Cangaceiros

Cangaceiros José Lins do Rego




Resenhas - Cangaceiros


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Isaqsf 27/09/2023

Como se sabe, é um complemento de " Pedra bonita ". Porém, um complemento onde traz a tona toda a real desgraça do sertanejo, acometidas por Volantes, e cangaceiros, expondo toda a verdade nua e crua, sobre cangaceiros e Volantes.
Uma hora você tem em mente que os cangaceiros são heróis, outras, que são anti-herói s!
Mais uma obra magnífica deste grande escritor, onde se pode mergulhar nesse mundo de serrtão sofrido, porém com uma beleza imaculada diante de tantas desgraças que se acometem nele!
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Paulo Silas 13/07/2011

Impressões sobre o livro ‘Cangaceiros‘, de José Lins do Rêgo

RÊGO, José Lins do. Cangaceiros. 5. ed. Rio de Janeiro, RJ: J. Olimpio, 1973. 280 p.

***



E os cabras se esgueiravam como lagartixas. Cuidadosos, arguciosos, prontos para o bote; atentos a qualquer ruído!

E deixavam entrar, não somente pelas narinas, mas também alma adentro, a quentura daquelas terras combustas do Sertão nordestino. Aquelas terras que, por não ter suficiente água e compaixão para lavar a desgraça da seca, eram lavadas pelo sangue que se derramava tal como o sangue das criações. Terras de almas penadas que andam escanchadas pelas tortuosas cercas das estradas vermelhas. Terras dum profundo atavismo que direcionava os filhos a viverem a mesma desgraça dos pais, dos avós, dos bisavós, dos trisavós e dos mais distantes parentes. Terras controladas, ao mesmo tempo, pelo medo da morte e pela avassaladora loucura de jogar-se perante àquela mesma morte e, com os dentes escangalhados duma ferocidade animalesca, dominá-la com as mãos e mandá-la ir viver para além dos limites do mar. Sim! Aquela terra! Aquele Sertão que, sob as forças de fortes rezas e de miraculosas mãos de padres santos, quase que se erguia como um mundo à parte. Um mundo com suas leis e seus preceitos. O mundo da cruz à beira da estrada. O mundo dos santíssimos palavreados. O mundo das cantorias feitas no copiá, nas varadas das casas. O mundo pintado pelas tintas vermelhas da secura. O mundo onde o domínio do cangaço se estendia e punha constante medo.

E os cangaceiros iam por debaixo dos abusados espinhos ressequidos. Por entre as veredas que conheciam de cor, porque o Sertão era desde sempre o reino no qual moravam e sobre o qual agora mandavam e desmandavam segundo os seus mais irrequietos caprichos. Lá iam eles. Se esgueirando eles iam. Como animais. Como se fossem os próprios animais que povoavam aquelas paragens místicas.

E a boca da noite se abria para comer o mundo.
Cangaceiros, pág. 38

Mas não só o Sol aparecia com suas mãos de unhas crescidas a rasgar a pele dos desafortunados habitantes do Sertão. Também a Noite aparecia.
E, quando isso se dava, ela vinha já com a boca aberta a mostrar os seus milenares dentes famintos. E, de sua boca imundamente obscena, saíam rememorações dos mais horripilantes assassinatos. Ecos de derradeiros brados. Pedidos angustiados por compaixão. Pedidos desesperados de vingança. E gritos de completo desvario: tenho meu filho assassinado e está com a minha mulher lá em cima enterrados. A mãe morreu de desgosto, morreu mesmo.
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Bruna Peixoto 25/07/2021

Essencial para quem deseja compreender o coronelismo vigente no interior do país no início do século XX. 
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Edmar.Candeia 31/03/2022

Clássico
Iniciei após a leitura de outra obra sobre o cangaço, e gostei pois também mostra os cangaceiros como eles eram. A angústia dos personagens é contagiante, e a cada página aumenta a vontade de avançar na leitura. Mesmo sendo uma obra de ficção, é muito próxima da realidade que escutei de pessoas que viveram a época.
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z..... 14/12/2019

HQ EBAL (Edição Maravilhosa Nº 89, publicada em 1954)
Adaptação em quadrinhos do romance de José Lins do Rego.
O aspecto mais positivo é a arte magistral de André Le Blanc (sempre muito classuda e primorosa), e o negativo é o desenvolvimento da história com texto demais (disposição enfadonha na leitura).
Tal qual o romance, a HQ tem duas partes, com as agruras e sofrimentos circunstanciais de Sinhá Josefina na primeira, e o destino de seus três filhos na segunda, envoltos no cangaço ou relutantes a esse destino.
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Lurdes 27/12/2022

Estou cada vez mais fã de José Lins do Rego. Dele tinha lido apenas, há muito tempo, Menino de Engenho.
Agora, em sequência, li Moleque Ricardo, Pedra Bonita e Cangaceiros.

Cangaceiros é continuação de Pedra Bonita e, como o próprio titulo diz, o foco é o cangaço.
Em Pedra Bonita os cangaceiros apenas rondavam os personagens e íamos conhecendo seus modus operandi, mas agora a narrativa é movida pelo cangaço e suas ações violentas que provocam grandes e pequenas tragédias na população inocente.
Um destes inocentes segue sendo nosso protagonista Bentinho, que já era vítima de preconceito por ter sua origem em uma terra e uma família amaldiçoadas.
Após seus únicos irmãos se tornarem cangaceiros, sua vida fica irremediavelmente marcada.

Aparício, um dos irmãos, já era um cangaceiro conhecido e temido por sua violência e crueldade. Logo Domicio, antes tão gentil, segue os passos do irmão, para tristeza de Bentinho e de sua mãe.

Muitos consideram que Bentinho não conseguirá fugir de seu destino e que irá sucumbir ao cangaço.
Mas Bentinho tenta, com todas as suas forças, se manter longe da violência e levar uma vida tranquila, principalmente depois de se apaixonar por Alice.

A narrativa do autor, como sempre, é segura e contundente.
Interessante como ele se exime de pré julgamentos, mas não deixa de expor toda a crueldade com que agem os cangaceiros que, ora se apresentam como oposição e defensores dos pobres, mas cometem verdadeiras atrocidades contra estes mesmos desvalidos, não respeitando nada nem ninguém.

Uma estória crua e cruel, mas que sempre guarda lugar para sentimentos como amor, lealdade e amizade.
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Wagner 15/05/2016

A MÃE DE APARICIO

(...) - Sai de minha casa, assassino, ladrão, vai para a caatinga matar os inocentes de Deus. Tu não me pega, não. Tu não me arranca a madre infeliz que te pariu (...)

in: REGO, José Lins do. Cangaceiros Rio de Janeiro: José Olympio, 1956. pp118.
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