Cássia 15/03/2010
Os ensaios reunidos deste livro têm o mesmo fio condutor: a razão. Mas são bem diversos em suas temáticas. Alguns tratarão do estilo filosófico de Walter Benjamin, outro fará uma reflexão sobre o pensamento de Erasmo, uma sequência deles abordará a modernidade, uma possível ruptura nela e quais as filiações de alguns dos importantes autores que foram críticos da razão, como Foucault e Habermas, e assim por diante.
São ensaios muito lúcidos, reflexivos mesmo. Questionei ideias preconcebidas que eu tinha de Habermas e Foucault, por exemplo... Se a concepção de uma razão comunicativa tal qual Habermas propõe possa parecer utópica, talvez ela seja ainda a única resposta para as aporias citadas de Adorno. E eu me peguei matutando que talvez seja dessa razão comunicativa que eu esteja em busca.
Sendo a razão, como disse Foucault inicialmente, nada mais do que uma máscara utilizada pelo poder, chegamos aí a um beco sem saída. A proposição dialógica(sim, creio que este seja o termo correto) de Habermas retira a ideia de algo pacífico. Ou seja, é pela argumentação que, numa situação hipotética, duas pessoas podem chegar a consenso(?). Contudo, como um exercício argumentativo, ele não se mostra livre de embates ideológicos.
A grande questão que me faz retornar a Foucault é: esse consenso é mesmo real? Você pode rebater todos os argumentos do outro e se chegar a consenso explícito, mas nada garante que esse consenso seja verdadeiro. Penso assim por conta de um outro ensaio presente no livro que trata do irracionalismo brasileiro e do antiintelectualismo que domina esse país. Não adianta usar argumentos racionais se não racionalidade alguma da contraparte.