A sangue frio

A sangue frio Truman Capote




Resenhas - A Sangue Frio


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Flávia Menezes 25/07/2023

À ESPERA DE UM MILAGRE QUE FAÇA SUMIR TODA ESSA CRUELDADE.
?A Sangue Frio? é um romance de não-ficção do escritor, roteirista e dramaturgo norte-americano Truman Streckfus Persons, mais conhecido por Truman Capote, também autor de vários contos, romances e peças teatrais reconhecidas como clássicos literários, incluindo a famosa novela ?Bonequinha de Luxo? (título original ?Breakfast at Tiffany´s?), que em sua adaptação para o cinema contou com a atriz Audrey Hepburn no papel da inesquecível personagem principal, Holly Golightly.

Por seis anos da sua vida, Capote mergulhou com muita seriedade e comprometimento, em um trabalho minucioso de pesquisas e apuração de dados e entrevistas, que contavam com mais de 8 mil páginas, incluindo os longos depoimentos compilados pela justiça, e de três anos de entrevistas as várias pessoas incluídas nesta história, além dos próprios criminosos condenados pelo crime. Capote ainda teria refeito todo o percurso feito da fuga de Richard Hickock e Perry Smith, da cena do crime até a sua prisão em Las Vegas, o que traz todo um diferencial a sua narrativa precisa sobre todos os lugares por onde a dupla passou.

Com seu ouvido de romancista e sua escrita jornalística, não há como negar o valor de uma obra como essa, onde Capote conseguiu, através de todo o material de que dispunha, ser capaz de compreender os sentidos mais profundos escondidos nas palavras dos entrevistados, e traçar um perfil tão autêntico das suas almas, dando vida em suas páginas a cada um dos envolvidos com uma maestria que nos envolve e comove em uma mesma proporção.

A forma como Capote conta essa história trágica, começando pelo último dia de vida dos quatro membros dessa respeitada família da pequena cidade de Holcomb, oeste do Kansas, até o seu brutal assassinato, dando sequência aos acontecimentos que seguiram até o momento da captura, sentença e execução dos condenados, é de um brilhantismo sem igual, e desde o primeiro parágrafo o autor nos faz mergulhar não em uma imensidão de informações sobre fatos ocorridos, mas sim na singularidade da vida de cada uma dessas pessoas envolvidas, incluindo os assassinos, onde somos convidados a olhar para cada um deles, independentemente da sua natureza, como o que realmente são: seres humanos dotados de uma história de vida.

E essa escrita apaixonada, emotiva e comprometida em apresentar pessoas que precisam ser lembradas pelo que foram, e não apenas por corpos brutalmente assassinados e sepultados, nos envolve e nos emociona de forma que conseguimos olhar para além do que os fatos nos trazem, até sentir que estamos tão intimamente ligados a cada um deles, a ponto de ouvir o pulsar dos seus corações.

Começamos a história conhecendo a vida de cada um dos membros assassinados da família Clutter (pai, mãe, um filho e uma filha), e a forma como eles são trazidos em sua essência mais puramente humana, já nos faz refletir em como a vida pode ser tão frágil, e ainda ser inexplicavelmente injusta com pessoas de tão bom coração. O que me fez lembrar daquela canção de 1993, da banda ?Legião Urbana?, em que o vocalista Renato Russo, com sua voz forte, costumava cantar: ?É tão estranho, os bons morrem jovens...?.

E essa intensa sensibilidade em cada palavra que nossos olhos percorrem página após página, sem sequer conseguir se desviar, é a mesma de quando o autor passa a nos contar a vida dos verdadeiros vilões da história, especialmente a de Perry Smith.

Bem lá no fundo, conseguimos perceber que houve uma identificação do autor com a história de vida de Perry. Afinal, ambos foram filhos de pais com uma relação bastante conturbada, que resultou em um divórcio onde cada um dos genitores seguem suas vidas, enquanto seus filhos são mandados para lares distantes onde cresceram como crianças bastante solitárias. Assim como Capote, Perry também se escondeu nos livros, porém, enquanto Capote desenvolveu desde cedo sua habilidade para a escrita, Perry, que embora também gostasse de escrever, começou a dar mais voz a algo ruim que ia crescendo dia após dia dentro dele.

