uma vantagem infinita no ar." Mas a capacidade alemã foi desdenhada pelo general Patton, ao enfim entrar na guerra: "Vamos arrancar as tripas daqueles krauts e transformar Berlim num inferno. E quando chegarmos a Berlim, vou matar pessoalmente aquele aplicador de papel de parede filho da puta, como mataria uma cobra." Vale dizer que, embora muito repetido pela imprensa norte-americana, não há provas de que Hitler tenha sido aplicador de papel de parede. Vez por outra havia gestos nobres, como quando os americanos combinaram uma trégua com a 2a Panzer-Division para lhes entregar, intactas, um grupo de enfermeiras alemãs capturadas em Cherbourg, como atestou o tenente-coronel Freiherr von Lüttwitz. Aos poucos, porém, o sentimento de derrota foi tomando o exército alemão. Em casa, Hitler era alvo de mais uma tentativa de assassinato (a do coronel Claus von Stauffenberg, que rendeu o ótimo filme alemão "A noite das Valquírias", depois carnavalizado por uma produção de Tom Cruise) e o Reich alemão desmoronava. Os comandantes alemães viam que a guerra em duas frentes não se sustentaria por muito tempo e que, pior, o logro aliado de simular divisões inteiras que não existiam, espalhando ainda mais o já desidratado contingente alemão, havia sido decisivo para acelerar a derrota. Os alemães morriam como moscas. As divisões agora eram formadas por soldados inexperientes, pois, como disse o tenente Schneider, "soldado velho é o que está no setor desde domingo." O texto meticuloso de Beevor nos permite a visão de um desembarque seguido por um alto número de batalhas, guerrilhas e escaramuças. Apesar da gigantesca desproporção, não foi fácil desalojar um inimigo já enraizado e com um nível militar, profissional e ideológico em um grau muito mais agudo. As baixas aliadas se deram em um volume maior do que o tolerado e as hesitações de Montgomery, comandante supremo e ídolo militar britânico, fizeram com que Churchill e Eisenhower cogitassem seriamente sua destituição. Do outro lado, estratégias desconexas entre Hitler, o Estado Maior alemão, comandantes in loco, possibilidades de reposição e linhas de suprimento levaram os alemães à ruína e os aliados a Paris. Porém, se encaminhado, nada estava resolvido. Mesmo diante da queda iminente, o exército do Reich ainda foi capaz de ofensivas ardilosas como a de Mortain, causando perdas e, por outro lado, proporcionando a narrativa heroica do "batalhão perdido" americano, que resistiu mesmo cercado pelos alemães. Paulatinamente, entretanto, o desenrolar da guerra foi se tornando a cada bombardeio mais perverso para os alemães - estratégia que, vez por outra, se tornava um frustrante fogo amigo. Os aliados por diversas e importantes vezes bombardearam suas próprias linhas e mataram milhares dos seus próprios soldados, soltando bombas no lugar errado - chegaram a exterminar uma divisão polonesa inteira (aliada, é bom que se diga). Em meio às peripécias da guerra, dois lendários correspondentes - Ernest Hemingway (autor de "O velho e o mar") e Robert Capa (autor de "Ligeiramente fora de foco", sobre esta guerra, livro que comento em breve) - brincavam de soldados, em meio a tiros reais (inspirado, Hemingway chegou a querer interrogar um chucrute aprisionado grelhando-lhe os pés com uma vela). À medida em que as forças aliadas fechavam o cerco em torno dos alemães, a Resistência francesa se tornava mais importante, como unidade de guerrilha, incomodando os movimentos de defesa e de contra-ataque do exército nazista. Patton, mordaz, disse que a ajuda das FFI, Forces Françaises de l’Intérieur, foi "melhor