Ensaios Céticos

Ensaios Céticos Bertrand Russell




Resenhas - Ensaios céticos


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Paulo 19/08/2012

Breve nota de leitura
Fui lendo os ensaios desse livro ao longo de muitos anos. Em todos esses diferentes momentos, o pensamento claro de Russell foi de alguma utilidade para mim.

Os primeiros ensaios do livro são os mais importantes e consistentes do ponto de vista filosófico. Vale releitura para considerar o sentido de ciência, racionalismo, ceticismo.

Nos últimos ensaios, ele se propõe algumas previsões sobre o futuro da sociedade e acaba falando algumas maluquices, apesar de fazer algumas idealizações bem interessantes.
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Ricardo Silas 15/11/2014

Lições filosóficas para livres pensadores
A trajetória racionalista de Bertrand Russell é formada, em parte, por uma intransigente defesa do humanismo secular, da ciência e do ceticismo. Todos que o conhecem sabem que a influência do seu trabalho perdurará por várias gerações. No século XX, ele presenciou as piores crises que a humanidade sofreu na era moderna: contemplou os restos mortais e os escombros das duas Grandes Guerras Mundiais e enfrentou o temperamento obscuro de religiosos e políticos fanáticos. A nossa história contém abundantes registros de que, enquanto milhões de pessoas empreendiam a violência e o dogmatismo, poucos faziam oposição a esses impulsos da estupidez humana. Enquanto as propagandas de governos incentivavam o ufanismo doentio, Russell estava lá para combatê-las, sem nunca deixar de propor soluções racionais para os problemas de sua época. Foram raros os filósofos que desafiaram, com ousadia, as mais variadas formas de autoritarismo, tendo que enfrentar prisões, censuras e até mesmo ameaças de morte.

Por volta de 1920, Russell escreveu 17 ensaios filosóficos que serviram de matéria-prima para forjar uma de suas obras mais grandiosas e cristalinas: Ensaios Céticos. O livro reúne pensamentos sobre política, educação, filosofia, religião e ciência, e é possível notar que, graças a esse trabalho, a Filosofia obteve maior credibilidade em várias regiões do Ocidente. Que os líderes das grandes potências mundiais, por várias vezes, já estiveram dispostos esmagar nações inteiras, disso ninguém duvida. Basta recordar o que ocorreu em agosto de 1945, quando as bombas nucleares docilmente apelidadas de “Little Boy” e “Fat man” foram lançadas pelos EUA nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki; ou quando a Crise dos Mísseis em Cuba quase culminou em uma guerra nuclear entre os soviéticos e os norte-americanos. Mas muito antes que a Guerra Fria congelasse os corações humanos, a atitude filosófica advogada por Russell tentava nos conduzir a um desfecho diferente da extinção da nossa infantil espécie. Ao refletir sobre o mundo civilizado, Russell planejava abolir os obstáculos que impediam as pessoas de serem céticas, racionais e, sobretudo, amáveis.

O ceticismo que Russell sugeriu em seu livro é compreendido em três partes inseparáveis:a) “quando os especialistas estão de acordo, a opinião contrária não pode ser tida como certa” (a menos que possua evidências que a suportem); b) “quando não estão de acordo, nenhuma opinião contrária pode ser considerada correta por um não especialista” (Richard Dawkins entendeu esse item quando disse que, caso a Evolução se prove como errada, a refutação terá vindo de um cientista, não de um idiota); c) “quando todos afirmam que não existem bases suficientes para a existência de uma opinião positiva, o homem comum faria melhor se suspendesse seu julgamento”. Porém, “suspender o julgamento” não é igual a “suspender a investigação”, que deve continuar enquanto estivermos vivos.

A humanidade vive um momento no qual os recursos naturais e tecnológicos estão disponíveis para promover o nosso bem-estar. No entanto, faltam-nos os recursos morais que nos tornem capazes de fazer bom uso da natureza e da tecnologia. Uma mente cética está ciente de que o método científico, embora tenha suas imperfeições, é o ponto de partida mais prolífico que existe. É o que nos faz buscar fundamentos racionais para as opiniões que desenvolvemos, não de forma apaixonada, como dizia Russell, mas com lucidez e comprometimento com a verdade. Russell reconhece que, no campo das ideias, “a paixão é a medida da falta de convicção racional de seu defensor”, e percebeu, diante disso, que “opiniões sobre política e religião são quase sempre defendidas de forma apaixonada”. A falácia wishfull thinking pode resumir esse estado emocional em que o indivíduo acredita no que lhe soa agradável, não no que é verdadeiro. O desejo de acreditar em algo sem evidências simboliza a conspiração de crenças ilusórias contra a racionalidade. E quanto mais agradável uma crença ou opinião aparenta ser, mais cuidado devemos tomar para não cairmos em superstições ou em ideologias cegas.

