Resenhas - Os Filhos do Graal

Lima Neto 02/09/2009

livro fraco, com roteiro e ritmo enfadonhos e de leitura cansativa. historicamente, "Os Filhos do Graal" até possui alguns fundamentos, o pano de fundo histórico até que está bem tecido, mas é só.
os personagens não são nada cativantes e a trama não é aquela que prende o leitor, que o deixa "vidrado" da primeira à última página.

sagonTHX 03/08/2011

ERUDITO DEMAIS, AVENTURA DE MENOS


Os Filhos do Graal começa relativamente bem, com o cerco à Montesègur, em 1243, e segue assim por pouco mais de 1/3 do livro. Depois, a narrativa nivela e se arrasta sem muita empolgação até o final; ora entediante e cansativa, ora confusa e pouco envolvente.

Peter Berling prova nesse livro que é um bom historiador. Os Filhos do Graal é muito bem ambientado na época medieval, e os personagens históricos e fictícios são descritos com perfeição, e suas falas e comportamentos condizem com a época em que se passa a história. Até aí, tudo bem. No entanto, Peter Berling peca pelo excesso de erudição. Muitos diálogos são de difícil assimilação, ainda mais quando o autor acrescenta frases em outras línguas, arcaicas, sem uma tradução imediata (é preciso consultar o tempo todo o adendo no final do livro, onde as frases foram traduzidas para o potuguês). Falha da edição brasileira que, nesse aspecto, considerando-se a narrativa carregada e arrastada do texto original, poderia ter facilitado um pouco a nossa vida, incluindo essas traduções como notas de rodapé.

A história é muito boa, cujo contexto fala sobre o Graal, Templários, Inquisição, conflitos políticos e religiosos entre os Reis de França, da Alemanha e a Igreja Católica, as Cruzadas, a comunhão carnal entre Jesus e Maria Madalena e a sua consequente descendência, etc... E tudo com embasamento histórico bastante preciso. Porém, seria tudo muito bom se Peter Berling tivesse adotado uma narrativa mais limpa, menos carregada de arcaísmos, o que torna o mistério que envolve o Graal muito cansativo. Sem contar que o suspense que poderia originar disso praticamente inexiste, assim como a aventura apregoada pela sinópse. A duga dos filhos do Graal nem parece fuga, mas uma turnê pela Europa com destino ao Oriente. Nem mesmo a espectativa sobre o destino que aguarda os filhos do Graal e seus protetores parece sustentar assim algum interesse, pois os personagens, apesar de históricos, não possuem nenhum carisma.

O livro se sustenta pelo bom conteúdo histórico e pela ambientação de época, além de temas polêmicos envolvendo o Graal.

Para os que pensam que Os Filhos do Graal (1991) é mais um daqueles livros no "estilo Dan Brawn" tenho a dizer-lhe que não é. Apesar de O Código da Vinci (2003), de Dan Brown, ter vários assuntos relacionados aos narrados em Os Filhos do Graal, entre eles os descententes de Maria Madalena e Jesus, o Sangue Real, os livros foram escritos em épocas diferentes e Peter Berling leva o mérito por ter explorado esses temas cerca mais de uma década antes do outro livro.

E o mais interessante de tudo é que o badalado "estilo Dan Brown", na realidade, deveria se chamar "o oportunismo Dan Brown", e nada mais. Pois o grande mérito dele foi provar que nesta vida, de fato, "nada se cria, tudo se copia" (ou, no mínimo, imita-se).


Não recomendo Os Filhos do Graal se você é daqueles leitores que gosta de narrativas rasteiras, textos infano-juvenis, algo assim já todo mastigadinho. Esse é um daqueles títulos recomendado para quem gosta de leitura mais clássica, que adora se esticar numa rede e ler com muita calma, sem presa; é apaixonado por história, temas relacionados com a Idade Média e os Templários.


Prós: O conteúdo histórico; ambientação da Idade Média; temas ligados ao Graal; a capa do livro;

Contra: Narrativa entediante; personagens sem carisma; pouca valorização do suspense; aventura insipiente; falta de tradução imediata de palavras estrangeiras/arcaicas;