Soldados de Salamina

Soldados de Salamina Javier Cercas




Resenhas - Soldados de Salamina


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Fabricio.Oliveira 30/08/2020

Javier Cercas
A cada livro eu me apaixono mais por esse escritor.
Esse livro tem um começo um tanto diferente, em relação a outras leituras que eu já tinha feito do autor. No começo, a falta de informações históricas sobre a guerra civil espanhola me atrapalhou um pouco a entender a quantidade de referências que o autor traz.

O livro é dividido em três capítulos, o primeiro eu considero o mais confuso, o autor inicia relatando seu interesse por um momento especifico da vida de dois personagens distintos, a vítima e o algoz de um fuzilamento no meio da guerra. O capitulo seguinte o autor dedica a investigar e demonstrar como foi a vida da suposta vítima do fuzilamento. Nesse momento a expectativa de um perfil heroico se inverte e passamos a conhecer o perfil de um destacado colaborador do regime fascista do general Franco nos anos de ditadura da Espanha.
O último capitulo o autor relata a busca pelo rastro do algoz, o soldado que teria salvado a vida do preso que deveria ter sido fuzilado. O terceiro e último capítulo Javier Cercas não economizou em sua genialidade narrativa, o capítulo deu um fechamento tão bem elaborado que todas as partes obscuras dos capítulos anteriores se esclareceram muito bem na minha compreensão. Javier Cercas é, na minha experiência de leitor, o melhor escritor estrangeiro vivo, um gênio, um professor, um mestre da narração.
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Edna 23/08/2020

Linha divisória
"Sanches Mazas é um bom poeta(....) Seus versos têm uma corda só, humilde e velhíssima, monótona e um pouco sentimental, mas a toca com maestria, arrancando daí uma música limpa, natural e prosaica, que só canta a melancolia agridoce do tempo que foge e, em sua fuga, arrasta a ordem e a segurança hierárquica de um mundo abolido(...) um mundo inventado e impossível do paraíso." Pág. 70

Sanches Maza que é o homônimo fictício do Autor, portanto essa é uma história real que gira em torno desse ponto:

"Eu fui assassinado pelos vermelhos."

Ainda ressoa em sua mente aquele dia e sua aventura no Collell, aqueles poucos minutos que antecedem à um fuzilamento, uma muralha de oito homens e "o agora ou nunca", várias metralhadoras colocadas atrás do grupo, os prisioneiros buscam o chão e nesse instante ele já está em fuga pelo matagal, e o que acontece logo após:

"Por aqui ñ tem ninguém! " ( um soldado avisando o outro)

Aquele momento cheio de mistério entre a vida e a morte, o olhar do soldado ao encontrar o seu moverá toda a história, a busca incessante para descobrir quem era esse soldado que nao o delatou e o por quê ?

Divididos em 03 partes, a história do fuzilamento, os nove dias e o encontro com as pessoas que o salvaram, e 60 anos de buscas se passam até juntar a história de pessoas que junto com ele viveram aquele pesadelo, em uma narrativa em que o Autor nos inclui, dialoga deixando leve e nos fazendo sorrir entre um personagem e outro até ficar sabendo por Roberto Bolaño, escritor, da existência de Miralles, o provável soldado.

Mazas queria defender, com o facismo, uma espanha ideal, feita de ordem e hierarquia, mais do que o interesse material burguês, lhe interessava preservar seu ideal, seu Paraíso cristão ameaçado por homens como Miralles o soldado feito das massas, feito comunista mais por afetos do que por ideias, jogado na guerra como tantos outros, é estes que lutaram, a guerra nada teve de glorioso, além de dor e de milhares de mortos.

