Danilo Barbosa Escritor 02/02/2022Podia ser melhor trabalhado.E se os deuses não apenas caminhassem entre as pessoas, mas fossem como nós? Com medos, paixões, obsessões e cultos a Deuses ainda maiores e anteriores que eles?
É assim que Alicia Fields reconta a história de Afrodite, a mais bela entre as belas, encontrada na beira da praia por Zeus, ainda um bebê, e levada para fazenda onde vivia com os pais, irmãos e filhos, para desgosto de Hera.
Mas isso é só o começo da trajetória, já que conforme cresce, Afrodite dá vazão às suas paixões e inconsequências, além da paixão tóxica por Ares, com que foi criada, mas acaba se casando com o calmo e sensato Hefésto, ambos sendo parte essencial de sua razão e emoção.
A autora transforma uma das famílias mais famosas do panteão em uma estrutura problemática e humana, em meio a Grécia Antiga. Vemos as más decisões, desavenças e falhas sendo expostas, mudando o destino não só deles, mas de todos à volta deles.
Gostei de algumas coisas, outras achei que fugiu completamente dos mitos, mas de uma forma inverossímil. Ares, principalmente, me pareceu apenas um homem machista e tóxico, cujas frases que mais falavam a Afrodite era o “você é minha”, além de seu desejo incessante por guerras.
Certos costumes e comportamentos são abolidos completamente, o que transforma o romance, muitas vezes, em algo raso e parcial, que poderia ser melhor trabalhado. Mas vale pela curiosidade da releitura, mostrando uma nova vertente da já conhecida história.