Anarquia Pela Educação

Anarquia Pela Educação Élisée Reclus




Resenhas - Anarquia Pela Educação


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isalimay 01/05/2022

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Livro bem introdutório sobre o anarquismo, recomendo a iniciantes no assunto. Boa seleção de textos, muito bom!
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rogerbeier 08/04/2012

Trata-se de uma coletânea de artigos políticos escritos por Élisée Reclus (1830-1905) e publicados em periódicos entre os anos de 1879 e 1901. Estes artigos foram compilados e traduzidos por Plínio Augusto Coêlho, que se dedicou a publicação de obras libertárias, e publicado em 2011 pela editora Hedra.

Como diz a resenha da primeira página do livro, todos os artigos tratam de suas concepções sobre o Anarquismo utilizado como base para suas posições nos mais diferentes assuntos, todos tendo a educação como pano de fundo.

São sete artigos que foram compilados nesta edição. São eles:

A anarquia (1894)
Por que somos anarquistas? (1886)
A revolução (1893)
A anarquia e a igreja (1901)
Algumas palavras de história (1894)
A meu irmão camponês (1899)
A pena de morte (1879)
Em A anarquia (1894), Reclus define em linhas gerais o que é, quais os objetivos e o que defendem os anarquistas. Lembra que embora tenha algumas semelhanças com os socialistas, o que difere ambos é que os anarquistas lutam contra todo o poder oficial, cada individualidade parece aos anarquistas o centro do universo, e cada uma tem os mesmos direitos ao desenvolvimento integral, sem a intervenção de um poder que a dirige, repreende ou castiga.

Neste artigo, Reclus lembra que, até mesmo nos dias em que escrevia seu texto [e ouso a dizer que até hoje], o princípio que rege o Estado é a hierarquia, cujo significado do termo a “autoridade sagrada” e que a supressão deste Estado está naturalmente implicada na extinção do respeito, tema que vai tratar mas detalhadamente em outro artigo.

Já em Por que somos anarquistas (1886), como o próprio título do artigo deixa claro, Reclus expõe as razões pelas quais os anarquistas escolheram este caminho de luta e a justificativa principal está no fato de eles desejarem a justiça social em um mundo onde reina a injustiça por todos os lados. É o fato de terem se dado conta de que os frutos do trabalho serem distribuídos no sentido inverso do trabalho e de que, nesta sociedade, o senhor é aquele que possui a “carteira abarrotada” e, neste caso, acaba tendo em seu poder o destino de outros homens. Explica que ao anarquista tudo isso parece infame e que estes desejam mudar este estado de coisas através da revolução.

“Das duas coisas, uma: ou a justiça é o ideal humano, e neste caso, nós a reivindicamos para todos; ou só a força governa a sociedade e, neste caso, usaremos a força contra nossos inimigos. Ou a liberdade dos iguais, ou a lei do Talião”. (p. 44).

Explica que o anarquista quer se livrar da opressão do Estado, não ter superiores que possa comandar-lhes, lembrando que ao suprimir o Estado, junto com ele suprime-se também a moral oficial, recordando que para o anarquista só há moral na liberdade. É neste momento que explica que o anarquista, por compreender que a vida é impossível sem um agrupamento social, é também um comunista-internacional. Que eles associam-se, uns com os outros, como homens livres e iguais, trabalhando numa obra comum e regulando as relações mútuas pela justiça e pela benevolência recíproca.

Por fim, explica que no anarquismo é impossível a existência de ódios religiosos ou nacionais, pois não possuem religião e o mundo é a pátria do anarquista. A terra será expropriada de seus proprietários e se tornará coletiva, sem cercas e ordenada para a satisfação de todos. E conclui dizendo-se consciente de que toda a injustiça e todo ciúme de lesa-majestade humana, se levantarão para combater o anarquista-comunista-internacional e é justamente por isso que, enquanto durar a iniquidade, que os anarquistas devem estar em estado de revolução permanente.