As cartas que foram escritas pelo pai de Perry e por sua irmã, Barbara, são bastante emocionantes, e conseguimos sentir como essa vida conturbada e repleta de altos e baixos aconteceu para os outros membros da família, por onde a tragédia parecia rondar como uma fiel escudeira esperando por um momento de descuido para lhes trazer ainda mais dor e sofrimento.

São relatos bastante dolorosos, que logo em seguida são rebatidos pela percepção do próprio Perry, e essa excessiva necessidade do autor de mostrar como ele foi submetido a uma vida sofrida de muito abandono, e indiferença por parte daqueles que deveriam amá-lo incondicionalmente, mas que ao contrário disso, não se importaram em jogá-lo no mundo para passar por todas as dificuldades sozinho, nos faz pensar que Capote queria nos sensibilizar à respeito dele, como se buscasse justificar seus atos por conta de um passado traumático. Mas quando chegamos ao laudo psicológico de Perry, é que compreendemos com exatidão a importância de um livro como esse.

A verdade é que nem todos nós tivemos uma infância tranquila. Nem todos nós tivemos pais amorosos que nos amaram e nos educaram, demonstrando que estariam ao nosso lado independentemente do que acontecesse. Nem todos nós tivemos a oportunidade de entrar em uma vida adulta mais amparados e apoiados pelos nossos pais. E nem todos nós experimentamos ser amados incondicionalmente pelos nossos pais, nos sentindo valorizados e pertencentes a nossa família como uma pessoa única e admirada.

Alguns de nós experimentou um passado mais difícil, com pais instáveis, violentos, e distantes física ou emocionalmente. Alguns de nós se sentiu sozinho(a) muitas vezes, e precisou crescer rapidamente para poder cuidar de si mesmo(a), vivendo uma vida de tentativas e erros, e talvez até experimentando mais frustrações do que colhendo vitórias, por ter que descobrir sozinho(a) o que fazer. Alguns de nós se sentiu pouco valorizado, não amado, e até chegou a ter uma sensação de ter sido excluído de sua própria família, como se não fosse parte dela.

Porém, mesmo passando por todas essas dificuldades e sensações de desamparo e abandono, nem todos nos tornaremos o mesmo que o Perry: um homem raivoso, com ódio do mundo todo, e um desejo absurdo de ferir as pessoas para se vingar daqueles que um dia deveriam tê-lo amado e protegido. Claro que aqui, estamos falando de uma pessoa que foi afetada por situações externas, tanto quanto pela ausência de vínculo afetivo que deve ter sido causado pela indiferença dessa mãe, que resultou em uma patologia que o torna tão insensível e indiferente ao outro, a ponto de ser capaz de acabar com a vida de alguém como se isso não significasse absolutamente nada.

Mas ainda assim, tudo isso nos faz pensar em como a ausência da formação de vínculo afetivo com os pais (especialmente por parte da mãe), somado a viver em um lar disfuncional, e a uma sequência de situações difíceis e traumáticas, pode trazer consequências muito mais sérias do que um filho rebelde.

Este ano, o governador de Illinois, J.B. Pritzker fez um discurso para os formandos da Universidade de Northwestern, onde ele reflete sobre a crueldade humana. Quando encontramos alguém na vida que não é como nós, ou age como nós, ou ama como nós, ou vive como nós, é natural sentir medo ou julgar essa pessoa. Porque é normal para a nossa sobrevivência como espécie estranhar aquilo que não nos é familiar. E do quanto a crueldade é usada no nosso mundo como uma fonte de poder, enquanto a empatia e a gentileza são vistas como uma fraqueza, uma vulnerabilidade. E é aí que ele faz o alerta para a necessidade de calarmos esse instinto primitivo, e seguirmos por um novo caminho, usando a empatia e a compaixão para evoluirmos como espécie.