do que o esperado, menor do que o anunciado". Este é um capítulo à parte, que, quanto mais os alemães eram empurrados para fora da França, mais as dissensões e rivalidades da política francesa buscavam espaço, já em busca de governar a pátria livre. Muito mais que a prosaica presença dos naftalinas - oficiais franceses que serviram ao regime Vichy e que, com a presença aliada, tiraram os velhos uniformes franceses do armário -, havia o contencioso entre as FFI e os comunistas das FTP, Franc-Tireurs et Partisans. Cada um destes grupos propunha um pós-guerra diferente. Outra parcela local bastante estigmatizada com a expulsão dos alemães foi o das moças francesas que se prestaram à collaboration horizontale - que tiveram suas cabeças raspadas. Ao todo, estima-se que foram mais de 20.000 mulheres a sofrer o castigo. A enormidade deste e de outros números dimensionam a guerra. Uma única divisão americana, cujos homens eram alimentados com 35 toneladas diárias de ração, precisava de 560.000 litros de combustível para percorrer exíguos 100 metros de terreno acidentado. Imagine o rush: enquanto os americanos avançavam e os alemães fugiam, as pequenas estradas do interior assistiam a engarrafamentos gigantescos de tanques, jipes, meias-lagartas, obuseiros, somando mais de 13.000 veículos em procissão, sem contar o pesado tráfego aéreo. O volume aliado no ar era tal que um jovem soldado SS gritou: "Que honra! Churchill está mandando um bombardeiro para cada um de nós!" Os alemães zombavam ainda dos poloneses, chamados de "turistas de Sikorski", por terem lutado na invasão alemã de 1939, terem fugido pela Europa, terem ido para a Inglaterra e em seguida terem voltado para lutar na França - encerrando o périplo transeuropeu levando bomba dos ingleses na cabeça. Dura sina. Enquanto isso, os aliados discutiam sobre uma invasão paralela na Bretanha, com forte repulsa britânica à ideia, que tentava convencer os americanos a não fazê-lo. Segundo um ajudante de ordens de Eisenhower, na reunião deste com Churchill, "Ike disse não, continuou dizendo não a tarde inteira e terminou dizendo não de todas as maneiras conhecidas na língua inglesa." Se houve um protagonista crucificado por Beevor, este um é Montgomery, metodicamente espinafrado. O autor pesou a mão toda vez que Monty é citado - a crer em Beevor, o general estrelado dos ingleses errou 10 em cada 10 decisões que tomou. Confesso que não faço ideia. É certo, contudo, que, na guerra das guerras, mais importante do que a mira foi o combustível, que deixou na estrada os tanques alemães e, depois, se tornou alvo predileto de roubos sucessivos por partes dos franceses, cujas facções já brigavam entre si. A gasolina era realmente decisiva - segundo o general Eberbach, "a perda de tanques devido à falta de gasolina foi maior do que a causada por todos os tipos de inimigos juntos". E olhe que eles eram muitos. A reunião quase interplanetária dos exércitos americano, inglês, canadense, francês, polonês, escocês, holandês e outros que tais, reunidos sob o comando anglo-americano, avançou sobre Paris e a recuperou (ressalte-se que importantes acordos foram feitos, de ambos os lados, no intuito de poupar a cidade-luz de bombardeios que já não alterariam o curso da guerra). Ao passo em que os boches iam sendo desentocados e expulsos, mais e mais franceses apareciam para dividir a vitória - e assim, às portas da Lutetia romana, marcharem de peito inflado como quem expulsara os alemães a golpes de baguette e disparos de croissants. Paris era novamente dos franceses e a França ocupada não existia mais.