Um excelente contador de histórias fechando na terceira parte todas as pontas. 47/20

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Picón 25/04/2020

Bom a partir do terço final..
O livro é dividido em três partes que são diferentes (em estilo principalmente) entre elas. Faz metalinguagem em alguns momentos (coisa que autores em geral adoram, mas a maioria dos leitores não). Achei que a história do livro demora a nos cativar (o que comigo só aconteceu nas últimas 45 páginas). Com um começo um tanto chato, cheio de informações históricas sobre o cenário político espanhol da primeira metade do século passado. Depois, a segunda parte seria o livro do personagem Javier; e a terceira parte (com certeza, onde está toda a força da obra) é a busca por um elo que liga duas histórias e conferiria uma profundidade metafísica tanto para o livro dentro do livro (o fictício) como para o livro que estamos lendo.
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Rodrigo Brasil 19/04/2020

Javier e Bolaño juntos
O livro é uma aula de como usar o recurso da metaliteratura no texto.
Ele é dividido em 3 grandes partes.
Na primeira, conhecemos o personagem principal, Javier, um jornalista espanhol, e escritor fracassado. Ele resolve que irá escrever um novo livro, sobre uma situação da guerra Civil Espanhola, o fuzilamento no Collell. Nesta primeira parte, narrada em primeira pessoa, Javier introduz o tema. É interessante.
Na segunda parte do livro, a narração se torna em terceira pessoa, há uma descrição detalhada de fatos, pessoas e locais da guerra. Parece uma reportagem jornalística.
Este momento do livro, sinto que cai consideravelmente. É cansativo, monótono e com muitas informações que não agregariam no todo.
A terceira e última parte é o ápice do livro. Volta a narração em primeira pessoa com Javier como personagem principal, ele sente que o livro está pronto mas há elementos faltando. A entrada de Roberto Bolaño na história muda o foco de tudo, fica mais engraçado, traz novos personagens e filosofa sobre a literatura.
Aqui, é o ponto alto do livro, a entrevista de Cercas com Bolaño.
E a cena final, no asilo, Javier com Miralles é lindíssima, aquelas últimas 20 páginas valem o livro todo.
Javier é um mestre na escrita.
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Daniel263 18/04/2020

Dissecando um mistério
20º livro lido em 2020.

"Soldados de Salamina" é mais um envolvente romance-jornalistico de Javier Cercas. O autor investiga a história por trás do misterioso episódio de como Rafael Sánchez Mazas escapou de seu iminente fuzilamento.

Alguns anos antes da Guerra Civil Espanhola, o desajeitado intelectual Rafael Sánchez esteve envolvido com os fundadores da Falange - movimento político com inspirações fascistas.

O ideólogo, que sobreviveu a guerra e se destacou no governo de Franco, passou a vida toda se questionando sobre como conseguiu sobreviver. E o autor retrata a si mesmo investigando cada detalhe e personagem da história.

O final é inacreditável e sensacional... mas aí vocês têm que ler!
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PuddingPop 05/03/2020

Histórias dentro de histórias
Classifico Soldados de Salamina, do espanhol Javier Cercas, como um livro de dupla cognição e acredite, ele só saiu por causa do escritor chileno Roberto Bolaño, explico.

Dupla cognição porque ele tem a história sobre um fato específico da famigerada Guerra Civil Espanhola, cheia de ramificações e desdobramentos, que é o principal objetivo do livro e, consequentemente, dá título à obra, mas também, destarte, tem o relato do processo como essa história chegou até ele e como se desenvolveu, causando transformações na sua própria vida: Cercas é jornalista na origem, escreveu dois livros que não venderam nada (ele brinca com o fato durante o curso da narrativa) e resolveu sair do trabalho na redação de um jornal e se dedicar a ser escritor em tempo integral, cinco anos depois ele foi pedir o emprego de volta, mas totalmente transformado e modificado com o fracasso de não produzir nada relevante e, em consequência deste fracasso, o término de seu casamento, fatos que o deixaram à beira de uma depressão, além da certeza que não escreveria nunca mais um livro. Mas do nada essa história que beirava a ficção cai no seu colo, praticamente brigando contra o fato que estava a sua frente um novo livro, ele começa a pesquisar e se aprofundar na história, mas ele chegou a um impasse e, novamente, ele achou que a narrativa estava fadada a não alcançar as prateleiras das livrarias?

Ai que entra o Bolaño, Javier vai entrevistá-lo e papo vai e papo vem quando ele solta uma história e Cercas vislumbra uma conexão quase inimaginável com sua narrativa que estava estagnada.