E essa foi a grande sacada de Capote: mostrar como a desestruturação de um lar ausente de amor, pode plantar uma sementinha do ódio que irá crescer e dar frutos com sabor de crueldade. Até porque é fácil olharmos para um criminoso e o condenarmos por seus atos de crueldade. Porém, dificilmente paramos para refletir sobre a forma como essa mesma crueldade vem se infiltrando nas nossas casas, em doses homeopáticas, vindo das redes sociais, dos filmes e programas de tv, das músicas e até de alguns livros, espelhando essas sementes do ódio que nos fazem pensar que para não sermos feitos de bobos (ou seja, sermos vulneráveis), precisamos atacar, ferir e magoar as pessoas. Como diz o ditado: a melhor defesa é o ataque, não é mesmo? Mas será que a única forma de nos defender, é atacando?

Crueldade é crueldade, independentemente do nível. Até porque se deixarmos de sentir compaixão por aqueles(as) a quem de algum forma provocamos algum tipo de sofrimento, então é porque alguma coisa está muito errada em nós. Sem contar que não devemos nos iludir, porque a crueldade não permanece sempre do mesmo tamanho. Ela sempre cresce! Assim como a forma como magoamos e ferimos as pessoas.

Agora, uma parte desta história que muito me tocou por ter sido inesperada e ter me lembrado do romance de ficção de Stephen King, ?À Espera de um Milagre?, onde um criminoso aguardando sua execução no corredor da morte, faz de um rato seu melhor amigo, em "A Sangue Frio" Perry adestra e faz de um esquilo o seu melhor amigo. Certamente um momento igualmente tocante e muito sensível.

?A Sangue Frio? é um romance de não-ficção que ao mesmo tempo que traz eventos trágicos que aconteceram com uma família que nada disso merecia, também nos faz um grande alerta sobre pontos muito importantes, tais como da importância de que uma criança possa viver um lar onde se sinta amado e protegido, de que os problemas entre os pais devem ser mantidos entre eles e só diz respeito a eles (faz muito mais mal para um filho viver em um lar onde os pais brigam e não demonstram amor entre si, do que ver seus pais separados), e o principal, de compreendermos a seriedade das doenças mentais, e de que, quanto antes forem diagnosticadas e tratadas, sem dúvida muita dor e sofrimento poderá ser poupada, e menos casos como o da família Clutter aconteceriam.
Guilherme Amin 26/07/2023minha estante
Parabéns pela excelente resenha, amiga!


Jacy.Antunes 26/07/2023minha estante
Ótima resenha, o filme Capote de 1985 é muito bom.


Flávia Menezes 26/07/2023minha estante
Amigo, muito obrigada!! ?


Flávia Menezes 26/07/2023minha estante
Jacy, muito obrigada pelas palavras! Eu ainda preciso ver o filme! Mas o livro?realmente foi uma leitura sem igual! ?


paraense. 16/01/2024minha estante
Resenha belíssima.


Flávia Menezes 16/01/2024minha estante
Muito obrigada, minha querida! ?




Rosangela Max 14/10/2023

Bem escrito.
Algo curioso é que, da forma como foi contada, achei a história de vida do Perry Smith, um dos assassinos, mais interessante do que a dos Clutter que são as vítimas. A narrativa é mais envolvente e me deu a impressão que houve uma dedicação maior do autor de contar a história desse condenado, o que acabou se tomando um ponto negativo para mim. Senti falta de saber mais sobre os Clutter.
Recomendo a leitura.
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Fernanda.Rettore 10/08/2023

Um Romance Criminal Para Ter Pesadelos
"A Sangue Frio" é um livro de autoria de Truman Capote, um escritor, roterista e dramaturgo norte-americano. Foi publicado em 1966 e logo considerado um marco na literatura do gênero não-ficção, conhecido como "romance de não-ficção".

O livro conta a história real e chocante do assassinato da família Clutter, no Kansas, ocorrido em 1959. No início do livro, Capote relata detalhadamente o assassinato brutal dos quatro membros da família, e em seguida, acompanha de forma minuciosa a investigação policial, a captura dos criminosos e o julgamento.

Capote mergulha nas vidas das vítimas, descrevendo suas personalidades, sonhos e aspirações, para então introduzir os assassinos, Richard "Dick" Hickock e Perry Smith. O autor explora a psicologia dos criminosos, construindo um retrato profundo dos assassinos e do impacto que o crime teve sobre a pequena comunidade em que ocorreu.

