Sagas Vol. 2 Estranho Oeste

Sagas Vol. 2 Estranho Oeste Marcelo Amado
Christian David
Alícia Azevedo
Duda Falcão




Resenhas - Sagas Vol. 2 Estranho Oeste


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Noris 21/09/2014

Ótima combinação de weird e faroeste!
Continuando a saga de ler a coleção Sagas da Argonautas Editora, acabei o segundo volume que tem como título Estranho Oeste. A obra traz uma combinação de faroeste e terror em 5 contos de autores nacionais.

Antes de começar a resenha devo dizer que jamais leria uma história de faroeste se não fosse por essa obra. Meu interesse por faroeste sempre foi no audiovisual, graças as aventuras de Pica Pau e Pé de Pano e alguns clássicos do cinema. Então, antes de mais nada devo agradecer aos editores da Argonautas por acabarem com esse preconceito meu.

Com o prefácio do jornalista e crítico de cinema Thomaz Albornoz conhecemos melhor a mistura dos gêneros western e weird, com seu início, que se deu nas telas do cinema e não na literatura, em filmes como A Caveira Que Assobia e séries como The Phantom Empire, na década de 30. É uma breve e valiosa introdução que não apenas nos deixa dentro do cenário que virá como também nos dá dicas de materiais para correr atrás para se aprofundar no tema. Após o prefácio, Cesar Alcázar, um dos fundadores da Argonautas Editora, atiça nós leitores ao comentar sobre os autores e suas histórias.

Vamos aos contos?

Bisão do Sol Poente, de Duda Falcão. Kane Blackmoon é um mestiço caçador de recompensas. Em sua busca por um dos criminosos mais procurados da região, Hernandes Caldéron, Kane faz amizade com um índio sioux que lhe conta sobre uma entidade maligna que foi libertada e está envolvida nos crimes recentes do bandido. Juntos eles tentarão novamente prender aquilo que não devia ter sido solto. Duda Falcão abre a antologia com um ótimo conto, um dos meus preferidos, claramente inspirado no terror lovecraftiano. A capa do livro é inspirado nele, aliás. A história do personagem central é muito bem construída e nos faz desejar ver mais coisas com ele.

"Kane Blackmoon abriu as portas de todas as casas e encontrou o mesmo quadro de desespero estampado no rosto das vítimas. Isso quando ainda conservavam suas faces, sem terem sido desfiguradas por potentes garras."

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Aproveite o Dia, de Christan David. O pistoleiro Jeremiah Duncan decide entrar num saloon para se alimentar e descansar. Mas o lugar se revela uma péssima escolha. A dona dele, Mama Belle. é uma feiticeira vodu em busca de ajuda para quebrar uma antiga maldição, e vê em Jeremiah o seu possível salvador. Com um humor cômico intercalando com cenas de terror, Christian David nos entretém de maneira hábil e instigante. Não conhecia nada do autor e essa foi uma boa descoberta da obra.

"Aquela loucura toda era demais para mim, não queria saber de feiticeiras vodu, Loas ou feitiços de qualquer ordem, muito menos de traições, vinganças e mulheres enganadas. Essas últimas eram ainda mais perigosas do que qualquer coisa sobrenatural."

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Fé, de Alícia Azevedo. Uma freira em missão tem sua fé praticamente destruída após um massacre na vila que estava, onde crianças foram brutalmente assassinadas e ela, violentada. A protagonista sobrevive e é confrontada com um ser sobrenatural, que oferece a ela a oportunidade de vingança, caso ela lhe dê sua fé. Enquanto lia, pensei em Kill Bill, A Vingança de Jennifer e Machete. A ideia da mulher em busca de vingança é pouco explorada na literatura, até onde sei, ainda mais uma freira, e a Alícia Azevedo mandou muito bem aqui. Num outro nível, é também uma história contra o "progresso acima de tudo".

"- Não quero corrompê-los, quero que tenham a ilusão de impunidade e segurança para atingi-los onde mais dói e quando menos esperarem."