Em A Revolução (1893), Reclus explica que a anarquia jamais poderá emanar da República e que, por este motivo, tal mudança so poderá se realizar através da revolução: “Nada de bom para nós pode advir da República e dos republicanos”. E o responsável por realizar a revolução é o povo, isto é, o trabalhador, como fica bem claro neste trecho:

“O veículo do pensamento moderno da evolução intelectual e moral é a parte da sociedade que sofre, que trabalha e é oprimida. É ela que elabora a ideia, que a realiza, que de tremor em tremor, recoloca constantemente em marcha este carro social que os conservadores tentam incessantemente imobilizar na estrada, entravar seu caminho ou afundá-lo nos pântanos de direita ou de esquerda”.

Em A Anarquia e a Igreja (1901), Reclus expõe o posicionamento dos anarquistas perante esta instituição: “Enquanto os padres, monges e todos os detentores de um poder pseudodivino estiverem constituídos como liga de dominação, é preciso combatê-los sem trégua, com toda a energia de sua vontade e com todos os recursos de sua inteligência e sua força”. Explica como os anarquistas rejeitam absolutamente a doutrina católica e todas as religiões conexas, amigas ou inimigas; e de como devem combater suas instituições e obras, além de trabalharem para destruírem os efeitos de todos seus atos. Apesar disso, explica que os anarquistas não pretendem entrar nas consciências dos fiéis para delas expulsar suas perturbações e devaneios, mas que devem trabalhar com todas as energias para afastar do funcionamento social tudo o que não se coaduna com as verdades científicas estabelecidas:

“podemos combater incessantemente o erro de todos aqueles que sustentam ter encontrado fora da humanidade e do mundo um ponto de apoio divino, permitindo que castas parasitas se disfarcem de intermediários fervorosos entre o criador fictício e suas criaturas (…) E não esqueçamos de bloquear o vil pagamento dos impostos direto que o clero nos extorque (…) Sequemos a fonte desses milhões que, de todas as partes, afluem para o grande mendigo de Roma e para os submendigos inumeráveis de suas congregações (…) Descristianizemos o povo!”. (p. 55-56).

No artigo Algumas palavras de História (1894), Reclus fala sobre como os anarquistas, através da revolução, pretendem atingir o seu triplo ideal de garantir a conquista do pão, da instrução e da moralidade (entendida como liberdade e fraternidade).

Em primeiro lugar, os anarquistas devem garantir a conquista do pão, isto é, que cada homem tenha o que comer, não o mínimo para sobreviver, mas a possibilidade de viver em condições perfeitas de bem-estar material. O segundo ponto do ideal anarquista é, uma vez suprida as necessidades de alimento e bem-estar, a falta de necessidade de empregar crianças nas fábricas e utilizar todo o período de preparação ao estudo da vida pela educação completa, integral do indivíduo. Por fim, o terceiro ideal anarquista, que também está ligado aos outros dois. Segundo Reclus, “o homem que sacia sua fome e que se instrui a seu bel-prazer é um homem livre e para todos um igual, mas faltaria outro ideal a satisfazer: a fraternidade”.

“Tendo em vista uma humanidade composta de seres livres, iguais, instruídos, é impossível imaginá-la com milhões de soldados sem vontade pessoal, aguardando o gesto ou o grito que lhes dirá para matarem-se mutuamente, com outros milhões de escravos obedientes, passando sua vida a escrevinhar, com a turba daqueles: sacerdotes, magistrados, policiais, denunciadores e carrascos, que tem a atribuição de ensinar pelo terror e assegurar pelo gládio a moral das nações”.

Em A Meu Irmão Camponês (1899), Reclus alerta os trabalhadores, em especial aos agricultores, da necessidade de se unirem para combater aqueles que os exploram. É através da união dos trabalhadores que se conseguirá a revolução e a reversão do atual estado de miséria dos trabalhadores. Aqui destaco um trecho desta carta aberta aos trabalhadores onde Reclus chega a ser profético ao prever, em 1899, o que ocorreria aos trabalhadores se estes não se unissem para combater seus opressores, os donos do Capital:

“Se não sabei unir-vos, não apenas de indivíduo a indivíduo e de comuna a comuna, mas também de país a país em uma grande internacional de trabalhadores, logo partilhareis o destino de milhões e milhões de homens que já estão despojados de todos os direitos à semeadura e à colheita e que vivem na escravidão do salariato, encontrando trabalho quando patrões tem interesse em dar-lhes. (…) Uni-vos todos em vossa desgraça ou vosso perigo. Defendei o que vos resta e reconquistai o que perdeste. Caso contrário, vosso destino futuro será horrível, pois estamos em uma época de ciência e método e nossos governantes, servidos pelo exército dos químicos e dos professores, preparam-vos uma ordenação social na qual tudo será regulado como numa fábrica, onde a máquina dirigirá tudo, inclusive os homens, onde estes serão simples engrenagens que serão substituídos como ferro-velho quando se puserem a raciocinar e querer”. (pp. 86-87).

