Conversa no Catedral

Conversa no Catedral Mario Vargas Llosa




Resenhas - Conversa na Catedral


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Mimi 30/08/2023

A leitura desse livro não é fácil.

Teve alguns momentos em que pensei em abandonar, mas ainda bem que não fiz.

O começo do livro é confuso.Por se passar em um bar onde muitas vezes os personagens são interrompidos.
Além de como passado e presentes se misturam na narrativa.

Essa leitura me desafiou.

Recomendo muito a leitura.
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Leo 09/08/2018

Em que o momento o Brasil se fodeu?
"Em que momento o Peru tinha se fodido?"

Com essa pergunta se inicia o romance Conversa no Catedral, de Mário Vargas Llosa, uma das obras mais...uhmm...brutais que já li.

A sensação ao fim é ambígua. Se por um lado existe a satisfação da grande literatura, por outro a mensagem deixa um soco no estômago, um gosto amargo na boca.

O livro se passa no Peru e retrata a ditadura militar de Odría (48-56). É incômodo como vários aspectos daquele regime ditatorial, representados na ficção, são perceptíveis na pretendida democracia atual: manipulação dos votos, perseguição a opositores, meios de comunicação viciados, impunidade. A sensação de que tudo podem os poderosos e que se foda o resto.

Tudo piora quando se lembra que um dos líderes das pesquisas para a presidência defende orgulhoso uma ditadura nos mesmos moldes da peruana. E que muitos de seus seguidores bateriam palmas para o vilão Cayo Bermúdez.

Em que momento o Brasil tinha se fodido?
É inevitável que a mesma pergunta nos ocorra.

No âmbito individual, a obra não é mais otimista. O protagonista, Santiago Zavalita, burguês, privilegiado, representa um profundo niilismo, angústia, sensação de impotência, de não ter controle sobre coisa alguma.

A culpa de nascer rico alimenta seu desespero, motivado pela própria incapacidade de promover as mudanças que deseja, seja na sociedade, na política ou na própria vida: sempre será um branco rico vivendo em uma sociedade de mestiços pobres.

"O que seria melhor: a solidão ou a humilhação?"

A pergunta feita por Zavalita revela a desesperança na mudança real nas vidas daqueles que pouco tem em países como o Peru da década de 60...ou o Brasil do século XXI.

A dor que ele sente é a mesma que a nossa.

Conversa no Catedral é uma obra prima que explícita da maneira mais brutal as nossas feridas, as veias abertas da América Latina, latentes, dolorosas, que se observavam a cada vez que se ouve sobre a desesperança do povo nas eleições, no governo, na política, no próprio povo.

Resta saber se serão mais Cem Anos de Solidão, cem anos de humilhação, ou se o futuro nos reserva coisas melhores que as expectativas de Mário Vargas Llosa ao finalizar seu livro.
Alê | @alexandrejjr 01/11/2018minha estante
Baita resenha, cara!


Leo 05/11/2018minha estante
Valeu, mano :)




Júlio 30/05/2014

Mestria na arte de contar
Há tempos não lia um livro tão extenso e, ao mesmo tempo, tão instigante. As diferentes intercalações de diálogos durante a trama fizeram com que a leitura fluísse mais até do que eu esperava, já que tenho certo "preconceito" contra os livros que são verdadeiros calhamaços. hehe
Sobre a estória, interessante observar os pontos em comum entre a realidade política prefigurada no romance e quaisquer outras ditaduras de quaisquer ideologias, principal e obviamente, com as que se viu/vê na América Latina. Além disso, o teor humano (o quase ascetismo que 'Zavalita' se propõe, os preconceitos e hipocrisias da camada burguesa, a subserviência inata de Ambrósio, simbólica do ponto de vista latinoamericano) colaboram para a culminação numa verdade que, mais do que nunca, se confirma: Llosa é mestre na arte de estoriar.
Pra finalizar, fiquei realmente estupefato com a capacidade criativa, com a riqueza de detalhes entregues por Llosa. Por diversas vezes depara-se com pausas, pensamentos e até gestos naturais das personagens, tão reais que se torna possível praticamente vislumbrar a cena, imaginá-la próxima.
Enfim, ótimo livro, ótima leitura.
Fritz 10/07/2014minha estante
Sinceramente? Odiei! Já li vários Vargas Llosa, mas esse "Conversa no Catedral", hoje, para mim é uma leitura pesada, difícil, e nada prazerosa. As mudanças e intercalações foram exageradamente usadas. Para se ler, temos que, antes, estudarmos a história do Peru nos anos 50, senão se torna incompreensível. Usou a técnica, que tanto admiro nele, abusivamente, a ponto de cansar.