"A Sangue Frio" é um livro que vai além de uma simples narrativa criminal, pois Capote investiga as complexidades emocionais dos personagens. O estilo literário do autor é caracterizado por uma prosa detalhada que cria uma atmosfera de tensão e agonia ao longo da narrativa.

No geral, a obra discorre sobre a complexidade dos seres humanos, principalmente sobre a consciência dos assassinos, para tentar descobrir suas motivações. É uma leitura perturbadora, que deixará os leitores imersos em um mundo de suspense.
Gessyka.Loyola 10/08/2023minha estante
Resenha incrível, quero muito ler esse livro! ?????


Fernanda.Rettore 12/08/2023minha estante
Obrigada, Jessika :D eu particularmente não gostei muito Hahah mas não é o estilo que curto.


Fabio 15/08/2023minha estante
Adorei a resenha, Fernanda!
Parabéns!


Fernanda.Rettore 22/08/2023minha estante
Obrigada, Fabio!! Adoro as suas também.


Jardim de histórias 27/08/2023minha estante
Show Fê!




Carol 08/07/2009

Frio na medida certa
Quando soube que o livro tratava de uma história real,minha atenção desviou-se da história em si para o autor que a escreveu.Como ele poderia escrever uma história sobre um assassinato de uma família inteira sem julgar os assassinos ou santificar a família?Truman Capote conseguiu.

A descrição do crime não se prende ao fato em si.As personalidades dos assassinos são descritas,analisadas,dissecadas!O mesmo é feito com os integrantes da família morta.No momento em que o crime ocorre,o leitor sabe bem quem são as pessoas envolvidas.Criminoso e vítima não se conheciam,mas nós os conhecemos.É como se pela primeira vez uma notícia daquelas que lemos no jornal sem dar muita importância mostrasse o que realmente significam as palavras que a compõem.Crime significa que alguém o cometeu.Assassino é alguém que teve uma motivação qualquer que o levou a tirar a vida de outrem.Assassinado é um ser que teve planos e sonhos desfeitos por alguém que não deu importância a nada disso.Em "A Sangue Frio",todas essas palavras ganham a dimensão que realmente possuem,e isto é assustador.

A sangue frio não foi só cometido o crime,também foi como o livro foi escrito.Genial.
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Claire Scorzi 26/09/2009minha estante
Uma curta, mas boa análise.




Rafa 07/10/2020

Romance Factual
Não é à toa que A Sangue Frio tornou-se referência na literatura/jornalismo. Capote consegue recriar a atmosfera de um crime histórico por diversos ângulos e, com isso, transforma sua leitura numa experiência singular. Outro ponto importante é a discussão sobre a pena capital, sempre polêmica e atual.
Joao.Dias 19/10/2020minha estante
Na Universidade de Comunicação eu li. A forma como Capote observada as coisas, os detalhes. Além de trazer esse universo da literatura com o jornalismo, isso foi de uma genialidade!


Rafa 19/10/2020minha estante
A obra dele é irretocável ????




Craotchky 26/11/2021

Curiosidades
A sangue frio, obra que mistura o estilo de texto jornalístico e as técnicas narrativas literárias, é popular por consolidar o Romance jornalístico. Todavia, o que exatamente caracteriza este gênero literário e/ou jornalístico? Era exatamente esta questão que eu abordaria nesse texto, não fosse o fato de que certo dia, ao pesquisar sobre os eventos narrados na obra, encontrei várias curiosidades bastante curiosas. Quem me acompanha por aqui sabe que adoro incluir curiosidades em meus textos. Como neste caso as curiosidades são significativas e a discussão da questão mencionada custaria espaço, e como não gosto de fazer textos enormes por aqui, optei por confeccionar essa resenha com as curiosidades curiosas.

Chama atenção que vários desses conteúdos que encontrei durante a pesquisa pintam Truman Capote como bastante individualista, vaidoso, ambicioso em relação ao sucesso... Ainda assim não é possível fechar os olhos para a qualidade, seja jornalística ou literária, deste livro. O autor conseguiu a mais homogênea fusão da linguagem ficcional e o relato jornalístico verídico que já li. Um dos cinco livros lidos este ano que mais gostei.
(Ao final do texto estão todas as fontes das informações que constituem as curiosidades.)

