Rafael 22/11/2016
Naipaul desnuda a África
V.S. Naipual leva-nos a um passei sobre o continente africano. É um retrato de algumas de suas viagens ao continente, sobretudo, a mais atual que ele fizera em 2009, em alguns países – como a Nigéria, à Costa do Marfim, à África do Sul. É um recorte antropológico, a fim de compreendermos a controversa cultura africana, em pleno século XXI.
No livro vemos o retrato de uma África despida de quaisquer ideologias. Isso é essencial para o relato soar verossímil. Percebemos um continente fragmentado por várias matizes culturais: o cristianismo, o islamismo, mas, sobretudo, a cultura tribal – com seus mitos e lendas enraizados através de sua tradição oral.
Naipaul narra a sua trajetória no continente por meio de visitas a locais que remetem à cultura africana - como curandeiros, santuários, pais de santo. E descobre um povo que tem pouco apreço à racionalidade. Assim, a barbárie toma conta dos relatos – através do sacrifício de seres humanos, de animais, de iniciações. Percebemos uma cultura apegada ao mito, cuja tradição explica a realidade, mesmo que isso resulte em práticas excessivamente violentas.
Não foi o homem branco que gerou as mazelas no continente, mas tampouco o ajudou. A leitura binária é uma forma arcaica de compreender o continente. Antes da colonização já existia a cultura tradicional. E depois dela – o despotismo de governantes; as violências tribais, continuam a ditar as normas de convivência. A África, portanto, continua a ser a mesma.
É, portanto, um continente que continua na diáspora da contemporaneidade. Tentam olhar para o desenvolvimento no exterior, mas estão profundamente arraigados em seus costumes. O apego estrito ao misticismo dificulta o avanço social – e, com isso, não buscam soluções melhores para o dia a dia.