Entre sua primeira tentativa de ser escritor e o lançamento de Soldados de Salamina se transcorreram mais de 10 anos, mas fato é que o livro se tornou um sucesso absoluto logo depois do lançamento e logo em seguida foi adaptado para o cinema com direção de David Trueba. Cercas finalmente podia ser um escritor full time sem o peso de ganhar dinheiro para sobreviver.

Um texto ágil, extremamente irônico, e um excelente contador de histórias, talvez esse seja o motivo por trás do sucesso de Javier Cercas.
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Daniela 04/03/2020

Metalinguístico
A melhor parte é quando fala sobre o fazer literário, o ofício e as intenções do autor, o que é um herói.
Tive que pesquisar bastante sobre o contexto histórico, no meio da Leitura, para entender melhor.
Os diálogos com o Roberto Bolaños e a instrospecção final são memoráveis .
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Carol | @carolreads 30/09/2019

Soldados de Salamina
Soldados de Salamina me surpreendeu positivamente, apesar de ter sido uma leitura um pouco irregular.

“Em uma inusitada mistura de realidade e ficção, Javier Cercas conta em Soldados de Salamina o momento mais dramático da vida de Rafael Sánchez Mazas, poeta e ideólogo da Falange, partido de sustentação do ditador espanhol Francisco Franco. Capturado por republicanos no fim da sangrenta Guerra Civil Espanhola, Sánchez Mazas é levado junto com dezenas de outros homens ao pelotão de fuzilamento, mas milagrosamente escapa dos tiros e consegue esconder-se num bosque. Lá, é encontrado por um soldado inimigo que finge não vê-lo e salva sua vida. O ato inexplicável do soldado está no cerne do romance de Cercas.”

O livro é dividido em três partes. No começo somos apresentados a um jornalista/escritor frustrado - assim como em “a velocidade da luz” o personagem se confunde com o próprio Cercas - que escuta a história de Sánchez Mazas e decide publicar um livro sobre a sua fuga do fuzilamento e do período que ficou foragido.

A segunda parte do romance é justamente o livro que o jornalista escreveu, chamado Soldados de Salamina. É aqui que a narrativa não parecia fluir...

Para minha surpresa, a terceira parte começa com o personagem admitindo que está faltando alguma coisa no seu romance, por isso, decide não publicá-lo. O jornalista volta para o trabalho e entrevista o escritor Roberto Bolaño (2666 e Detetives Selvagens) e, durante a conversa descobre o que faltava em seu livro: a história do soldado republicano Miralles.

Foi nesse último momento que o livro me ganhou, além de amarrar as “pontas soltas” da narrativa, apresenta várias reflexões sobre a guerra, destacando sua dualidade. Por que lutamos? Quem pode ser considerado herói? Por que agimos daquele jeito? No final, depois de toda violência, tudo aconteceu conforme planejado?

E aí, já leram algum livro do Javier Cercas? Gostaram?

site: https://www.instagram.com/carolreads
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Pedro Nabuco 25/03/2019

"aos povos nunca os moveram senão os poetas"
(há spoilers no decorrer do texto)