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Justiça... Vivo ou Morto!, de M. D. Amado. O pistoleiro Cole Monco é acordado com o som incessante e irritante de tiro próximo a sua casa. Ao verificar o que está acontecendo, encontra um jovem treinando a pontaria, ele perdeu a família e quer se vingar. Cole, que se identifica com o garoto, decide ajudá-lo e acaba se metendo numa série de intrigas que o faz reavaliar suas escolhas. Eu estava com uma expectativa bem alta para ler este conto do Marcelo Amado, porque o conheço como editor da Estronho, tenho muita admiração por ele e nunca tinha lido seus escritos. E se na vida quanto maior a expectativa, maior a decepção, na literatura não foi bem assim. Esse foi um dos meus contos favoritos da antologia. Assim como o de Christian, é muito bem intercalado o humor e o terror e a trama tem plot twists muito bem realizados.

"Depois de ter certeza de que o índio não mentia, Cole soltou Ayanna e desarmou o cão.
- O filho da puta teve o que merecia."

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The Gun, The Evil and The Death, de Wilson Vieira. Um bandido arrogante de nome Tom William Ketchum, em suas andanças para fugir da lei, acaba numa cidade isolada. Por conta da chuva, decide entrar numa cantina, aparentemente vazia. Quando um homem sai das sombras, ele é avisado que o lugar está fechado pois haverá um julgamento ali, mas enquanto parte do júri não chega, ele decidem papear. Wilson Vieira tem uma carreira imensa com quadrinhos de faroeste e isso é bem visível no conto, já que ele descreve muito bem o visual e os acessórios que o personagem usa, citando nomes e ano de fabricação. Mas eu não curti o linguajar técnico, as expressões em espanhol e nem a caixa alta. É algo que funciona bem nos quadrinhos, mas em textos literários me incomoda um pouco. Quase larguei o conto na metade, mas me forcei para continuar e a leitura melhorou do meio para o final.

"- BAH... Que MIERDA... Ainda bem que tudo aquilo foi só um pesadelo... Sei lá! Bem, mas agora o que preciso mesmo é de uma caneca cheia de mezcal! EI, TEM ALGUÉM AÍ?"

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O segundo volume de Sagas possui, como o primeiro, 144 páginas. Adquira o seu exemplar na loja CH: bit.ly/estranhooeste

E que venha agora o volume 3, O Martelo das Bruxas!

site: http://www.coisashorrorosas.com.br/2014/09/resenha-sagas-estranho-oeste.html
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Marcos Pinto 23/07/2014

Tiros, muito sangue e terror
Sagas – Estranho Oeste traz ao leitor um velho oeste diferente de tudo que você já viu. Unido aos tiros e desavenças entre brancos e índios, temos muitas mortes, terror, mortos-vivos e fantasmas. O livro é dividido em cinco contos, cada um mais criativo que o outro.

O primeiro conto do livro, Bisão do Sol Poente, de Duda Falcão, narra a saga de Kane Blackmoon, um caçador de recompensas que estava atrás do grupo de Hernandes Calderón, um bandido muito procurado. Porém, com o decorrer das páginas, descobrimos que Calderón está tendo uma mística ajuda e que Kane precisará de muito mais que alguns tiros para vencer seu inimigo.

Duda Falcão abre muito bem o livro com este conto. Aliás, na minha opinião, o melhor conto da obra. Além de ação e suspense, temos mortes, um pouco da mitologia indígena americana e muito de H. P. Lovecraft. Se não bastante, o personagem principal é bem trabalhado e a narração é muito boa, fazendo com que desejássemos que o conto não acabasse.

“A temperatura do deserto enlouquecia qualquer um que fosse fraco de espírito. Talvez, por isso, no velho e Estranho Oeste, tantos homens e mulheres se tornavam loucos. Cães desgarrados, prontos para salivar raiva sobre suas presas. Não por acaso, tiroteios eram comuns naquelas terras sem lei” (p. 19).

