Mar de papoulas

Mar de papoulas Amitav Ghosh




Resenhas - Mar de Papoulas


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Sabrina 15/09/2011

Uma obra digna de Nobel
Mar de Papoulas, do indiano Amitav Ghosh, é um daqueles livros que tem cara de Prêmio Nobel. A falta de pontuação nos diálogos, a língua diferente que retrata o modo de falar dos lascares, que obriga o leitor a se esforçar para entender, e a rica construção da teia de personagens monstram o grande talento do escritor.

Gosh não cai no senso comum dos romances. Com passagens vívidas, personagens marcantes, e uma fidelidade histórica impressionante, ele nos mostra claramente o imperialismo na Índia, retratando uma das faces mais cruéis da dominação inglesa na sua então colônia: a produção de ópio, que era exportado para a China, onde criava verdadeiras populações de viciados na droga.

O jornal "Sunday Times" retratou o livro como tendo o estilo de Dumas, mas também com a penetração de Tolstói, e emoções dickensianas. Acho que não há como descrevê-lo melhor. As aventuras realmente trazem a empolgação similar às proporcionadas pelo escritor de Os Três Mosqueteiros, transportando o leitor para a Índia do final do século XIX, devorando vorazmente cada página para saber o desenlace. E os desenlaces é o que há de melhor.

Traz ainda reflexões profundas sobre a sociedade da época, como por exemplo quando o capitão do navio Ibis diz: "Não somos diferentes dos faraós ou dos mongóis: a diferença é apenas que, quando matamos gente, somos compelidos a fingir que é por alguma causa elevada. É esse fingimento de virtude, garanto ao senhor, que jamais será esquecido pela história". Essa é uma brilhante colocação de como olhamos para esse período histórico.

Mas o romance não se reduz a colocar alguns personagens para dar vida a história. Também traz reflexões sobre a vida em geral, sobre o amor, sobre as emoções cotidianas.
Traz ainda aspectos marcantes das etnias e castas que formavam a Índia, trazendo aspectos de sua cultura, de sua língua, de seus costumes.

Apesar de querer devorar o livro, o melhor é ir lendo aos poucos, para absorver todos os ricos detalhes dessa cultura e desses aspectos de uma sociedade tão diferente da nossa. Só assim o livro se mostrará em todo o seu valor. E o valor, acredite, é altíssimo, digno dos maiores prêmios da literatura mundial.
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