Anica 16/06/2011
Na floresta do bicho-preguiça
Há pouco através de Para ler o livro ilustrado (de Sophie Van der Linden) reparei em duas constantes sobre os livros infantis: a primeira é o preconceito de que é bobagem, puro entretenimento e que nada tem a ver com arte. A outra é como faltam traduções de (bons) livros ilustrados aqui no Brasil, que venham justamente contrariar a primeira ideia que se faz desses. Especialmente os franceses, que parecem estar sabendo explorar muito bem a perfeita combinação entre texto e ilustração que essas obras pedem.
E agora a Cosac Naify lança Na floresta do bicho-preguiça, primeiro livro pop-up da editora. Obra dos franceses Anouck Boisrobert e Louis Rigaud, com texto de Sophie Strady, esse livro ilustrado chega justamente para mostrar ao público como é possível mesclar linguagem e imagem de forma rica, encantadora e – ok, o mais importante para as crianças – divertida.
Aproveitando-se ao máximo dos recursos que o livro pop-up oferece, Na floresta do bicho-preguiça é uma espécie de livro-jogo, convidando o jovem leitor a explorar a floresta em busca do bicho-preguiça. Além disso, narra uma história que alerta para os problemas da devastação, mas ainda assim tem um desfecho cheio de esperança, e muito bonito: a página do homem replantando a floresta tem um recurso de “puxe-aqui”, e as sementes vão germinando num processo que lembra muito aqueles vídeos acelerados de nascimento de plantas, é realmente um efeito belíssimo.
Além disso, a própria floresta, que ainda conta com o barulho que o livro faz ao abrir a página – é quase como o de estar entrando em uma floresta e pisando nos pequenos gravetos que ficam no solo. E o processo que vai da apresentação da floresta até sua devastação também é muito bem retratado, indo de uma lindíssima combinação de verde e marrom e chegando ao domínio do branco (o nada).
Para manter a coerência com o tema abordado pelo livro, a editora também teve o cuidado de usar tinta de soja ecológica, além de possuir o selo FSC, que comprova que o papel utilizado veio de floresta gerenciada de maneira ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável. Resumindo, é um livro verde em todos os sentidos da palavra.
Até por suas cores bem vivas chama a atenção de crianças de mais de 6 meses, embora essas ainda não possam compreender o sentido da história, há uma tentativa de tocar nas ilustrações que saltam da página. Para as mais velhas vale a pena chamar a atenção para a brincadeira de procurar a preguiça, e junto com isso buscar chamar a atenção da criança para assuntos de natureza ecológica.
Além de belo, é um ótimo exemplo de como tem coisa boa lá fora para ser traduzida para as crianças daqui. O contato com livros como esse, com recursos diferentes tal como o pop-up, acabam despertando o amor pelo livro, fazendo com que a criança veja no objeto uma fonte de prazer e diversão, não só de obrigação como acontecerá ao chegar na escola. Recomendadíssimo para pais que estejam montando pequenas bibliotecas em casa para seus filhos.