spoiler visualizarAna Vitória 04/08/2013
Crítica Triângulo Rosa
Antes de escrever a crítica quero declarar o meu amor ao tablet! Estou adorando usá-lo e como os aplicativos permitem que aumentemos o tamanho das fontes, o brilho da tela e a cor da página, a leitura fica muito mais fácil. Estou lendo em ritmo frenético, e desde a semana passada até o dia de hoje já finalizei a leitura de três títulos diferentes! Meu amor pelos exemplares físicos é eterno, mas como em relação aos livros eu sou poliamirista, dá para amar dois ao mesmo tempo, né?
Há muito tempo queria ler Triângulo rosa e o encontrei por um bom preço no Kindle (Amazon). Se o exemplar físico custa em média R$48,90, o livro virtual saiu por R$35,70. Se a diferença é superior a R$10,00 acho que vale à pena fazer a compra.
Eu já tinha ouvido falar dos triângulos rosa, a categoria criada pelos nazistas para identificar os homossexuais nos campos de concentração. Mas apesar de ser historiadora não cheguei a esse conhecimento por via acadêmica. Muito se fala sobre os judeus, mas pouco sobre os homossexuais, comunistas (triângulo vermelho), "antisociais" (triângulo preto; esse também era direcionado às lésbicas), ciganos (triângulo castanho), testemunhas de jeová (triângulo roxo) e demais perseguidos pelo III Reich.
A obra é uma biografia de Rudolf Brazda, o último triângulo rosa sobrevivente, falecido em 2011 com 98 anos de vida. Seu biógrafo, Jean-Luc Schwab, conviveu um bom tempo com ele, fazendo entrevistas, compilando documentos e outras fontes. A narrativa possui qualidade impecável, e confesso que por diversas vezes tive que me segurar para não chorar. A sensação é que você não está lendo uma obra biográfica, mas sim uma ficção pela riqueza de detalhes e estilo adotado pelo autor, que fugiu da narrativa maçante típica de várias biografias.
O livro não só conta a história de Rudolf como também vislumbra a de outros companheiros que fizeram parte de sua vida. O autor foi fiel aos lugares em que Rudolf passou e também às datas, tendo a decência de confirmar por outras fontes, não apenas a oral.
O epílogo é muito interessante, pois o autor versa sobre o processo da pesquisa, a sua convivência com Rudolf e os problemas que surgiram pelo caminho, entre eles a briga com um outro biógrafo. Ele também destaca a mesquinhez carregada de preconceito de pessoas que tentaram diminuir a importância da memória de Rudolf ou desacreditá-lo. Isso mostra como muitos tentam apagar a memória para justificar seus próprios preconceitos.
De forma magistral Jean-Luc consegue atingir seu objetivo, que é resgatar a memória do triângulo rosa e a necessidade de evitar que coisas semelhantes voltem a acontecer. E existe forma melhor de fazer isso que não seja combatendo a discriminação?
"De forma mais ampla, a tocha passa agora a todos aqueles e aquelas que, num espírito de vigilância, são contra a discriminação e os extremismos de todos os matizes. A história de Rudolf nos ilumina e nos encoraja a não deixar acontecer. Porque somos conscientes de que os mecanismos e a retórica dos quais os campos de concentração foram o auge perduram ainda hoje, embora a história recue" (Jean-Luc Schwab).
site: http://www.daterceiraonda.blogspot.com.br/2013/06/critica-triangulo-rosa-um-homossexual.html