O segundo conto, Aproveite o Dia, de Christian David, relata a história de Jeremiah Duncan, um pistoleiro mais conhecido como “O Profeta”. Ao chegar a uma estranha cidade, Duncan ignora sua intuição que lhe conferiu o apelido e acaba por entrar em saloon. Porém, mal sabe ele que essa atitude irá lhe render belas e terríveis aventuras.

Desta vez, a presença do sobrenatural no conto não se faz através da mitologia indígena, mas do vodu. Além do terror, também temos doses de comédia, devido ao personagem principal ser um tanto medroso, o que não se espera de um pistoleiro. É mais um excelente conto e que cumpre o seu objetivo.

“Pisquei várias vezes depois que olhei para a mulher que me dava as costas no alto da escada e caminhava provocantemente para dentro de seu escritório. Subi as escadas com calma, uma nova sensação de visão dupla se apoderou de mim, fazendo-me ficar tonto” (p. 51).

O terceiro conto, Fé, de Alícia Azevedo, narra a história de irmã Beatrix, uma freira que tomava conta de uma missão. Porém, certo dia, o local onde a missão era realizada foi invadido e todos foram mortos, menos ela. A beira da morte e em uma profunda tristeza, ela recebe uma visita que mudará sua vida para sempre.

Eu não conhecia a escrita da autora e me encantei. Alícia soube criar uma personagem forte e destemida, além de muito obstinada. O desenrolar do conto me surpreendeu muito positivamente e o final foi inesperado, pelo menos para mim. Acredito que este conto daria um excelente livro, sem dúvidas.

“A escuridão se abateu sobre ela. As dúvidas afligiam seu coração. A vingança arranhava a sua alma. Fé? Sabia o que era fé. Sabia que era um ato livre de propósito e cheio de significado” (p. 73).

O quarto conto, Justiça... Vivo ou Morto!, de M. D. Amado, descreve a saga de Cole Monco e Josh Mackenzie. Este era um órfão de 17 anos e que queria vingar sua família; aquele, um pistoleiro que estava em um bom dia e resolveu ajudar ao garoto. Porém, mais mistérios envolvem a morte da família de Josh que Cole conseguiria imaginar.

Esse conto é um dos mais criativos do livro e também um dos mais surpreendentes. A mitologia indígena novamente volta a dar o ar da graça e gera um misto de terror e mistério no conto. Os personagens são bem delineados e a narração é muito boa, fazendo com as páginas virem-se uma atrás da outra.

“O vento, batendo nos cabelos empoeirados do garoto e balançando a velha placa de madeira do armazém de Billy Bronco, era testemunha do silêncio que se fez por quase dois minutos. As lágrimas de ódio rolavam pelo rosto de Josh Mackenzie (...)” (p. 94).

O último conto, The Gun, The Evil And The Death, de Wilson Vieira, fecha o livro em grande estilo. O autor narra a história de Tom William, um assassino orgulhoso e que enfrentará uma situação assustadora e desconcertante. Porém, o que o William não espera é que seu passado possa ser usado contra você.

Neste conto há uma mistura de terror e horror clássico, além de um suspense muito bem trabalho. Este é um conto que dará medo nos menos corajosos, principalmente o fim da narração. Wilson soube trabalhar muito bem os personagens e o cenário, tornando tudo propício para uma boa história de terror.

“O passado, o futuro e a evolução não contavam nada para aquele ser indiferente, agora pensativo. Seu momento era viver o presente com avidez, sem lamentações, desejos ou esperanças e ponto final” (p. 119).

Cada vez tenho me surpreendido mais com a editora Argonautas e com a qualidade de seu trabalho; os livros que li até agora são inegavelmente ótimos; possuem lindas diagramações e excelentes revisões. Sem dúvida alguma, eu indico o livro para todos que gostam de terror e para aqueles que têm saudades dos filmes de velho oeste.

