Andréa Bistafa 25/07/2011Essa e outras resenhas em http://www.fundofalso.com "Desde que nasci, sou a menina com a irmã doente. A vida inteira ganhei pirulitos extras dos caixas do banco, os diretores da escola sempre sabem meu nome. Ninguém é abertamente malvado comigo.
Isso me faz imaginar como seria tratada se fosse igual a todo mundo." pág.140
Esse é um daqueles livros em que eu não consigo resenhar como gostaria, pelo simples fato de ter gostado de mais.
A Guardiã da Minha Irmã conta a história de Anna. Ela não está doente, mas parece estar. Aos treze anos, já passou por inúmeras cirurgias, transfusões de sangue e internações, para que sua irmã mais velha, Kate, possa combater a agressiva leucemia que a castiga desde pequena. Anna nunca questionou seu papel... até agora.
Como a maioria dos adolescentes, ela está começando a buscar sua identidade. Mas, ao contrário da maioria dos adolescentes, ela sempre foi definida em função da sua irmã. Até o dia em que toma uma decisão que para grande parte das pessoas seria inconcebível, que vai destroçar sua família e trazer consequências fatais para sua irmã que ela tanto ama.
Primeiramente, leia esse livro sem qualquer forma de preconceito. Não tente julgar a irmã Anna, a mãe Sara ou o pai Brian. Todos eles tiveram seus motivos para tomar as decisões escolhidas durante a longa jornada de Kate.
"Na minha vida, no entanto, o prédio estava pegando fogo, uma das minhas filhas estavava lá dentro... e a única oportunidade de salva-la era mandar minha outra filha, porque ela era a única que sabia o caminho. Eu sabia que estava correndo um risco? Claro. Eu Sabia que talvez isso significasse perder as duas? Sim. Eu entendia que talvez não fosse justo pedir que ela fizesse isso? Sem dúvida. Mas eu também sabia que era a única chance que eu tinha de ficar com as duas. Foi legal? Foi moral?Foi uma loucura, uma tolice, uma crueldade? Não sei. Mas sei que foi o certo." pág. 416
Contada com intensidade, a história de Kate e Anna nos mostra como uma doença pode desestruturar uma família unida e feliz. Mostra as dificuldades de cada passo, a responsabilidade de cada decisão, e o mais importante, como o amor pode ultrapassar barreiras.
"Pela primeira vez na vida, começo a entender como um pai pode bater no filho - é porque você pode olhar nos olhos dele e ver um reflexo de si mesmo que desejava não ter visto." pág.176
O livro é narrado em momentos por Anna, Sara, Brian, Jesse o irmão mais velho que tem passagens rápidas mas de extrema importância para o contexto familiar, Campbell que é o advogado contratado e Julia, a curadora ad litem do caso, que tem um romance mal resolvido com Campbel.
O leitor é capturado no meio dessa tempestade de sentimentos contraditórios entre as narrativas, absorvendo cada problema e se afeiçoando a cada personagem.
"Os médicos podem ser quem decide em que frente atacar, mas são os enfermeiros que tornam o conflito suportável." pág.242
O drama médico, envolvendo a doença de Kate é muito bem explorado, mesmo com muitos termos médicos, em momento algum a autora deixa de esclarecer o leitor.
Em várias passagens senti medo, senti dor, senti até mesmo aquela atmosfera hospitalar.
Eu poderia transcrever o livro todo aqui com suas lições de vida a cada página. Espero que você tenha a oportunidade de lê-lo, pois ele mudou muitos conceitos na minha vida, e posso afirmar com toda certeza, que pela minha família, faria qualquer coisa.
Uma obra inesquecível.