O mal de Montano

O mal de Montano Enrique Vila-Matas




Resenhas - O Mal de Montano


5 encontrados | exibindo 1 a 5


Daniel 30/09/2012

Citações, outro mal
A idéia central de "O Mal de Montano", da literatura como uma espécie de doença é bem interessante. Mas o excesso de citações e referências literárias, por mais instruído que seja o leitor, acaba sendo cansativo e um tanto presunçoso.


A desconstrução contínua da narrativa não conseguiu prender minha atenção. Também não me propôs reflexões mais profundas sobre a vida (citando o Morrissey, já que é pra citar alguém "...it says nothing to me about my life"...) ou sobre a própria literatura (talvez o faça em quem tem ambições literárias maiores que as minhas, de simples leitor).


E ainda, não menos importante, não me divertiu, pelo contrário...
Pra mim o maior pecado de um livro é ser chato. Este "Mal de Montano" peca com força.
comentários(0)comente



Arsenio Meira 09/09/2013

PELEJA



Antes, a ressalva de que exponho apenas a minha opinião. Só isso.

Pelejei pra chegar ao fim. Decepção com o Vila-Matas, pois seu livro de contos, "Suicídios Exemplares", é magnifico, e me surpreendeu positivamente, conforme resenha que fiz.

Em "O Mal de Montano", um salseiro sem nexo; modorrento, permeado por tentativas fracassadas de se socorrer na metalinguagem.

Certa feita, alguém escreveu (não lembro quem), que grandes escritores fluem como os rios. Não é o caso deste livro. Não há fluência, e a sensação de vácuo é enervante, posto que tudo soa superficial...

Aqui, foi uma peleja pra terminar a leitura.
Daniel 03/10/2013minha estante
E põe peleja nisso!


Arsenio Meira 03/10/2013minha estante
Você já tinha me alertado! Falta de aviso não foi, rsrsr
(Mas a teimosia venceu e eu me lasquei. O livro é chato, pretensioso. Um vácuo de dar dó. Serve como sonífero...)


Borges.Garuva 29/01/2017minha estante
Interessante: eu não conseguia parar de ler!




VG 28/02/2016

Um bom mal
Em primeiro lugar, de cara podemos perceber que esse livro parece uma espécie de elogio à literatura, perpassado constantemente por citações e referencias mais ou menos explícitas a diferentes escritores, como Kakfa, Borges, Gide. Porém, é um livro que demanda um tempo de digestão e leitura talvez incômodos para o leitor – acostumados que estamos a ler vorazmente.

Acredito que essa necessidade de desaleração se dê pela recusa de soluções fáceis ou comuns, próprias ao “fast reading”. Ele trata de temas clássicos na literatura, como o fim da literatura, a dificuldade da escrita, de produzir. No entanto, cada passo que o autor dá em direção à construção de um estilo de escrita é suplantado pela sua subsequente desconstrução. Isso torna a leitura um pouco desgastante, às vezes, mas sempre instigante para o leitor, sempre desconcertante – como toda boa literatura. Esse livro, além de questionar a literatura, questiona também a existência dos seus personagens, do narrador e do próprio livro que está sendo lido.

Além disso, acredito que qualquer aficionado por literatura é capaz de se solidarizar com o narrador, sofredor do Mal de Montano. Afinal, ele não está sozinho nessa aflição: também nós já nos deparamos com a angústia da necessidade de ler ou escrever, ou com a invasão de nossos pensamentos por citações de escritores que nos são queridos.

Embora tenha tido que ler aos poucos, eu gostei do livro e recomendo a sua leitura, especialmente àqueles interessados nas questões teóricas que rondam o tema literatura.


OBS: Um adendo. Hoje, procurando pel internet agumas das citações que aparecem ao longo do livro, constatei que elas são, provavelmente falsas. Isto é, o narrador (nada confiável) do livro engana os leitores ao atribuir certas falas a escritores consagrados, como Nabokov e Lobo Antunes. Mais do que mero truque, o recusro utilziado por VIla-Matas parece dialogar com a epígrafe em forma de pergunta que abre o livro: "Como faremos para desaparecer?". Como pode o autor desaparecer se a ele recorremos a todo momento?
comentários(0)comente



Borges.Garuva 29/01/2017

Não resenha, apenas impressões de leitura.
Fazia tempo que um livro não me desafiava e não me fascinava tanto quanto este romance de Vila-Matas.
Trata-se de um jogo sofisticado (me lembrou muitas vezes o xadrez), que requer toda a nossa experiência de leitura e um gosto pela arte literária, pela invenção do texto ficcional, pela apreciação do romance não como narrativa de acontecimentos, mas como invenção de mundos por meio de palavras.
O texto é um labirinto cujas galerias se comunicam entre si, mas as passagens que as ligam são etéreas e se desfazem com frequência, de modo que o leitor fica perdido no meio de vozes (Pessoa? Borges? Kafka? Calvino? Proust? Saramago? Shakespeare? Hugo? Dumas? Pavese...?). Ouvimos ecos de leituras antigas, que a tradução competente de Celso Mauro Paciornik conseguiu manter do texto original.
Outro aspecto que me fascina no livro é exatamente o desafio que ele parece tentar vencer no sentido de criar literatura em meio à barafunda geral que é o mundo contemporâneo, resultado das infinitas tradições que herdamos do passado e que se fundem no nosso tempo, de modo que o escritor parece, como lembrou Kafka, estar sempre escavando "no fosso de Babel", sem muita esperança de encontrar algo de novo com que acenar para os seus leitores: parece que tudo já foi inventado e dito.
Achei fascinantes as copiosas citações e referências (sabendo que algumas delas são ficcionais). Fiz uma enormidade de anotações às margens e, nos intervalos da leitura e agora, passei a investigar partes do labirinto que para mim soaram inteiramente desconhecidas.
Apesar de momentos de confronto e de tensão, eu diria, entre escritor e leitor, a leitura de "O mal Montano" foi, para mim, quase uma vivência de literatura, não tanto quanto à forma literária, mas quanto às transformações da relação que se estabelece entre o criador e o leitor, por meio dessa realidade inteiramente inventada que é a narrativa ficcional ou o romance.
Creio que é um livro para leitores exigentes e com um repertório considerável de leitura. Por isso, aproveitando um conselho de Jorge Luiz Borges, se a primeira leitura assustar, é bom largar e voltar ao livro uns anos mais tarde.

site: borgesdegaruva.blogspot.com
comentários(0)comente



5 encontrados | exibindo 1 a 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR