Natalia.Eiras 20/12/2014Resenha publicada no blog Perdidas na Biblioteca No futuro a sociedade decide tudo o que acontece na sua vida. O que você come; o que você veste; o que você faz nas suas horas de lazer; qual a sua profissão e até com quem você irá se casar e a hora em que irá morrer.
A sociedade percebeu que o sistema em que vivemos hoje estava proporcionando vários problemas para o ser humano. Pra começar, todos os dias nós somos bombardeados por um excesso de informações, que acabam nos fazendo ficar estressados, pois não damos conta de tudo isso. Então, eles escolheram as 100 melhores músicas... as 100 melhores poesias... e destruíram todo o resto.
Além disso, nós temos a tendência a sempre procurar aprender sobre várias coisas que podem vir a ser inúteis, mas aprendemos mesmo assim, certo?
Nessa nova sociedade, você não aprende coisas que não serão utilizadas fora do seu trabalho. Então, por exemplo, se você é professor não precisa aprender a consertar um carro. Isso poderia te ajudar em algum momento, mas não é sua função, então você não aprende. Dessa forma, todos necessitam de todos e você torna-se incapaz de se virar sozinho.
Além disso, eles perceberam que a melhor época para morrer é aos 80 anos, pois você conseguiu viver o suficiente para ver seus filhos e netos, porém, ainda não chegou naquela fase crítica em que começam a aparecer as doenças típicas da velhice. Inclusive, essas doenças não existem mais, pois todos morrem antes delas aparecerem. Quando você completa 80 anos, ganha um super jantar com seus familiares e morre rodeado de amigos e parentes.
Até o que você come é definido pela sociedade. A sua comida é enviada até a sua casa e montada de acordo com os valores nutricionais e a quantidade de cada um. Dessa forma, você garante que todos terão a melhor forma física e serão saudáveis. E nada de tentar roubar a "marmita" do irmão! Não pode!
Mas tudo isso pra quê?
Eis o X da questão. Para que você possa encontrar o seu par, uma pessoa compatível geneticamente com você e tão saudável quanto você, para que vocês produzam filhos ainda mais saudáveis e perfeitos. Pois é... o pai/mãe dos seus filhos também é escolhido pela Sociedade. Tudo é monitorado.
Cássia vive nessas condições e esta ansiosa para descobrir quem é o par dela, ou seja, com quem ela será designada para se casar quando completar 21 anos. Quando Cássia descobre que seu melhor amigo será seu esposo, ela fica muito aliviada e feliz. Todos os pares recebem uma espécie de biografia de seus pares para aprenderem o máximo que puderem e começarem a estabelecer laços de afinidade, pois alguns pares são formados por meninos e meninas de outros estados, ou seja, eles nunca se viram na vida! Ter um par que mora na mesma rua... até mesmo na sua cidade... é algo muito, mas muitooooo raro de acontecer.
Quando Cássia decide dar uma olhada na biografia de seu amigo/futuro esposo, ela é pega de surpresa, pois o rosto que aparece para ela não é o do seu amigo. Mas o de outro rapaz. E o pior...ela conhece o outro cara também!
E agora Será que houve algum erro e na verdade ela deveria ser par do outro?
Então...
Na minha opinião a autora tinha um diamante bruto em mãos e não soube exatamente como lapidar. Como todas grande distopia, nós temos um cenário intrigante, uma sociedade autoritária, porém, com um argumento para o seu surgimento maravilhosamente construído. Porém, ao contrário de distopias como Divergente e Jogos Vorazes, onde a protagonista é forte e tenta se rebelar contra o sistema e as injustiças, nesse livro a personagem Cássia é fraca.
Vamos falar a verdade?
Ela não esta preocupada com o por que do governo tomar conta de cada detalhe da vida dela. Ela não quer se rebelar contra o sistema. Ela só esta preocupada se o par dela esta errado. E quando o governo decide separa-la de seu "par errado", ela esta preocupada em reencontra-lo.
Dane-se que eu vivo em uma sociedade autoritária! Sério Cássia?! Você vive em uma sociedade falsa, sem liberdade e tá preocupada com seu pobre coração?! Aff!
A história até fluiu bem, pois você fica intrigado em descobrir como funciona essa "Sociedade", mas quando ela começa a se desviar para as questões relacionadas ao relacionamento dela com os dois meninos, a história esfria.
Eu até comprei as continuações, mas confesso que só pretendo continuar lendo por dois motivos:
1. Eu não consigo começar uma história e não saber como ela termina. Mesmo que não esteja me prendendo muito...
2. Porque tenho esperanças que esse livro tenha sido uma introdução ao que vem por aí. O final foi fraco, mas espero que a autora me surpreenda nos próximos livros desta série.
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