por que Cercas nos conta essa história? são páginas que levam a pensar na memória como ponte entre a vida e a morte. a todo tempo Cercas duvida da realidade das lembranças, do quanto de verosímil há quando contamos histórias. quanta verdade existe nos tomos que contam uma guerra, uma pátria? sobretudo, o que fica escondido, detrás dessa história, o que "é" a história para além do contado, é uma verdade ou um misto incerto de imaginação e lembrança? são questões que o livro suscitou-me.
Cercas conversa conosco o tempo todo, e é divertido dialogar com um escritor fracassado um tanto cético, um tanto azedo pela vida e ainda assim, um bocado jovem e desejoso. os personagens sobre os quais, o autor/personagem escreve em seu livro são extremamente interessantes e um tanto absurdos. Rafael Sanchez Mázas é real, foi um ideólogo da Falange espanhola, um movimento de direita que deu base intelectual ao surgimento do facismo na Espanha dando lenha à guerra civil de 1936. Miralles é um comunista espanhol que lutou durante quase 8 anos seguidos, emedando a guerra civil espanhola com a segunda guerra mundial, o que lhe rendeu metade do corpo coberto de cicatrizes e uma pensão do governo francês por ter lutado na legião estrangeira desse país. Miralles era um soldado republicano que estava presente no dia do fuzilamento de Sanchez Mazas, já no final da guerra civil, num momento em que este era prisioneiro, do qual ele absurdamente escapou com vida fugindo para um bosque quando os tiros começaram.no bosque um soldado republicano lhe encontra, olha em seu olhos com a arma apontada para ele, o reconhece, e quando chega o grito perguntando se há alguém por lá, diz "por aqui não há ninguém" e vai embora. Cercas passa o livro querendo descobrir porque o soldado simplesmente seguiu em frente, como se esse momento guardasse um segredo, algo metafísico, uma profunda verdade da natureza humana. e quer saber se este soldado é Miralles.
Roberto Bolaño, escritor chileno, foi quem contou a Cercas sobre a existência de Miralles, em conversa com Cercas quando esse busca saber se Miralles ainda está vivo para descobrir se ele foi o dito soldado, sugere que ele simplesmente invente que o dito soldado é Miralles, porque às histórias não interessam que sejam verdadeiras ou não, interessa o que sente o leitor, único juiz, ao lê-las. Cercas, porém, parece preso a um dilema ético/filosófico sobre a necessidade da verdade, também, sobre si próprio enquanto escritor.
no fim, Cercas escreve, e o faz de forma brilhante. Sanchez Mazas queria defender, com o facismo, uma espanha ideal, feita de ordem e hierarquia, mais do que o interesse material burguês, lhe interessava preservar seu ideal, seu Paraíso Perdido, cristão, tradicionalista, um local para cavalheiros como ele, ameaçado por homens como Miralles, um homem das massas, feito comunista mais por afetos do que por ideias, jogado na guerra como tantos outros, lutando durante quase oito anos, em diversos fronts. a guerra que um inflamou em poesias mas da qual nunca participou ativamente levou outros a lutá-las e a estes que lutaram, a guerra nada teve de glorioso, além de dor e mortos. mas, de algum modo, venceram, mais que os soldados nacionalistas, as histórias humanas. mais uma vez, e como em todas as guerras, venceu a poesia, que continua a mover-nos, ainda quando feita de lembranças, ainda quando a poesia tenha sido escrito por um grandessíssimo filha da puta como o facista Rafael Sanchez Mazas "de resto, Sánchez Mazas é um bom poeta; um poeta menor, quero dizer, que é quase tudo a que pode aspirar um bom poeta. Seus versos tem uma corda só, humilde e velhíssima, monótona e um pouco sentimental, mas Sánchez Mazas a toca com maestria, arrancando daí uma música limpa, natural e prosaica, que só canta a melancolia agridoce do tempo que foge e, em sua fuga, arrasta a ordem e a segurança hierárquica de um mundo abolido que, precisamente por ter sido abolido, é também um mundo inventado e impossível, quase sempre equivalente ao mundo impossível e inventado do Paraíso." pág. 80)"
em uma entrevista que li de Roberto Bolaño falando sobre Cercas, ele me pareceu sugerir que Cercas tinha certa intenção de unir esquerda e direita em sua literatura, algo que desaprovava. não é esta a impressão que me passa "Soldados de Salamina", porém, Miralles é uma resposta a Sanchez Mazas, dentro da própria construção da narrativa, em dado momento Cercas conclui um livro sobre a vida de Mazas, mas falta algo, este algo é Miralles, o fruto das poesias de Mazas que sonhavam o mundo perfeito é o caos da guerra para um homem qualquer, que lutou por 8 anos seguidos por uma civilização que não se lembrará dele. um reage ao outro, humanos, igualmente. da aspiração, sobretudo intelectual, por ordem e unidade de um homem culto surge a resposta, sobretudo física, no meio do caos da guerra de um homem que também sonha, que dança pasodobles mas que, em contraposição ao sonho poético idílico de Mazas, vive a realidade violenta fruto desse sonho e dentro desta realidade ele escolhe ir em frente " sem saber muito bem para onde vai nem com quem vai, nem por que vai, sem se importar muito desde que seja para a frente, para a frente, para a frente, sempre para a frente. (pág. 213")
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Sacha 13/02/2019