Júlio 10/07/2014minha estante
Rapaz, confesso que não foi de primeira que o livro me cativou. Abandonei-o uma vez e só fui voltar a lê-lo quase um ano depois. Como você disse, a leitura é realmente pesada, mas as mudanças narrativas contínuas atenuaram esse peso, pelo menos pra mim. Mas é isso, alguns livros parecem que não são pra nós, são verdadeiros desafios e que só com muita luta pra terminar a leitura. hehe
No meu caso, o "Pedro Páramo", do Juan Rulfo, é um exemplo disso. Já fiz de tudo e não consigo terminá-lo de jeito nenhum. haha
Até mais, Fritz!




Fimbrethil Call 18/09/2009

Bom
Esse livro é bom, uma leitura até certo ponto pesada, mas por causa do assunto, já que é muito realista, sem nada de fantasia ou de ficção pra amenizar um pouco. Uma história muito bem contada e escrita, então a leitura sai fácil Uma conversa entre um empregado do canil de Lima, que matava quantos cachorros encontrasse por causa da epidemia de raiva, e um cidadão que foi ao canil tentar resgatar o seu cachorro e reconheceu nele o empregado de uma família que não via há tempos. Então ficam os dois bebendo cerveja e conversando, num bar perto da catedral.
TERESA 13/04/2012minha estante
Comecei a ler.
mas vai demorar,o tempo é pouco e o sono muito!




LER ETERNO PRAZER 24/10/2018

"Conversa no Catedral" foi para mim uma leitura muito complexa e que quase desisto da leitura logo nas primeiras páginas, porque as ações não seguem uma ordem cronológica, há ?muitos saltos? no tempo (entre passado, presente e ao futuro, não sabemos bem quem são as personagens e em meia página podemos ficar completamente desnorteados e perdidos na história!
Contudo, não desisti e a minha insistência foi recompensada porque consegui encontrar-me no ritmo da leitura e, à medida que a leitura avançava, tudo ia ficando mais claro, página após página, apesar de ser só no final que tomamos conhecimento do que aconteceu a todas as personagens.
A obra tem como pano de fundo em sua trama no país natal do autor, mais propriamente no Peru dos anos 50, uma época de muita corrupção e de repressão, e nos trás uma história recheada de personagens desencantadas e , que lamentam a sua vida e que, tendo tudo para serem bem-sucedidas, não foram.
A a conversa que acontece no bar Catedral, portanto, e que marca o reencontro entre Santiago Zavala e Ambrosio ? este último ex-motorista da casa do pai de Santiago, Fermín Zavala ? após 10 anos sem que um soubesse do paradeiro do outro, é o fio condutor de toda a trama. Apenas nas últimas páginas da publicação é que o episódio do primeiro capítulo é retomado, e o rumo da conversa, e consequentemente da vida de cada um dos dois protagonistas, é revelada.
O romance é iniciaso com a apresentação de um Peru decadente, acometido por sérias crises econômicas, sociais e politica, e os personagens que abrem o enredo, Santiago, Carlitos e Norwin, jornalistas de La Crónica, vivendo como podem, em meio a uma sociedade debilitada, com problemas em suas vidas pessoais. A sensação é de que, se os três não vivem na completa infelicidade, então ao menos foram entregues à inércia daquela realidade.
Conversa no Catedral é um livro de difícil leitura, demorei bastante para concluí-lo, mas posso dizer que valeu apena!
Para aqueles que apreciam esse tipo de obra, está mais que indicado, aproveitem!!
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zeguilhermespp 08/02/2023