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Thiago548 10/04/2015

Excelente!
Depois de alguns contratempos finalmente conclui a leitura. Livro que esmiuça os fatos da batalha da Normandia, Beevor faz com que você se sinta nos locais descritos do livro, com uma leitura fluída, compreensiva e sem ser chata (ao menos na minha opinião). Altamente recomendado para quem gosta do assunto. Agora irei atrás dos outros dois do mesmo autor: Stalingrado: o cerco fatal e Berlim: 1945 a queda.
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Lorena 01/05/2013

Muito bom!
Nem acabei de ler, e já estou adorando. O livro traz detalhes muito interessantes e não é só tripas e sangue. Apesar de ser um livro histórico, meio técnico, prende o leitor de um jeito impressionante!
Vai se tornar um dos meus livros prediletos, tenho certeza.
Thiago548 27/10/2014minha estante
Comprei e comecei a ler a poucos dias e estou no 3º capitulo e estou gostando muito, realmente te prende, e te dá a sensação de que você está nos locais descritos, Beevor é um excelente escritor, vou adquirir os outros dois de autoria dele sobre a 2ª guerra que são muito elogiados: Stalingrado o cerco fatal e Berlim 1945.




Michel 22/07/2019

RELATO IMPECÁVEL E DEFINITIVO
Fazendo uso de uma pitada de exagero, é preciso certo cuidado com atrofias na hora de ler esta pesada obra. O volume de conhecimento aqui reunido é gigantesco, e isso pode ser constatado no peso físico do livro (tratam-se de indispensáveis 715 páginas). Segurá-lo aberto por horas de leitura pode se tornar uma desconfortável experiência.

Mas a imersão narrativa, mesclada a uma expansão de detalhes compensam qualquer desafio na hora de encarar a robustez física; DIA D talvez possa ser considerado o trabalho definitivo sobre o maior desembarque de tropas da história militar. E esta opinião não é minha, vem de alguns historiadores e especialistas da Segunda Guerra Mundial.

Temos aqui um trabalho minucioso cuja narrativa se inicia no desembarque dos aliados no litoral da Normandia, em 06 de Junho de 1944, rumo à libertação da França que estava sob o jugo do terceiro Reich. E diferente dos demais trabalhos sobre esse importante período da grande guerra, DIA D é amplamente enriquecido por detalhes dos combates que muitas vezes escapam dos historiadores; um olhar quase em primeira pessoa.

O nível de imparcialidade do autor impressiona. Antony Beevor tece a narrativa na precisa fidelidade de sua pesquisa, e o que carece de levantamentos hipotéticos, ele os sugere em concordância com documentos oriundos de diferentes fontes. O intento jornalístico e a vontade de contar exatamente o que houve é formidável, o autor não puxa sardinha para nenhum lado, apenas analisa suas fontes e entrega um dos textos mais verossímeis que já li sobre a Segunda Guerra Mundial.

Embora a obra se preocupe em relevar alguns termos técnicos, nomes e datas, o brilho fica por conta do aspecto humano de todos os envolvidos: o inabalável empenho das tropas aliadas; o medo generalizado de não saber o que está à espera no país ocupado; a luta desesperada dos alemães em notória minoria; a tragédia da destruição que sempre desaba sobre os civis que lá se encontravam.

Sim, DIA D deve ser considerado um livro indispensável para quem se interessa pelo tema. Contudo, cabem aqui algumas observações:

É preciso certo conhecimento, mesmo que não muito aprofundado, sobre a Segunda Guerra, pois o autor se concentra nos bastidores dos acontecimentos, sem fazer nenhuma apresentação. Os grandes generais, as divisões de destaques, os termos técnicos recheiam a obra por todo o instante sem fazer nenhuma referência (há apenas um glossário de siglas e fontes no final da obra), o que é perfeitamente compreensivo, haja vista que o livro narra um pequeno período da grande guerra que se passa já em tempos finais. Leitores introdutórios devem começar por obras mais genéricas antes de entrar em narrativas específicas.

Outro aspecto singular do livro foi a maneira com que Antony Beevor procura esmiuçar e compreender a mente dos generais de ambos os lados. Minha leitura deste DIA D tornou-me ainda mais admirador do marechal de campo alemão Erwin Rommel. Outras obras e documentários que pude acompanhar sempre o descreveram como um exímio estrategista e líder articulado. Neste volume tais conceitos são ainda mais acentuados, mostrando que, de fato, Rommel era um homem de elevada inteligência militar e principalmente sobriedade ímpar ao deixar de lado o orgulho e aprender com os próprios erros (condição raramente relatada pelos especialistas que pesquisaram o corpo de liderança do Terceiro Reich).

Possivelmente as coisas poderiam ter sido menos trágicas para os alemães, caso o vaidoso Hitler tivesse dado ouvidos ao discernimento dos bons generais que tinha no comando de seu exército.

Não sei se em todas as edições estão iguais (a minha é da editora Record, lançada no ano de 2010), mas esta ainda vem com um bônus maravilhoso: muitas fotos do conflitos, imagens de personagens importantes e diversos mapas que nos ajudam a entender a problemática geográfica.

DIA D é um trabalho estupendo cuja imparcialidade e imersão narrativa nos ajuda a compreender que, embora tenha sido uma operação fundamental, o dia D foi um conflito arduamente vivido por ambos os lados, onde erros e acertos são descritos com a honestidade de um autor que soube mostrar aquilo que são os embates militares de nossa história.

site: Outras resenhas: http://dimensaoreluzente.blogspot.com/
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