História pura
O Autor de Soldados de Salamina, é o Espanhol Javier Cercas, mesmo Escritor do livro lido por mim em janeiro intitulado ?A Velocidade da Luz?. Gostei tanto desse livro que fui atrás de ler outra obra do referido autor, vindo a escolher Soldados de Salamina. Uma obra cheia de narrativas reais, fatos históricos existentes, sendo o enredo tocante a realidade do período vivenciado pela Espanha durante a Guerra Ciivil Espanhola, que ocorreu de 1936 a 1939, além da fala acerca do pós Guerra Civil e início da Segunda Guerra Mundial, entre outros assuntos como a fundação da Falange na Espanha, do que se tornara após a Guerra Civil com Franco, dos Republicanos, do que é ser herói, etc. Para ler o livro é necessário consultar a História. Apesar dos primeiros diálogos arrastados no início, impressão pessoal, do meio do livro em frente o achei muito fluido e que valeu a pena a leitura. ?(...) um homem que teve a coragem e o instinto da verdade e por isso não errou nunca ou não errou no único momento em que de fato importava não errar, pensa num homem que foi limpo e valente e puro entre os puros..sem saber muito bem aonde vai nem com quem vai nem por que vai, sem que dê a isso muita importância desde que seja adiante, adiante, adiante, sempre adiante.?
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Marker 06/08/2017

Já quando do lançamento de Soldados de Salamina, mais popular romance do espanhol Javier Cercas, a ideia de autoficção tanto não tinha nada de novidade quanto na verdade tinha se tornado uma certa tendência da literatura contemporânea. Fabular em cima da própria vida não é mais ou menos fácil do que criar uma narrativa do zero, mas se tratam de universos mais cômodos, mais próximos do autor. Salamina segue esse caminho mas ao mesmo tempo se revela material de complexidade que vai além da mera metalinguagem.
Trilhando o curioso e perigoso caminho que margeia ficção e realidade, Cercas conta a história de Rafael Sanchez Mazas, escritor fascista que foi nome fundamental para o estabelecimento do franquismo, a partir do momento em que, fugitivo de um fuzilamento durante a guerra civil espanhola, ele tem a vida poupada por um soldado republicano, mas não se trata de um simples relato biográfico.
Cercas remonta a história de Sanchez Mazas a partir da curiosidade que seu protagonista, o jornalista Javier Cercas, nutre pela figura, agora amaldiçoada pela história, e da sua própria incapacidade de conseguir formatar esse pequeno episódio num romance coerente. Além da óbvia crônica política e comentário sobre as agruras da guerra, um curioso tom de thriller investigativo atravessa toda a história, fazendo com que sua densidade (quem não conhece nada sobre a guerra civil espanhola vai se perceber bastante perdido nos detalhes históricos) seja levemente amenizada. No mais, uma das melhores leituras de 2017 até agora.
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Eric Silva - Blog Conhecer Tudo 27/10/2016

Realidade e ficção para falar da Guerra Civil Espanhola
Soldados de Salamina é uma narrativa que consegue misturar realidade e ficção de tal forma que se torna impossível separar aquilo que é real daquilo que é apenas ficcional. É desta forma que Javier Cercas, quinto escritor lido na campanha 2016 #AnoDaEspanha, nos conta um pouco da história da Guerra Civil Espanhola ocorrida na década de 1930. Neste livro, o autor, que também figura como um dos personagens da narrativa, nos conta a trajetória de Rafael Sánchez Mazas, um dos importantes nomes que contribuíram para a entrada do fascismo na Espanha e a consequente ascensão do ditador Franco ao poder. Uma narrativa e também um relato real, Soldados de Salamina é mais um livro a falar de um dos períodos mais conturbado e sombrio da história espanhola.
Venham conferir a resenha do quinto livro da campnha #AnoDaEspanha
http://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/10/soldados-de-salamina-javier-cercas.html

site: http://conhecertudoemais.blogspot.com/2016/10/soldados-de-salamina-javier-cercas.html
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jel 26/11/2015