Por fim, em A Pena de Morte (1879), Reclus tece suas considerações à respeito das razões pelas quais os anarquistas devem ser contrários à pena de morte. Para ele, a pena capital sempre esteve à serviço da tirania, ao lado dos reis e das classes dominantes e contra os homens que reivindicavam a liberdade de pensar e de agir.

“Nossos tribunais são escolas de crime. Quais seres são mais vis do que todos aqueles dos quais a vindita pública se serve para a repressão: alcaguetes e carcereiros, carrascos e policiais?”

Em seguida, passa a argumentar como, além de tudo, a pena de morte é injusta, uma vez que a sociedade, tomada em seu conjunto, deve compreender o laço de solidariedade que a une com todos os seus membros, virtuosos e criminosos, e reconhecer que em cada crime ela também tem sua parte. Para reforçar sua argumentação, passa a fazer uso de perguntas retóricas que explicitam sua tese, tais como:

“a sociedade tomou conta da infância do criminoso? Deu-lhe uma educação completa? Facilitou-lhe os caminhos da vida? Deu-lhe sempre bons exemplos? Zelou para que ele tivesse todas as oportunidades de permanecer honesto ou de fazer com que torna-se a sê-lo após um primeiro escorregão? E se ela não o fez, o criminoso não pode taxá-la de injusta?”

Enfim, este é um breve resumo dos artigos de Élisée Reclus que foram compilados e publicados no livro Anarquia Pela Educação. Reler suas ideias e discuti-la, em um momento de intensa transformação cultural e social, é mais do que recomendado, é necessário. Philippe Pelletier, responsável pela introdução do livro, recorda que há aproximadamente dez anos está ocorrendo em todo o mundo uma retomada dos textos libertários, dentre eles, os de Elisée Reclus e seu companheiro de anarquismo e geografia, Kropotkin, que traziam proposições profundas em relação a questões fundamentais como as relações do homem com seu meio ambiente e a sociedade dos homens, sempre em uma perspectiva radical: anarquista. Só por essa razão, entendo estar plenamente justificada essa breve e singela resenha que publico agora no meu blog.

Resenha completa em: http://umhistoriador.wordpress.com/2012/04/08/elisee-reclus-e-a-anarquia-pela-educacao/
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Leandro.Souza 03/12/2021

Fundamentos da libertação
Este livro é uma ótima introdução ao socialismo libertário. Os princípios aqui tratados denunciam as opressões e violências provenientes dos monarcas, Estados, burgueses e demais autoridades.
Boa parte do livro elucida sobre os princípios anarquistas, suas motivações e anseios. Muitas questões iniciais são resolvidas envolvendo até a expropriação, o poder da igreja e a pena de morte.
Estão sendo expostas, em um tempo muito anterior, muitas pautas que são levantadas nos dias de hoje, à exemplo do genocídio gerenciado por Estados e outras elites sobre a manutenção de diversas mortas ocasionadas conscientemente pela falta de saneamento básico. A visão geográfica libertadora de Reclus é de extrema relevância para uma visão geral sobre as contradições sociais.
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Jeferson 24/11/2014

Interessante maneira de ser iniciado na temida anarquia
A pesar de se tratar de uma coletânea de textos do Reclus, o autor se preocupou em escolher textos introdutórios que apresenta ao leitor leigo os fundamentos e objetivos da teoria anarquista, ou seja não são textos pesados, carregados de conceitos a serem decifrados.
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kkkaue 06/12/2020

Um conjunto interessante de textos do geógrafo anarquista Elisée Reclus que aborda diferentes temas desde economia, religião, liberdade e sobretudo educação.
Denis 29/05/2021minha estante
Bom dia amigo!
teria esse pdf para me enviar ?

Obrigado.




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