Aliás, não recomendo somente a obra, mas toda a série e os livros da editora. Sem dúvida, você irá se surpreender.

site: http://desbravadoresdelivros.blogspot.com.br/2014/07/resenha-sagas-estranho-oeste.html
"Ana Paula" 28/07/2014minha estante
Eu gostei demais desse livro! A resenha tbm esta maravilhosa vio! Já coloquei na minha listinha de desejados!

bjo bjo^^




carlosmrocha 12/03/2012

Essa é uma série que estou curtindo pelo seu formato e proposta. Este é o segundo volume da coleção Sagas da Argonautas Editora (leia nossa resenha de Sagas 1). Saímos da Espada e Magia para o volume 2, Estranho Oeste (144 páginas).

O prefácio por Thomaz Albornoz é bom e se faz importante para os desavisados (como eu) se situarem quanto ao gênero dos contos que irão encarar adiante.

Em “Bisão do Sol Poente” de Duda Falcão (que também está aqui na Multivesos), acompanhamos a primeira aventura sobrenatural do pistoleiro Kane Blackmoon. Este tem como missão pegar um ladrão de bancos e seu bando, mas o que seria uma caçada comum, se transforma num enfrentamento com o estranho, sobrenatural e finalmente a descoberta da própria essência e novo propósito de vida do protagonista. O texto é gostoso de ler e nos faz mergulhar na ambientação e para mim foi o conto que se destacou nesta antologia. Afora disto, sinto que é melhor não dar mais muitos detalhes… Neste caso, penso que é melhor ler o conto ao invés de que ler sobre o conto.

“Aproveite o Dia”, foi o primeiro texto que li do autor Christian David. É um bom conto e acho que o que melhor captou o espírito de Estranho Oeste. O protagonista , Jeremiah narra a estória em primeira pessoa e traz um toque de humor, que a princípio rejeitei, mas acabei abraçando, pois durante o conto devido à consistência de suas ações e modo de pensar, o personagem acaba tornado-se convincente.

“Fé”, de Alícia Azevedo é um conto de vingança com uma pitada de pacto com o diabo. Também um conto sobre aqueles que tem fé e que de um jeito ou de outro, continuam mantendo esse modo de ver o mundo, mesmo que o objeto de sua fé se transforme. A freira Beatrix, busca vingança contra aqueles que destruíram a missão onde trabalhava e violaram seu corpo. Em seu caminho para atingir a vingança se disfarça de “inocente” viúva, mas na hora de fazer justiça com as próprias mãos, retoma seu velho hábito de freira. Encontrei algumas coisas interessantes neste caminho percorrido pela freira que fazem valer a leitura do conto.

Em “Justiça… Vivo ou Morto”, de M.D. Amado acompanhamos o pistoleiro Cole Monco que resolve tomar as dores de um garoto que teve a família morta. Mas algumas coisas estranhas começam a acontecer e Cole precisa de auxílio para resolver o caso. É um conto que começa de modo linear parecendo que vai para determinada direção, mas algumas reviravoltas (estranhas) fazem o leitor ficar sem saber o que poderá acontecer em seguida. Bem, no final, acaba o título do conto, “Justiça… Vivo ou Morto” acaba fazendo sentido.

E finalmente, “The Gun, the Evil and the Death” de Wilson Vieira que é um escritor desenhista com experiência no gênero western, acompanhamos o destino final do bandido Tom Ketchum. Com certeza é o escritor que mais arrisca no uso de meta linguagem para delinear seu conto. Diria que é um conto em que a forma de contar é tão importante quanto seu conteúdo e que ainda traz uma surpresa no final (um tanto bizarra), mas bem humorada que transforma o conto de algo esquecível em algo memorável. (Bom, pelo menos eu vou me lembra dessa doideira por um bom tempo). Enfim, talvez não tenha sido um conto carismático, daqueles que nos prendem ao enredo ou trazem identificação com suas personagens, mas que de algum modo, evoca imagens interessantes e recursos de narrativa incomuns.

