Bárbara 30/05/2012Tradução horrorosa - o livro é fofo!Olha, não vou dizer muito sobre o livro: eu achei ele fofinho, cumpre o que promete, é rápido de ler. Pelo menos eu acho que é isso que ele promete huauhah. Não diria que foi o que mais gostei desse gênero, mas gostei bastante. Mas por favor, alguém pelo menos leia todas as minhas reclamações e me diga se estou louca! =(
O que me motivou a escrever essa resenha foi pra falar da tradução/revisão do livro. Que péssima!!! Várias expressões que soavam fora de contexto me chamavam a atenção pra erros de tradução. Como sei inglês, eu já conseguia até deduzir qual seria a expressão no original, que sim, foi traduzida literalmente pela tradutora (ou pelo google, sei lá, né, é o que parece). Eu baixei o original em inglês só pra poder comparar, e não deu outra. Os erros eram óbvios demais.
Como quando logo no começo eu li um "Não posso perder isso", num momento em que a personagem dizia sobre ter que manter a calma. A expressão é "I can't lose it", mas traduzida literalmente não faz sentido algum para nós. Perder isso o quê? No mínimo teria que ser "Não posso perder a calma" ou "Não posso perder o controle", se é pra tentar conservar a expressão (o que não acho que seja necessário, mas vá lá).
Outro exemplo de que me lembro agora é quando ela diz algo como "Satisfeita, são cinemas pequenos", o que não faz o menor sentido. Eu fui ver no original e - transcrevo de memória - tá escrito algo como "Granted, these are small movie theates". O significado pretendido, na minha interpretação era algo do tipo "Tá, eram cinemas pequenos. Mas eram três cinemas". Ou sei lá, pra ficar mais próximo poderia ser "Claro, eram cinemas pequenos". Enfim. Tudo menos "satisfeita". Tipo, wtf?
Fora outros erros do tipo: não traduzir nomes de filmes e livros, que aliás, foram todos publicados no Brasil, os citados, com as devidas traduções. Custava fazer uma pesquisa? O mais engraçado é que o único nome que ela traduziu, ela traduziu do jeito dela - "Balzac e a pequena costureira chinesa" -, quando aqui saiu como "Balzac e a costureirinha chinesa". Tipo, manooo? Custava? E o pior é que ela só traduziu uma vez, das outras ficou tudo em inglês. Nem o livro mais citado da história é traduzido, o "Como água para chocolate", que ficou "Like water for chocolate" o livro inteiro.
O que me leva a outro ponto. Total falta de padrão entre as siglas usadas ou não, nomes traduzidos ou não. A escola uma hora é SOAP. Outra hora é EAP. Outra hora dizem "School of America", outras dizem "Escola Americana de Paris". Decidam-se. E o pior é quando fazem uma piada em relação à sigla "SOAP" (que quer dizer sabão), e a tradutora deixa por isso mesmo, sem nem pôr pelo menos um aterisco explicando "A sigla, em inglês, quer dizer sabão, daí o trocadilho da narradora", sei lá, na falta de tradução apropriada. Todo mundo é obrigado agora a saber inglês?
Mas o pior, pra mim, foi na hora em que a amiga de Anna, Bridge, escreveu um e-mail a ela, acho que o primeiro dos e-mails. Daí a Anna no final fala tipo "calypgian" (não lembro como escreve, e obviamente o termo não foi traduzido), e fica "isso é a cara de Bridge", e começa a falar sobre a mania da amiga de comprar dicionários. E eu fiquei tipo wtf? Que calypgkdkjf o quê? Aonde tinha isso no e-mail? E claro que não tinha: a amiga deve ter usado uma palavra difícil pra bumbum malhado ou sei lá, a tradutora passou pro português na expressão mais comum, depois enfiou aquele termo não traduzido quando era pra ser uma palavra difícil. Tipo, oi? Nem parece que tava lendo o que traduzia, pra dizer o mínimo.
Outro deslize desse tipo foi quando o Étienne (que nomezinho, não? hahua) disse alguma palavra muito antiquada, acho, pra querer dizer que algo era "ruim" e a tradutora traduziu como "ruim", que para nós é totalmente normal de dizer. E por isso não faz sentido algum ele ter que explicar o que quer dizer ruim, muito menos a Anna pensar "Ruim? Que gracinha!". Enfim... custava, Brasil?? Cuidar dessa tradução?
E sim, eu sou chata mesmo. E vou acrescentar mais uma coisinha que me incomodou: o apelido da Meredith. A tradutora, imagino, optou por não traduzir, deixando como "Mer". Mas mano, toda vez eu que eu lia "Mer", minha mente completava com "Da". Mer-da. Desculpem, isso pode ser encheção de saco minha, mas pra mim foi mal pensado pro público brasileiro. Poderia ter sido "Mê" que taria bem melhor e bem mais normal. Quem aqui diria "Mer" como apelido? Nunca, acho! Nem sai natural esse som pro português, na minha opinião.
Enfim, são muitos errinhos como esses que me fazem pensar que vale MUITO mais a pena ler esse livro em inglês, eu fiquei tão incomodada com essas coisas que fui perdendo a fé no que tava lendo. Não parece ter havido esforço nenhum nessa tradução, muito menos uma revisão apropriada dela. Tipo, tradutor de inglês NÃO é difícil de encontrar, tem montes por aí perfeitamente capazes de fazer uma tradução boa. Não é, sei lá, russo ou húngaro, né?