Maria 15/12/2023
"Quando se sabe observar, é possível encontrar o espírito de um século e a fisionomia de um rei, mesmo em uma aldrava de porta."
De forma geral, gosto muito de livros do século XIX (não somente porque estudo História) e sou suspeita a falar, mas esse especialmente, por algum motivo, eu li com muita facilidade em poucos dias.
Um dos únicos pontos "negativos" são os capítulos monólogos do Victor Hugo. No segundo, acerca da Paris do século XV e do século XIX, foi especialmente uma leitura difícil porque: primeiramente, ele estava comparando as mudanças arquitetônicas do século XV ao XIX e, é claro, até os dias de hoje, até as mudanças que eram novidade já foram mudadas; segundo, eu não conheço bem assim nem a Paris dos dias de hoje. Toda essa ambientação é feita para quem vive em Paris em 1830; mas é uma experiência interessante de se ter. É claro que não deixa de ser uma enorme fonte historiográfica (e o Victor Hugo serve tudo), pois é muito rica em detalhes. Pessoalmente, fiquei com dó de pular e curiosa demais pra não ler
Há muitas críticas (algumas mais explícitas, outras menos). A sociedade medieval é retratada como algo cruel, cego e temente. Quasímodo sente bem este ódio e medo do desconhecido replicado sobre si. A exploração, mesmo que ainda curta, da ciência de Frollo é também bastante interessante; é claro que ele deveria ser um alquimista
Gosto de modo geral, da forma como ele apresenta os personagens, É interessante ter dado de bandeja capítulos acerca de quem são os personagens, quais são suas vidas, como estão interligados. É especialmente bastante rica a narração do Frollo. E Hugo faz com que a história rodopie e voe de tantas formas que, quando você acha que ele se perdeu, ele sabe exatamente como e onde continuar; é um tipo de escrita bastante fascinante e bastante típico de um livro de quase 200 anos.
Agora, com teorias e suspeitas, vou pra segunda parte. ( e eu fiquei especialmente triste pela Paquette Chantefleurie). Sinceramente, uma obra prima.