Cada qual se defendia do Peru como podia
Santiago Zavala sabe que se fodeu em algum momento, mas não sabe precisar em qual. Do alto de seus trinta e poucos anos, toca uma carreira medíocre num jornal sensacionalista, vive um casamento morno e corta um dobrado pra não ficar no vermelho no fim do mês. Sim, Zavalita sabe que se fodeu. Assim como seu país, o Peru, recém-saído de uma ditadura militar sanguinária comandada com mão de ferro por Manuel Odría. Quando Zavalita reencontra, por acaso, o antigo chofer de seu pai, um homem paupérrimo chamado Ambrosio, as duas figuras se reunem no Bar Catedral e dão início à conversa-título do livro: uma conversa que, a partir do fio das vidas dessas duas personagens fantásticas, desvenda a história social e política do Peru sob Odría.
Curiosamente, toda a conversa se desenrola no primeiro capítulo do livro, de maneira desconexa e propositalmente confusa. Pelo restante das páginas, o leitor recapitula o que foi conversado a partir de fragmentos que, apesar de inicialmente confusos, demonstram a potência da escrita de Vargas Llosa. É desafiador ler o início do livro, mas a recompensa vale a pena: uma vez acostumado, o leitor há de se impressionar com a capacidade do autor de transitar entre diferentes temporalidades, diferentes personagens e diferentes dialógos, às vezes na mesma linha, e ainda assim lograr um todo inteligível. Toda a história é narrada em terceira pessoa, mas a partir de relatos: de Santiago conta a Ambrosio ou a Carlitos, Ambrosio conta a Santiago ou a don Fermín.
Há também outras personagens fundamentais nessa teia (no total, são mais de cem). Cayo Bermúdez é um serrano rancoroso que se torna o homem forte de Odría e personifica toda a violência e a corrupção características do regime; Amalia é uma empregada leal que se divide entre seus amores; don Fermín é um burguês devotado ao filho caçula, com o qual tem uma relação complicadíssima e extremamente bem trabalhada. Todas essas figuras e muitas outras permitem que o leitor vislumbre a realidade social de Peru de muitas frentes: ricos e pobres, homens e mulheres, brancos e ?cholos?, odriístas e oposicionistas. Aqui, Vargas Llosa realiza um verdadeiro tour de force, um romance total que, como preconiza Balzac na epígrafe do livro, é uma história privada das nações.
Esta Conversa no Catedral é uma montanha que merece ser escalada. Me encantou e me assombrou na mesma medida, ora pela trama eletrizante, ora pelo texto afiado. No Catedral, Zavalita e Ambrosio desfiam as sinas e as agruras do Peru, que afinal são as de toda a América Latina.
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Isaias.Silva 11/05/2024

Recomendo fortemente.
Um livro diferente de tudo que já li, uma escrita um pouco difícil, mas não se preocupe isso não é um problema, a medida que você vai lendo você vai se acostumado. Difícil não se envolver com os personagens, os dramas, as problemáticas.

Essa leitura vai nos mostrar um encontro de dois amigos ( Santiago e Ambrósio) e vão voltar ao passado para esclarecer assuntos obscuros.

Cada um vai contar uma visão diferente..

Santiago filho de empresário Rico, Ambrósio empregado do seu pai.

Se passa no Peru - ( fiquei muito com vontade de conhecer) na época de um governo ditador.

Santiago não quer ir pra escola particular, escolhe ir para pública. Não quer regalias que seu pai oferece. Se envolve com jovens que apoiam o comunismo, Depois quebra a cara, diz que não quer saber mais de política. Largar os estudos de direito apesar de ser muito inteligente. Vai trabalhar como jornalista em um jornal mixuruca.

Os problemas só está começando. Sua família em crise..assassinatos preste a serem descobertos. É incrível a sensação que você sente lendo esse livro.. muito raiva dos personagens, muito dó de alguns. Momentos de muita tristeza. Vou logo dizendo não é um livro muito fácil de ser lindo, mas muito interessante.

Minha melhor leitura até agora.
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Raquel 02/08/2021

Livro fantástico. Quando iniciei, achei que chegaria até o fim. Um estilo literário complicado, várias histórias e personagens descritos em períodos distintos, em um mesmo capítulo, mesma página, em um único capítulo. Mas, o maravilhoso contador de história criou uma enredo que prende o seu leitor aos pouquinhos, e a vontade é não parar mais de ler. Isso mesmo retratando um mundo político perverso, descreve personagens muito reais e sofridos, da sociedade peruana. Mas, o livro é fantástico, e dá uma tristeza quando se chega ao fim da história?. Mas existem outros livros desse fantástico escritor? que alegria !!!!!
Alê | @alexandrejjr 09/09/2021minha estante
Para voltar a sentir sensação semelhante à proporcionada por esse livro, Raquel, indico a leitura de "A festa do Bode" do Vargas Llosa. É outra obra estupenda.




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