rosangela 20/11/2009
MANUSCRITOS DE FELIPA
Freitas, A.L.P. Manuscritos de Felipa, 3ed. São Paulo. Siciliano, 1999
Com o sucesso na carreira literária, Adélia Prado abandona o magistério após vinte e quatro anos de trabalho para se dedicar à alquimia do cotidiano com a sensibilidade de suas riquezas interiores, pelo ponto cego.
Formou-se em Filosofia. Recebeu o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro com o lançamento : O Coração disparado. Suas obras foram levadas ao teatro com grande sucesso, outras foram traduzidas para a Língua Inglesa e Espanhola. Publicou dezenas de livros, tanto poesias como prosa: Oráculos de maio, A faca no peito, Solte os cachorros, Cacos para um vitral e outros.
Com um discurso indireto livre o narrador-personagem utiliza um tempo anacrônico, temas dicotômicos e um ambiente psicológico que dá ênfase às observações e às circunstâncias dessa “vidinha besta”. As personagens secundárias aparecem e somem em prolepse que deixam o leitor em grandes expectativas.
A dicotomia do sagrado e do profano está presente nos quarenta capítulos interligados a uma sexualidade reprimida com o excesso de religiosidade, gerando uma poética Adeliana de prazer e pecado; de culpa e medo da morte.
Na visão Freudiana é como se o superego, incessantemente, lutasse com o id da personagem Felipa que se condenava e se absolvia num jogo de energias da sexualidade, aparentemente, desconexa, mas que com sua fé católica aliada ao ego-lírico, retratam o dia-a-dia com a beleza e a disciplina com que tudo e todos fomos criados por Deus.É uma leitura velada que dá acesso a uma viagem simples, anacrônica, despretensiosa e ao mesmo tempo, um “ grudar ” em uma rede psicológica com inúmeros sonhos Freudianos e uma realidade eternamente questionável.
Sem qualquer tempo-espaço, sem qualquer obstáculo, sem qualquer direção, apenas o delivrar de pensamentos, sonhos e recordações de Felipa: uma mulher de meia idade, fóbica, religiosa, pecadora, crítica, usuária de ansiolíticos; capaz de conciliar ao mesmo tempo enceradeira com microondas, deitada em um divã, como se estivesse em uma sessão interminável Freudiana de Associação Livre