Sagas, volume 2 é um livro que você lê “numa sentada” (ou cinco) e que constitui razoável divertimento. Confesso que gostei mais do primeiro (mas sou suspeito para falar devido a minha predileção pelo gênero Fantasia). Enfim, é um bom livro e eu recomendo, especialmente se tiver propensão a gostar do gênero western. Vai lá e pegue o seu e entre neste universo de tiroteios, espíritos indígenas, muito calor, desertos, pó, saloons, jogatina, whisky e outras bizarrices.
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Leitora Viciada 09/03/2012

Este é o segundo volume da série Sagas da Argonautas Editora e o tema escolhido é o Estranho Oeste. A edição é composta por cinco noveletas que seguem o estilo conhecido como Weird West. A qualidade gráfica presente em Espada e Magia foi mantida em Sagas 2 com uma bela capa feita por Frêd Macedo, representando a primeira história do livro Bisão do Sol Poente. Mas dessa vez, os autores participantes tiveram um desafio diferente com o tema de faroeste.

O prefácio escrito por Thomaz Albornoz é rico e essencial para o leitor se ambientar e compreender o Weird West. Mesmo quem nunca leu nenhuma história assim se sentirá à vontade, pois todas as informações estão nesta excelente introdução.
Estranho Oeste ou Weird West é um gênero que mistura o faroeste americano com outros estilos, geralmente o horror, o oculto, a fantasia. Um exemplo famoso recente é Cowboys & Aliens (livro, graphic novel e filme). O leitor recebe nesse prefácio um resumo da história do gênero com perfeição. Mais uma vez eu adorei o prefácio, digno de ser relido de tempos em tempos.
A introdução de César Alcázar vem em seguida apresentando de forma instigante as noveletas do livro e contando a origem dessa ideia.
Antes do início de cada história temos uma mini biografia de cada autor e o formato de bolso e qualidade das páginas e da diagramação foram mantidos.

Eu nunca li histórias do Estranho Oeste, fora alguns quadrinhos antigos do Tex que possuíam de vez em quando algo sobrenatural. Por isso, achei o tema diferente, interessante e novo para mim.
Um vasto território pode ser utilizado (o grande oeste dos Estados Unidos), com cowboys e índios, incluindo a cultura nativa indígena cheia de misticismo e ocultismo, saloons que recebem as mais estranhas figuras do faroeste e lendas recheadas de tiroteios e situações fantásticas e imprevisíveis. Bandidos procurados, mercenários solitários em busca de recompensa, xerifes destemidos, peles-vermelhas misteriosos... Tudo mergulhado num ambiente árido e sobrenatural, aonde qualquer coisa pode acontecer, por mais irreal que seja.
Em todo o livro, uma aura sombria passeia pelas páginas, a cada nova cena fantástica que ocorre. Encontramos personagens diferentes dos heróis comuns. Não esperem encontrar em Sagas 2 protagonistas bonzinhos. Até porque ser classificado como bom ou mal depende apenas de um determinado ponto de vista.

O primeiro conto foi escrito por Duda Falcão e seu título é O Bisão do Sol Poente. E esta noveleta originou a ilustração da capa. Esta história é excelente, detalhada, e muito bem escrita. Ótima escolha para iniciar a leitura e prender o leitor às próximas histórias.
Um caçador de recompensas descobre um rastro de assassinatos violentos quando procura por um grupo de ladrões. Uma personagem enigmática surge, um índio siox que conhece segredos da feitiçaria antiga e quer ajudá-lo. Ele parece saber muito mais do que aparenta. Uma boa história - adorei o lado oculto dela. O protagonista é um anti-herói muito interessante.