CURIOSIDADES
Causa certo espanto saber que durante as entrevistas para coleta de informações Capote armazenou o conteúdo relatado pelos entrevistados na própria memória, sem recorrer a gravadores ou anotações. O autor alegava que conseguia reproduzir o que havia escutado com 90% de acerto. Os cinco anos de pesquisa resultaram em mais de 8 mil páginas de material bruto.

Mais de cinquenta anos após os assassinatos, itens relacionados à barbárie foram colocados em leilão. Entre eles estavam fotografias da cena do crime e dos corpos das vítimas. Imagens de Herb, Bonnie, Nancy e Kenyon assassinados. Por conta das polêmicas que o fato causou, as fotos foram confiscadas e encaminhadas para os órgãos pertinentes.

Outra curiosidade interessante é que mais de meio século depois um manuscrito, com algo em torno de 200 páginas, escrito por um dos assassinos, Richard (Dick) Hitchcock, onde este relata o crime cometido, foi redescoberto. Segundo a reportagem, Capote, ao saber disso, tentou comprar a versão na intenção de evitar a publicação, pois entendia que ela poderia representar uma forte concorrente ao seu livro. Em sua versão Dick defende que o crime foi encomendado, mas pouco crédito se dá a ele devido sua reputação.

Para finalizar as curiosidades, baseado na rápida referência da matéria do El país sobre o envolvimento de Harper Lee na confecção de A sangue frio, fiz uma pesquisa e descobri que, aparentemente, a autora de O sol é para todos teve participação fundamental na obra de Capote. No conteúdo que encontrei é dito que
"ela[Harper Lee ou Nelle, seu primeiro nome] trabalhou de mãos dadas com o escritor nas entrevistas e no desenvolvimento da investigação jornalística."
e
"Não é exagero dizer que sem Harper Lee, A sangue frio não teria existido."

Links
https://medium.com/@lr_nzz/a-sangue-frio-do-romance-de-n%C3%A3o-fic%C3%A7%C3%A3o-%C3%A0-realidade-da406842eca3
http://lounge.obviousmag.org/abismo/2013/01/o-tragico-fim-da-familia-clutter.html
https://istoe.com.br/239604_O+CRIME+QUE+ABALOU+A+AMERICA+ACABA+EM+LEILAO/
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/03/24/cultura/1490372328_089395.html
http://www.blogletras.com/2016/02/a-complexa-relacao-entre-truman-capote.html
Thiago275 26/11/2021minha estante
Interessante. Comprei esse livro há pouco tempo. Com certeza, vai ser uma das primeiras leituras de 2022.


Craotchky 26/11/2021minha estante
Pretendo abrir o ano com Ulisses. Bem, Boa leitura, Thiago. O livro é ótimo.


Katia Rodrigues 26/11/2021minha estante
Nossa, eu não sabia da participação da Harper Lee. Q interessante!


Craotchky 26/11/2021minha estante
Sim, eu até sabia mas havia esquecido. E a matéria que eu achei na pesquisa (último link) cita a biógrafa da Harper Lee, segundo a qual, Lee ficou desapontada por Capote ter apenas dedicado seu livro a ela. Vale a pena ler a matéria que é bastante curta, diga-se de passagem.


>.< thay >.> 26/11/2021minha estante
Quero muito ler esse.


Craotchky 27/11/2021minha estante
Leia, Thay, duvido que não goste.




Guilherme.Monteiro 05/08/2020

Assassinatos cruéis, uma história real e uma nova literatura
A primeira coisa que me impressionou nesse livro é em o quão extremamente bem escrito ele é, os níveis de detalhes de ambientação, dos diálogos, do crime em si e a principalmente no aprofundamento da psicologia dos assassinos. Truman Capote fez algo louvável e de grande importância para a literatura, ao unir o jornalismo com o romance, dando vida ao romance de não ficção, ou, jornalismo literário. É questionável se tudo o que está no livro é real, por possuir um detalhismo muito preciso, mas, ao meu ver, isso não importa, pois o autor consegue criar uma narrativa fabulosa e envolvente, contanto detalhes de antes, durante e após ao crime, até o julgamento final, e tudo muito bem conduzido e tenso, pois mesmo você sabendo o que vai acontecer, o caminho que Truman descreve acaba sendo ainda mais interessante.

