Gaby 01/10/2017Muitos segredosHey pessoinhas, como estão?!
Sou aquele tipo de leitora curiosa que adora desbravar e que deseja conhecer um pouquinho de tudo =) E dessa vez, me aventurei num livro de Ficção Argentina que originou uma adaptação ganhadora de um Oscar® de Melhor Filme Estrangeiro em 2010. Eu particularmente não conheço quase nada da literatura latino-americana, à não ser por nome (olha que vergonha, não me julguem kkkk), mas esse livro em particular me chamou atenção pela sinopse logo de cara!
O livro é narrado em primeira pessoa, pelo então vice-secretário aposentado Benjamin Chaparro. Com o ócio da aposentadoria, decidiu ocupar seu tempo escrevendo sobre um brutal assassinato que marcou sua vida e seus 30 anos de carreira.
Chaparro tem muitas lembranças e acaba por nos envolver em muitos de seus sentimentos ao longo da narrativa, que diversas vezes passa para terceira pessoa para nos explicar o que a personagem não consegue.
O pano de fundo de nossa estória, está a austera e violenta Ditadura Militar da Argentina, que ocorreu entre os anos de 1966-1973. Chaparro é então vice-secretário do Juizado de Instrução nº 41 e, como muitos de nós, se vê preso a um cargo do qual não se sente satisfeito e questiona diversas vezes seus superiores, pelo simples fato de se sentir muito mais capacitado do que eles.
“Complexo de oficial primeiro.” Minha doença deveria ter nome científico. “Diz-se do funcionário judicial que, por não ter diploma de advogado, fica limitado no escalão a ser o chefe administrativo de uma Secretaria e exerce um importante poder sobre escreventes, auxiliares e estagiários, mas nunca, na porra da vida, superará essa posição hierárquica, e portanto se encherá meticulosamente de frustrações ao ver como outros, às vezes mais capazes e, muitas outras, mais babacas, terminam por ultrapassá-lo como meteoros rumo ao estrelato tribunalício.”
Contrariado pelas ordens de seus superiores, ele parte para atender a ocorrência. Assim que chega, encontra o então oficial-inspetor de polícia e colega Báez, que se encarrega de levá-lo à cena do crime: Liliana Colloto, uma linda e jovem mulher, professora primária e recém-casada que fora brutalmente estuprada e assassinada. Juntos vão até o banco onde Ricardo Morales, então recém-viúvo de Liliana trabalha para comunicar-lhe o crime. Especialmente comovido com o caso e a reação do recém-viúvo, Chaparro decidi cuidar pessoalmente do caso.
Nesta estória existem poucos personagens, porém cada um crucial para seu momento. Sandoval é subordinado à Chaparro e, apesar de ser alcoólatra, têm total respeito e amizade de seu chefe, ajudando-o com seu grande raciocínio e inteligência. Temos também Pedro Romano, o vice-secretário da outra secretaria do Juizado que é um daqueles babacas ao qual ele têm tanto desprezo e que, com sua total incompetência, consegue complicar toda a investigação de Chaparro. E, claro, temos Irene, que entra no Juizado como uma simples secretária e, no presente, é a atual Juíza responsável.
Chaparro nutre um amor platônico por Irene, apesar de não ter contato com ela durante toda a estória e ter se casado por duas vezes. Sente muita culpa dos casamentos não terem dado certo, justamente por nutrir esse amor às escondidas.
No livro, o assassino de Liliana é exposto logo de cara, mas não quero deixar de manter o mistério. Há sim, muito suspense que é escondido nos olhares das personagens. Caso você já tenha assistido ao filme, que está disponível na Netflix, não se iluda pensando saber o que acontece na estória. É tudo diferente, inclusive o final. Apenas alguns fatos foram mantidos, mas o foco do filme é justamente o amor platônico de Chaparro que não foi explorado no livro. É um filme bom, mas não considero que tenha superado o livro. De qualquer forma, super recomendo esta estória!!
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