Amanda Viana 12/03/2014
Resenha postada no blog Geek & Pop
~link ao final
A história é ambientada em Portugal, nos arredores de Lisboa. De mesmo nome que sua autora, a protagonista Ana é uma garota de 13 anos que tem poderes paranormais desde que nasceu. Quando ainda pequena ainda, passou por um grande trauma causado pela separação de seus pais. Sua mãe era uma humana normal, que se casou com um homem com poderes paranormais, o que acabou transferindo seus genes para a filha. Não muito tempo depois, passou por outro terrível trauma, quando sua casa foi invadida por pessoas que só queriam usar seus poderes, resultando na tragédia do assassinato se sua mãe.
"A minha mãe estava morta, o meu pai nunca me procurou e não conheço nenhum parente de nenhum dos lados da minha família. Por isso, tenho-me a mim, mais ninguém." (p. 12)
Nos anos seguintes, Ana passou a viver no colégio semi-interno que recebia tanto alunos normais pela manhã, como os feiticeiros( como se auto denominam) pela tarde. Tudo isso em segredo! De manhã todos tinham aulas com disciplinas normais, como português, matemática e ciências. Já pelo restante do dia, apenas os feiticeiros permaneciam na escola, que para todos os efeitos era alunos internos, tendo aulas de feitiçaria, cada qual à sua série.
É justamente aí que ao meu ver está o maior furo da história: a falta de interação entre humanos e feiticeiros. Tubem que o segredo tinha de ser guardado, mas... não tem absolutamente nenhum diálogos com os outros alunos. E isso me deixou muito incomodada mesmo!
Mas continuemos... a narração é feita em primeira pessoa, sendo assim, Ana vai nos apresentando seu mundo. Os feiticeiros podem controlar praticamente tudo o que quiserem, até causar ilusões e levitar objetos. Mas, basicamente, existe três tipos diferentes que alcançam esses objetivos de formas distintas:
da mente: são os mais poderosos, que podem fazer tudo só com o poder da mente.
manopoderes (nas mãos): conseguem fazer todas as mesmas coisas, só que dependem de estar em contato físico para que possam usar os poderes no objeto ou pessoa.
da varinha: precisar canalizar toda a energia para um objeto auxiliar (no caso, a varinha) para fazer tudo o que os outros fazem.
E já que falei da narrativa... tem um trecho que me deixou com a pulga atrás da orelha. Em que a Ana desmaia e mesmo inconsciente podemos acompanhar o que se passa a sua volta. Mas espera aí! Como isso gente? Não, ela não saiu do corpo e viu tudo. Então, achei muito incoerente e mais um furo da autora.
"O bem trazia menos vantagens do que o mal. A batota trazia muito mais vantagens do que o respeito pelas regras que, por norma apenas nos permitiam isso, o respeito pelas normas morais. Por isso seria muito mais simples corromper o bem do que conseguir alterar o mal." (p. 109)
Ao decorrer da trama, Ana acaba descobrindo que algumas pessoas estão tentando recrutá-la para fazer parte de um grupo de resistência onde feiticeiros extremistas visam revelar ao mundo suas verdadeiras natureza e subjugar os humanos que há séculos os vem perseguindo - inclusive cita até a inquisição das bruxas na Europa. São grupos que podem até ser comparados aos terroristas que não vem limites para alcançar seus objetivos, com ataques surpresas.
"Numa sociedade em que a ciência é o centro de tudo, aquilo que não consegue ser explicado, é temido." (p. 142)
Mas, Ana não consegue entender como as pessoas podem ter se tornado tão más assim. Acredita que tudo seja causado por uma simples escolha errada... sendo assim, tenta a todo custo se manter imparcial e honesta com as suas convicções. Ponto positivo para a personagem!
"Tu estás destinadas a grandes feitos. Não te esqueças, escolhe bem o teu caminho quando te forem mostradas várias alternativas." (p. 48)
Na história, Ana também tem um namorado feiticeiro, o Viktor, com dezesseis anos. Os dois possuem uma relação séria, essencial para vida da personagem. É quem dá todo o apoio à ela. Poréeeeem... achei um pouco forçado. Muitas vezes, a Ana não parecia ter apenas 13 anos. parecia ser bem mais velha. Ainda mais na companhia de Viktor! Além disso, eles ficam num lenga-lenga interminável rodeado por inseguranças. Tipo, " aaaah, acho que não sou boa (bom) pra você", que deixou os diálogos bem repetitivos.
"Todos os dias basta olhar para ti e receber um sorriso teu em troca para que o sol brilhe durante todo o meu dia. Quando te vejo triste sento que tenho alguma coisa cravada no peito." (p. 27)
"Tudo o que é feito de forma recorrente, passa a ser comum e perde toda a intensidade. E eu prefiro que os nossos momentos sejam especiais, todos eles. Para além disso, como me disseste, a eternidade espera-nos o que, por sinal, é bastante tempo." (p. 104)
E pra justificar só as minhas duas estrelinhas, senti que a autora enrolou muito no enredo e apenas especulava e acompanhava o cotidiano da protagonista. Quando o desfecho finalmente chegou, senti o tal do anti-clímax, o que era pra ser a grande sacada da história acabou se perdendo. Não me agradou de jeito nenhum!
Por ser um livro escrito em português de Portugal e o primeiro que li assim, tive um pouco de dificuldade para ler num ritmo mais acelerado. Algumas palavras eram estranhas... mas que ao terminar a frase eu já sabia o que significava por causa do contexto. Desse modo fui me acostumando aos poucos.
Sobre a capa, ela é muito bonita, mas seria mais coerente se a personagem fosse mais velha. Essa modelo não faz o tipo que tenha só 13 anos, não acham?
As páginas são amarelas e a diagramação está impecável, com letras grandes que não cansam a vista. Enfim, neste quesito, a editora teve sucesso!
site: http://geek-pop.blogspot.com.br/2014/03/resenha-ana-vichenstein-feiticeira-da.html