Um livro espetacular e que com certeza já está entre os meus favoritos.
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Thauany 12/10/2022

Quanto vale uma vida?
O ponto alto desta narrativa pra mim é a forma como o autor consegue colocar os fatos na mesa com as perspectivas de todos os envolvidos de maneira fluída mesmo sendo não-ficção, não é atoa que se tornou um clássico da literatura jornalística.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 12/07/2018

Um Problema Jornalístico
A Sangue Frio", de Truman Capote, retrata o cruel assassinato da família Clutter, ocorrido em 1959. Seu cenário é Holcomb, uma pequena cidade no interior do Kansas, e os assassinos foram dois ladrões, Richard Hickock e Perry Smith, que agiram com extrema violência a troco de poucos objetos e menos de 50 dólares. Perseguidos pela polícia, eles acabaram presos, condenados e enforcados seis anos depois.

Capote chegou à cidade após um mês. Ele pretendia entrevistar as pessoas envolvidas e coletar o maior número de informações, para fazer "uma ampla reportagem baseada em fatos reais, narrados com técnicas romanescas". Em 1965, seu trabalho foi publicado e graças ao sucesso, o escritor passou a ser apontado como um dos maiores nomes da literatura do século XX e o criador do Jornalismo Literário ou Literatura Não-Ficcional.

Na verdade, isso não passa de um engano que o próprio Capote contribuiu para divulgar. Depois da Segunga Guerra, dois escritores já flertavam com o gênero: John Hersey e Joseph Mitchell e se, você pretende saber mais a respeito, uma boa fonte é a reportagem de Rodrigo Casarin, publicada em 20/01/2016, para o blogue Página Cinco.

É justamente ela quem aponta para outro problema do livro: sua perspectiva jornalística bastante questionável, inclusive, algumas situações foram inventadas ou distorcidas. Por exemplo, Capote teve um envolvimento amoroso com o assassino Perry Smith, favorecendo-o ao apresentar como melhor do que seu parceiro, uma conduta antiética e inadmissível para um profissional.

No entanto, antes de desistir do livro, posso adiantar que existe bons motivos para conhecê-lo: Capote é um notável romancista e como literatura, a obra é espetacular. Isso mesmo, "A Sangue Frio" apresenta uma impactante abordagem psicológica e científica sobre dois criminosos (uma novidade para a época), um pertinente discurso contra à pena de morte e um inigualável retrato da desconstrução do sonho americano. Uma leitura imprescindível para quem aprecia uma história baseada numa investigação criminal.

Finalmente, o livro possui duas adaptações cinematográficas: a primeira, de 1967, e outra, de 2005, com Philip Seymor Hoffman interpretando impecavelmente Capote.
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Julia Manjko 18/04/2023

Chocada que isso tudo aconteceu de verdade !!!
Um ótimo livro jornalístico , com muitos detalhes. Fiquei muito impressionada que isso tudo aconteceu de verdade e isso me fez ter outra visão sobre a história.

A escrita me lembrou muito Pequenos Incêndios por Toda Parte da Celeste Ng, que é aquele estilo mais fluido com poucas ou nenhuma separações de partes ou capítulos. Esse estilo se encaixou super bem com a história.

Tem umas partes que exagerou nos detalhes, dando muitas voltas. Tirando isso é um livro muito bom.

Recomendo !!!
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@retratodaleitora 14/07/2020

A obra mais aclamada da carreira de Truman Capote, A Sangue Frio é um “romance de não-ficção”, um gênero literário ao qual Truman se dedicou por muitos anos, escrevendo histórias reais com a liberdade do romance, da ficção. Nesse livro que tem muito do jornalismo, Truman Capote escreveu sobre um crime real: o assassinato brutal de quatro membros de uma família na cidade de Holcomb, no Kansas.