Os ensaios deste livro deixam o alerta contra os perigos de uma educação dogmática e patriótica, que envenena a razão e sabota o pensamento crítico. Se as crianças continuarem a ser ensinadas a idolatrar autoridades mundanas ou sobrenaturais, ou a confiar cegamente no propósito que os poderosos lhes impuseram, o nosso futuro será formado por indivíduos sem imaginação, sem conhecimento e, o que é ainda pior, sem amor. Mais do que uma força racionalista e humanista, Russell é uma fonte inesgotável de inteligência para as pessoas que buscam um mundo justo e benevolente. E são essas as mensagens que precisamos levar adiante.


http://www.universoracionalista.org/os-ensaios-ceticos-de-bertrand-russell/
Isabel 23/12/2015minha estante
Ótima resenha, Ricardo. A leitura de Russell sempre acrescenta algo na minha vida.


Ricardo Silas 23/12/2015minha estante
É um banho de lucidez a cada página, Isabel.


digo26 31/12/2015minha estante
Ótimo comentário.Vou comprar os livros dele em janeiro pela Amazon.Também chegou ao Brasil o Box Filosofia Ocidental do mesmo autor.Também quero ler "Por que não sou cristão".Eu tenho quase certeza que será um dos pensadores que mais vou admirar,ao lado de Nietzsche e Foucault.Adoro pensamente racional filosófico crítico.




Ricardo 31/03/2022

Livro profundo!
Russell faz uma análise muito profunda sobre a sociedade em geral. Desperta no leitor o desejo por construir um senso mais crítico em relação a existência. É um livro que analisa o passado para refletir o futuro. Indispensável para todas pessoas que desejam sair de uma educação superficial. Principalmente nos dias de hoje onde valores retrógrados são colocados como verdades. Porém, não passam de armadilhas para tolher e aprisionar o pensamento humano. O ser humano é constituído para sempre avançar mais. Ideias caducas devem ser abandonadas para que possa crescer em humanidade.
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Vinicius R. 22/10/2013

Aconselho para todos que desejam conhecimento cético. (Ideias irão surgir ao longo da leitura).
Livrinho de incríveis insights com uma acessibilidade mediana - para alguns ensaios você terá que ter algumas noções específicas de história e filosofia. Dirijo esse livro à todos que querem adicionar conhecimento político e filosófico no seu currículo intelectual.
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Ronald 24/04/2016

Um mergulho profundo na sensatez de Bertrand Russell
"Gostaria de propor para apreciação favorável do leitor uma doutrina que pode, temo, parecer bastante paradoxal e subversiva. A doutrina, nesse caso, é a seguinte: não é desejável acreditar em uma proposição quando não existe nenhum fundamento para supô-la verdadeira."

É assim que Bertrand nos convida para apreciar a dúvida e questionar a sociedade que nos rodeia. A proposição principal é simples: questione tudo. Não siga cegamente ideologia alguma. Não se deixe levar pelo apelo de autoridade ou por paixões pessoais. O ceticismo pode e deve ser aplicado em tudo: na religião, na política, na pedagogia, no jornalismo, na vida social e é claro, na ciência. Não tirar conclusões sem antes verificar a maior quantidade possível de variáveis e exigir evidências de todas as proposições é o princípio do bom julgamento e da sabedoria, coisas tão escassas desde 1920 quando Russell escreveu esses ensaios. Vivemos em um mundo sufocado por misticismo, fundamentalismo religioso, políticas públicas falhas, técnicas pedagógicas questionáveis e um individualismo assustador. Uma mente inquieta logo é sufocada pela massa que está "zumbificada". Pseudociências têm ganhado cada vez mais espaço no meio acadêmico, na medida em que templos religiosos se enchem cada vez mais de pessoas com os credos mais absurdos possíveis. Para Russell, apenas o ceticismo pode reverter a situação pela qual a humanidade tem passado e dar esperanças em um futuro mais promissor.
Kaline 24/04/2016minha estante
Esse livro:




Marcal4 23/04/2023

Várias reflexões
Gostei muito, consegui tirar muitas reflexões. Em alguns momentos tive a sensação de estar me perdendo um pouco na leitura e deixando passar algumas ideias, mas no geral curti bastante.
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Leonardo T. 16/03/2017

Uma estrela para a editora!
Dei uma estrela pra a editora! A L&PM pocket que fez um desserviço e publicou uma edição faltando os dois últimos artigos! Ao invés dos artigos, colaram uns contos de sei lá quem é deixaram o livro descontinuado e sem revisão!
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Luiz Pereira Júnior 21/07/2017

Para pensar (mas não necessariamente concordar)...
Acredito que um dos maiores elogios que se possa fazer a um livro é que ele nos fez pensar. E esse é o caso de "Ensaios Céticos". De leitura acessível à maior parte dos leitores (sem esnobismos, nem discriminações), o livro é repleto de bons exemplos, de boas analogias e de uma fina ironia que transparece no decorrer de uma leitura mais atenta. Russel demonstra, dessa forma, que pensar com profundidade não é necessariamente sinônimo de ser ininteligível (eis outro excelente elogio, não acham?)...
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Lara 16/09/2022

Incrível
Chega a ser muito estranho tamanha racionalidade. Era realmente aguçada e, acima de tudo, humana...
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