Soldados de Salamina
Um bom livro com uma narrativa constru?da de maneira singular, intercalando realidade e fic??o o enrendo conduz o leitor a um mergulho na hist?ria da guerra civil espanhola atrav?s da hist?ria do escritor espanhol Rafael S?nchez Mazas.
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Jansen 08/10/2015

Um jornalista que escreve como escritor...
A primeira metade do livro eu não dei muita atenção, preocupado com outras coisas e, por isso, minha opinião torna-se inútil. A segunda parte me atraiu muito.
O autor contava uma história, baseado em fatos levantados por ele, jornalista. Na segunda metade prevalece o escritor. E muito bem.
Nota-se a mudança nos parágrafos, jornalísticos, informativos para uma escrita sentimental, até mesmo poética. Isto ocorre depois de uma entrevista que o Javier jornalista, faz ao escritor chileno Roberto Bolaño. Muito boa. A partir daí o romancista Cercas se envolve e o livro toma o rumo mais romântico e que me prendeu. Uma figura encantadora, Miralles aparece introduzido por Bolaño, que o conheceu quando era segurança num parque de veraneio e antes de se tornar o grande escritor de hoje.
O livro retrata a terrível guerra espanhola que colocou no poder o Generalíssimo Franco numa das maiores e cruéis ditaduras da Europa. Pelo menos nos 30 primeiros anos.
O episódio histórico conhecido como Fuzilamento de Collell é peça fundamental e recorrente no romance. Um fato anormal acontece nesse fuzilamento com uma personagem histórica e dúbia, um dos expoentes na criação da Falange, movimento que lutou por implantar o fascismo na Espanha, cujo nome era Sanchez Mazas. Rafael Sánchez Mazas (Madrid, 18 de fevereiro de 1894 - 18 de outubro de1966) foi jornalista, escritor, ensaísta, membro fundador da Falange Espanhola e ministro do Segundo governo franquista. Foi o criador do grito de guerra dos falangistas: Arriba España!
Apanhado pelos republicanos foi, juntamente com vários outros, levado ao campo para ser fuzilado. Por sorte ou destino não acertam nele, que foge e se esconde numa moita. Vários soldados saem a sua procura. Sánchez estava escondido quando um soldado se aproxima, olham-se e ele não o prende e simplesmente se afasta. O grande mistério é essa figura emblemática e que permeia todas as páginas do livro do soldado que vê Sánchez Mazzas e não o denuncia. Sánchez foi fuzilado e não morreu. Quem era esse soldado e qual a razão que o levou a cometer esse desatino. O olhar que Sánchez vê no soldado ficou gravado em sua mente e o perturbou toda a vida.
Segundo Javier Cercas, Sánchez foi também o melhor dos escritores da Falange: “deixou um punhado de bons poemas e um punhado de boas prosas, que é muito mais do que aquilo a que quase todos os escritores podem aspirar, mas também muito menos do que o seu talento, que esteve sempre acima da sua obra, o exigia. Diz Andrés Trapiello que, tal como tantos escritores falangistas, Sánchez Mazas ganhou a guerra e perdeu a história da literatura”.
Hoje, pouca gente se lembra dele e isso talvez seja merecido. Há em Bilbao uma rua com o seu nome.
Depois que Sánchez foge do seu “fuzilamento” esconde-se com outros soldados num bosque. Essas pessoas foram importantes em sua vida, pois o alimentaram e cuidaram dele. Ele se referia a eles como “os amigos do bosque”. Sánchez prometeu que os ajudaria, quando foi libertado e se tornou figura proeminente no regime franquista. Talvez tenha sido sua intenção, mas a distância entre eles era tão grande que nunca mais os viu.