Truman trabalhava na The New Yorker quando escreveu A Sangue Frio, que foi publicado na revista em quatro partes antes de ser publicado como livro. O livro causou muita comoção nos Estados Unidos; com o passar dos anos sua relevância foi crescendo e hoje é considerado um clássico do jornalismo literário.

Hebert (pai), Bonnie (mãe), Nancy e Kenyon (filhos adolescentes), foram os membros da família Clutter brutalmente assassinados no ano de 1959 pelos criminosos Perry Smith e Dick Hickcock. Truman, totalmente interessado no ocorrido, resolveu escrever sobre o crime, e assim passou mais de um ano pesquisando, entrevistando e escrevendo sobre a família, sobre a trajetória dos assassinos antes de serem presos e julgados, e depois do julgamento, uma vez que Capote manteve contato com os presos, ouvindo suas histórias, até 1965, quando foram executados na forca.

Esse é um livro detalhado e bem completo. Truman trabalhou por muito tempo na organização dessa obra com os fatos e as informações que dispunha, e mesclando a delicadeza de sua escrita com a crueza factual dos eventos e os depoimentos perturbadores dos dois assassinos. Truman fez um retrato magistral sobre a vida comum de uma pequena cidade abalada pelo assassinato de pessoas vizinhas, conhecidas, a troco de nada.

É um livro sim bem longo, detalhado e por vezes incômodo. Truman, antes de adentrar o assassinato, descreve a vida cotidiana da família Clutter, o que faz com que o leitor sinta ainda mais o baque quando o ato grotesco dos dois homens é descrito. Além disso há o trabalho de Truman sobre o perfil psicológico desses assassinos, que é perturbador de tão bem feito.

Uma obra magnífica!


Fiquem atentos ao conteúdo, pois é uma leitura que fica conosco por muito tempo.

site: https://www.instagram.com/p/CCJ3PacDuVT/
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Olivia 13/05/2021

tão bom quanto dizem que é, mas parece que passei 10 anos lendo e tava rezando pra acabar logo
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Isabellacnc 05/01/2010

"Escrito a sangue frio"
Sobre uma nota de apenas duas linhas no jornal “The new york times”, o jornalista Truman Capote escreveu uma obra-prima do jornalismo literário. Leu sobre uma família que havia sido assassinada brutalmente no interior do Kansas. A partir disso, achou que daria uma boa “matéria” e seguiu com suas malas até a cidade, em companhia da talentosa escritora Harper Lee (autora do livro “O sol é para todos”). Ao chegar ao local do crime, conversou com vizinhos, conhecidos e familiares, e percebeu que aquela história daria bem mais que uma reportagem e começou uma apuração profunda.
O livro registra a história dos 4 membros da família Clutter, o Sr. E Sra. Clutter e seus dois filhos, Kenyon e Nancy. Paralelamente, apresenta os dois assassinos, Perry Smith (com quem Capote se envolveu) e Dick Hickcock. Capote reproduz fielmente as cenas e traz detalhes minuciosos que comprovam a grande pesquisa feita pelo escritor. Desde uma descrição (muito) detalhada da cidade e da população, até dos próprios “personagens” envolvidos, revelando informações íntimas, que dificilmente se conseguiria sem uma consulta a própria pessoa.
“A sangue frio” seria um livro, segundo o próprio Capote, inovador e completamente diferente de “Hiroshima”, de John Hersey. Ele não acreditava em comparações entre esses dois (célebres) livros, visto sua modéstia elevada. Aliás, dentre tantos escritores que fizeram gêneros parecidos, poucos escaparam de sua crítica maldosa, como Lilian Ross em “Picture”. Capote era tão frio em seus julgamentos que chegou a um ponto drástico sobre “On the Road” de Jack Kerouac. “Isso não é escrever. Isso é bater à máquina”, revelou o escritor. Na realidade, ninguém poderia ser mais escritor do que ele, ou melhor, Truman Capote já se considerava o melhor, independente de qualquer outro.
Em 6 anos de apuração, Capote reuniu tantos dados, que poderia ter escrito um livro de até 2 mil páginas. Se julgava genial por ter escrito essa obra e, com razão, fez de seus “exageros”, uma realidade. Sempre foi muito polêmico e fez uma grande história no jornalismo (assim como hoje o lembramos). Ele poderia se gabar muitas vezes por ser um verdadeiro talento, pois afinal, ele era mesmo.
Seu livro seria adotado por ele como “non-fiction novel”, ou simplesmente “romance sem ficção”. Entre muitos outros que surgiram anteriormente, esse certamente causou bastante alarde sobre a população, sendo campeão de crítica e venda quando lançado em 1966. Capote iniciou o que hoje se chama de "new journalism", introduziu o jornalismo a literatura e trouxe um estilo novo de romance não-ficcional. O jornalismo literário devolveu o sentimento romântico que muitos jornalistas perderam com o passar do tempo, fez lembrar um sentimento esquecido, aquele que luta pela justiça e o bem comum. Trouxe, com o romance, aquela velha ilusão que temos com a literatura. O de nunca ser real, mas no jornalismo literário, um pouco de realidade é permitido para lembrarmos mais dos nossos fins como jornalistas.
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Luisa Jordana 27/11/2020

