Lorran 06/09/2013O Efeito FacebookA Trilogia Facebook
Farei uma confissão a vocês! Sabe aqueles amigos chatos que ficavam tentando te tirar do Orkut, querendo que você se cadastrasse num tal de Facebook onde você não conhecia ninguém e tudo era em inglês? Pois é, eu sou um deles. Sempre fui early adopter quando se trata de novas tecnologias na web, e com o Facebook não foi diferente.
Facebook... há pelo menos três meses esse viciante site azulzinho não me sai da cabeça. Apesar de parecer alguém que não faz nada além de ler (até parece), eu sou um estudioso das mídias e redes sociais. E, para mim, é sempre um prazer poder misturar as duas paixões. A trilogia a que me refiro no título desse post não é uma trilogia de verdade, mas são obras complementares - apesar de se tratarem de dois livros e um filme. Trata-se do livro Bilionários por Acaso (Ben Mezrich); A Rede Social (The Social Network), filme inspirado no livro Bilionários por Acaso; e O Efeito Facebook (David Kirkpatrick). Ambos os livros lançados no Brasil pela Intrínseca.
Vamos por ordem cronológica. Em outubro do ano passado, foi lançado aqui no Brasil o livro Bilionários por Acaso. Digo que vejo essas obras como complementares justamente pelo sentimento de incabado que senti ao terminar Bilionários. O livro é muito bom, faz um curioso retrato da criação do site, mas deixa um vazio por não ter uma palavra sequer dita por aquele que é o seu grande criador: Mark Zuckerberg. Por ser baseado em relatos daqueles que supostamente foram prejudicados por Zuckerberg (o brasileiro Eduardo Saverin e os gêmeos Winklevoss), o livro cria uma imagem confusa do jovem CEO do Facebook.
"O problema da internet é que ela não é escrita a lápis - é sempre à caneta." Bilionários por Acaso
Vale ressaltar que mesmo não ouvindo a contraparte - Mark Zuckerberg optou por não conceder entrevistas - Ben Mezrich busca sempre entender as atitudes tomadas por Mark a respeito daquilo que lhe foi dito. É uma história contada por um lado, mas sem pender demais àquelas opiniões. Enfim, é um excelente ponto de partida para quem quer conhecer melhor a história da empresa.
Bilionários por Acaso foi o livro que inspirou o filme A Rede Social, o grande vencedor do Globo de Ouro e grande candidato ao Oscar. Mas se o filme foi inspirado no livro, porque colocá-lo como uma terceira obra? Simplesmente pelo belo trabalho do diretor David Fincher e das atuações de Jesse Eisenberg e Andrew Garfield. Garfield rouba a cena ao criar um Eduardo Saverin muito mais vibrante do que o retratado no livro. O filme dá certa alma ao livro. Parecem obras distintas, e vale muito a pena assistir.
Após a leitura de Bilionários por Acaso, entrei num processo de busca de informações sobre o Facebook quase sobrenatural. Li entrevistas e mais entrevistas com Mark Zuckerberg, artigos, posts, e tudo o mais que aparecesse. Até que encontrei a notícia de que a Intrínseca iria lançar nesse 1º de fevereiro de 2011 O Efeito Facebook. Santa Intrínseca. Minhas preces foram atendidas. (risos)
Bilionários por Acaso é muito bom, mas O Efeito Facebook é fantástico. Com uma narrativa excelente, o livro já começa demonstrando o tamanho do poder de rede do Facebook. (vide Un millón de voces contra las FARC)
"O Facebook... muda a forma como as pessoas se comunicam e interagem, como os comerciantes vendem seus produtos, como os governos chegam aos cidadãos e até como as empresas operam." O Efeito Facebook
O Efeito Facebook é quase um livro técnico sobre o funcionamento do site. Além de servir como "o outro lado da história", o livro esmiuça as principais mudanças e acontecimentos que tornaram o Facebook no que é hoje. Detalha a estratégia publicitária, a construção do design, o feed de notícias.
Para nós brasileiros, tão acostumados com o Orkut, é estranho imaginar que quase todas as inovações hoje vistas na maioria das redes sociais foram criadas pelo Facebook. Compartilhamento e marcação de fotos, jogos sociais, aplicativos exernos. Sinto muito ser o portador de tais notícias, mas o Orkut... deixa pra lá.
David Kirkpatrick é um jornalista que há anos acompanha o desenvolvimento do Facebook, e obteve autorização e colaboração de Mark Zuckerberg para escrever O Efeito Facebook. É rico perceber que um dos principais personagens na criação do Facebook, Sean Parker (criador do Napster) não foi tão destrutivo assim à empresa.
Mas o mais fantástico de tudo é perceber onde quer - e onde pode - chegar essa empresa criada num dormitório de Harvard. Mark Zuckerberg é excêntrico? Muito. Inábil em diversas ocasiões? Certamente. Mas é um visionário. Uma das questões que não me saiam da cabeça após ler Bilionários era que uma boa ideia não é nada se você não é a pessoa certa ou não tem as ferramentas para executá-la. Por mais que se possa dizer de um possível plágio na criação do Facebook, ele não se sustentaria até hoje por mera coincidência. Mark Zuckerberg é um gênio, que sabe muito bem o que quer e onde pode chegar com a sua empresa. E os objetivos deixariam Pinky e Cérebro de queixo caído.
Quanto ao Brasil, Zuckerberg disse numa entrevista à Revista Exame que "as pessoas podem estar em outra rede porque os amigos estão lá, mas com o tempo isso vai mudar."
Alguns números sobre o Facebook:
- Mais de 500 milhões de usuário ativos;
- 30 bilhões de itens (links, notícias, fotos, vídeos, etc.) são compartilhados no site todo mês;
- Traduzido para mais de 70 línguas;
- 50% dos maiores sites do mundo já se integraram à rede social;
- 7,3 milhões de usuários ativos no Brasil.