Dois deles, Figeras e Angelats tentaram falar com ele num hotel chique onde faria uma palestra mas não conseguiram passar do porteiro. Quando Sánchez saiu eles o viram de longe, mas se sentiram desconfortáveis para se aproximar e nunca mais o viram. “...Daquele homem agora prestigiado pela prosopopeia do poder que há meses, diminuído pelos andrajos e pelos olhos sem óculos, pela fadiga, pelas privações e pelo medo, lhes tinha suplicado a sua ajuda num descampado remoto, e que nunca mais poderia retribuir aquele favor de guerra a dois dos seus amigos do bosque."
É um fato triste, mas comum. Ingratidão, apesar de que não ficar claro se Sánchez não os receberia.
Fica-nos a ideia de que Sánchez, apesar de sua importância histórica não era admirado por Franco. Apesar de que no início isso não ocorreu. “... com o papel decisivo que desempenhara na Falange primitiva, dava-lhe um enorme ascendente sobre os seus companheiros de partido e obrigou Franco a tratá-lo com extrema consideração, para ganhar a sua lealdade e para conseguir que limasse as asperezas que tinham surgido na sua relação com os falangistas menos acomodatícios. O momento crítico dessa simples mas bastante eficaz estratégia de captação, em tudo semelhante a um suborno à base de prebendas e lisonjas — um procedimento, é necessário dizê-lo, em cuja manipulação o Caudilho desenvolveu uma perícia de virtuoso e a que podemos atribuir em parte o seu interminável monopólio de poder — teve lugar em agosto de 1939 quando, na formação do primeiro governo do pós-guerra, Sánchez Mazas, que ocupava desde maio o cargo de delegado nacional da Falange Exterior, foi nomeado ministro sem pasta.”
Mas na frente foi destituído de sua função de ministro sem pasta sem nenhuma explicação convincente. Também não ligava para o poder e faltava a maior parte das reuniões ministeriais. Franco foi se aborrecendo com suas demandas intelectuais e preferiu descarta-lo.
Na terceira parte do livro o autor tem o feeling que o soldado que viu Sánchez escondido foi o Miralles. Esta convicção surgiu depois de entrevistar o Bolaño.
Apesar de Bolaño não está convicto disso, entende que esse fato não deve inibir Javier de escrever seu livro. “Todos os bons relatos são relatos reais, pelo menos para quem os lê, que é a única coisa que importa. De qualquer forma, o que não entendo é como podes ter tanta certeza de que Miralles é o miliciano que salvou Sánchez Mazas”, argumentava Roberto Bolaño. O leitor também se sente envolvido nesse ponto que passa a se tornar fulcral no relato. Isso é coisa de um grande escritor.
Quando o autor procura encontrar Miralles, que há mais de vinte anos Bolaño não vê, esse tenta fazê-lo desistir da empreitada. Sugere que o torne esse soldado e pronto. “A realidade nos atraiçoa sempre; o melhor é não lhe dar tempo e atraiçoá-la primeiro. O Miralles real vai decepcionar.”
O Miralles real foi uma figura soberba que viveu intensamente. Depois de guerras e atropelos explode com uma mina. E não morre! Depois, isso foi na França, disse que "prometera a si próprio que, se conseguisse sobreviver, ia passar o resto da vida bebendo bom vinho, ‘e até hoje cumpri’, acrescentava". Uma figura...
Quando junto com os amigos bebia em excesso, Maria, sua filha, "agarrava pelo braço e o levava até ao moto home, submisso e trôpego, com o seu olhar turvo de bebedor e o seu sorriso culpado de pai orgulhoso".
Miralles faz parte de um enorme conjunto de heróis anônimos a quem tanto devemos e que nem sabemos que existem.
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Ed Siqueira 24/03/2014minha estante
O atalho para o vídeo, que consta na resenha, está desatualizado.
Segue um novo atalho:
https://www.youtube.com/watch?v=koYXYVhS9Io


Nanci 23/06/2015minha estante
Obrigada pela resenha e pelo link - enquanto lia Soldados de Salamina, senti curiosidade de conhecer essa música que embalou a trama. A imagem do soldado dançando é igualmente poderosa, mas o livro em si não me conquistou.




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