A Sangue Frio
Essa leitura foi tudo o que eu esperava e um pouco mais. A narrativa de Capote, em seu romance de não-ficção, como ele mesmo chama, é visceral e uma vez que se entra no enredo, é difícil sair. Mesmo quando você pausa a leitura, é uma história que fica na mente. Eu sabia sobre o que se tratava o livro, mas isso não me preparou para o que eu encontrei.
A família Clutter foi brutalmente assassinada em 15 de novembro de 1959 e o que conhecemos no decorrer da leitura são os pormenores desse crime narrados da forma mais fantástica. Conhecemos intimamente a vida dos Clutter, sobre a generosidade do Sr. Clutter, a fragilidade da Sra. Clutter, a gentileza de Nancy e a timidez de Kenyon. Passamos a conhecer a rotina da pacata cidade de Holcomb, no Kansas, antes e depois desse terrível acontecimento. Foi um choque para uma cidade tão pequena, que se enxergava como uma única família, ver quatro de seus mais célebres membros serem assassinados de modo tão cruel. Será que o assassino estava entre eles? A cidade voltaria a ser o que era? Capote também nos leva por uma viagem através da mente dos assassinos, quando conhecemos sua infância, seus anseios, sua rotina, permeando seu passado e presente, logo após a fuga do local do crime e o desfecho da investigação. Acompanhamos também toda a trajetória dos investigadores que empregaram um trabalho fenomenal para capturar os perpetradores do crime.
Apesar da escrita fantástica, não foi uma leitura fácil, não por rebuscamento ou dificuldade de compreensão dos fatos, mas porque foi extremamente pesada. A impressão que tive foi de que o autor conseguiu entrar na mente de todos os envolvidos no ocorrido, extraindo pensamentos e emoções das quais que nem eles mesmos possuíam conhecimento. Mesmo sabendo que uma tragédia irá acontecer, é difícil não torcer para que aquelas pessoas tenham um destino diferente, mais difícil ainda é internalizar que aqueles homens com vidas, dilemas, vontades, sentimentos, famílias e passados conturbados, são seres humanos e mesmo assim foram capazes de cometer um ato tão brutal, tão frio.
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Cinara... 20/07/2023

O sangue frio do ser humano...
"As pessoas não estariam tão alteradas se isso tivesse acontecido com outros que não os Clutter. Com uma família menos admirada. Menos próspera, menos segura. Mas eles representavam tudo o que as pessoas daqui valorizam e respeitam, e o fato de uma coisa dessas ter acontecido com eles - é o mesmo que alguém dizer que Deus não existe."

Acredito ser mais seguro viver na selva em meio á leões, tigres, cobras e todas as féras do mundo do que viver em sociedade com nossos semelhantes, pelo menos na selva você sabe da onde vem o perigo e como se proteger.
Leituras como esta pra alguém como eu que já não tem fé alguma na humanidade só reforça mais o sentimento de impotência perante outros humanos.
A escrita do Capote é incrível, sua técnica faz você acreditar que é apenas um triller, mesmo que por traz esteja um crime hediondo e real.
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