A segunda história é Aproveite O Dia de Christian David. Esta é a melhor do livro. O cowboy com habilidades sobrenaturais entra num saloon lotado de pessoas mais estranhas que ele. Existe uma garçonete peculiar e a comida é horrível. Ele nem imagina que forças místicas estão amaldiçoando este lugar esquecido e parado no tempo. A dona do estabelecimento é uma feiticeira vodu que o escolheu para um missão perigosa. História excelente e sombria, porém com uma pitada de humor. O protagonista é carismático e possui poderes originais.

Alícia Azevedo é a representante feminina da equipe de autores e escreveu Fé, com uma mulher como personagem principal. Aqui encontramos mais do que uma história de Weird West. Questionamentos ligados à fé e ao pecado, à morte e à vida, ao certo e ao errado se fazem presentes ao longo do elaborado enredo.
Uma freira dedicada sobrevive a um massacre, mas ela vê a destruição do amado local e o sofrimento que as crianças sofreram antes de serem assassinadas. Ela recebe dons de seu novo mestre e parte em busca de vingança. Outra história muito boa.

A penúltima noveleta é de M. D. Amado e é intitulada Justiça... Vivo ou Morto! Um pistoleiro encontra um jovem que perdeu a família. Ela foi assassinada e agora ele treina sua pontaria, se preparando para vingá-la. O protagonista decide ajudar o rapaz e entra numa sinistra trama, que envolve muito mais mistérios do que ele imagina. Reviravoltas, surpresas e um desenrolar da história fantástico. Muito bom. Mais uma aventura do protagonista pode ser encontrada em Cursed City, da Editora Estronho.

A última história é The Gun, the Evil and the Death, escrita por Wilson Vieira. Esta foi a única do livro que não gostei, não que seja ruim.
A premissa é ótima: Um pistoleiro sanguinário entra num estabelecimento vazio no local desolado onde acaba de chegar. Em vez de comida e bebida, ele encontra um senhor misterioso dizendo que um julgamento está para começar. Um julgamento macabro.
Porém o desenvolvimento da história me pareceu um pouco confusa. Os fatos são repetitivos, sei que essa tenha foi a intenção do autor - mas não gostei. O uso de palavras em capslock e de expressões estrangeiras foram um pouco exageradas e me incomodaram, além de não ter gostado do final, mesmo sabendo ser uma brincadeira, não era o que eu esperava para a história.

Apesar da última história não ter me agradado, as outras são ótimas. O livro é excelente e recomendado para leitores que gostam de gêneros sobrenaturais e se interessam por histórias de faroeste americano. A leitura é empolgante, de qualidade e nos deixa desejando mais páginas. Bang-bang!

Mal posso esperar para ler Sagas volume 3: Martelo das Bruxas.

Trechos:
"Era um índio sioux. Mesmo de longe, Kane era capaz de reconhecer as principais etnias indígenas. O homem montava um mustang marrom." - O Bisão do Sol Poente, Duda Falcão.

"Eram negros, vestiam casacas pretas sobre o peito nu, usavam cartolas e tinham os rostos pintados de branco. Reparei em apenas mais um detalhe não descrito pelo padre, ambos usavam coldres e mantinham as mãos prontas para a ação." - Aproveite O Dia, Christian David.

"Ela seria o juiz, o júri e o carrasco. Ninguém que tivesse a alma manchada escaparia ao seu ódio. Aquele era seu ato de fé: reivindicar as almas apodrecidas e retorná-las ao lugar que pertenciam, mas a fé podia ser mais do que isso." - Fé, Alícia Azevedo.

"Josh tentava fugir inutilmente daquele gigante choctaw que o segurou apenas com uma das mãos, enquanto pegava em sua bolsa um estranho amuleto." - Justiça... Vivo ou Morto! de M. D. Amado.

"Era uma excentricidade talvez, mas o Oeste estava repleto delas,portanto não o surpreendia mais. Ou talvez fosse um simples mágico, de algum circo mambembe, realizando o seu treino quotidiano de ilusionismo em troca de míseros cents." - The Gun, the Evil and the Dead, de Wilson Vieira.
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