inchauspe 28/05/2024
UM CLÁSSICO, EXCEPCIONAL E INDISPENSÁVEL
"Amai, rapazes! e, principalmente, amai moças lindas e graciosas; elas dão remédio ao mal, aroma ao infecto, trocam a morte pela vida... Amai, rapazes!"
"Dom Casmurro" foi o primeiro livro da trilogia realista de Machado de Assis que li. E já é justo dizer que elevou os meus padrões para qualquer leitura de agora em diante.
Nos 148 capítulos da obra, Bento Santiago é o narrador não confiável, dando ao leitor apenas a sua perspectiva e deixando ao fim da leitura a dúvida da realidade de tudo que foi relatado na prosa, em especial, àquele antigo questionamento: "Capitu traiu ou não traiu?", do qual vou falar depois.
Sou um leitor um tanto quanto inexperiente. Naturalmente, tenho dificuldades pra avaliar uma obra tão complexa escrita por Machado de Assis. Mesmo assim, o livro possui qualidades que até mesmo uma pessoa com uma capacidade média de leitura consegue perceber: a habilidade do autor em deixar muitas coisas à interpretação do leitor (inclusive, um soneto incompleto para ser escrito à maneira do mesmo, no capítulo LV), faculdade da qual cheguei à conclusão com a minha mãe, durante uma conversa; a leitura levemente difícil, com palavras que não mais são usadas, sendo necessário o uso recorrente de dicionário, entre outras.
Voltando ao assunto da possível traição de Capitu, não me parece que aconteceu. Cheguei a pesquisar, e encontrei um artigo que dizia ter a "prova jurídica" que Capitu traiu Bento. Na verdade, era uma boa teoria, mas existem muito mais contraprovas de que Ezequiel fosse sim, filho do seminarista. Elas se dão pelos ciúmes excessivos do protagonista, que se mostra pressionado pela ação mais insignificante de sua mulher (que até mesmo deixa de esperar ele na janela de casa, para não chateá-lo) e, por vezes, palavras que ela não disse. Esses ciúmes levam à teoria de um possível distúrbio do advogado, mas não tenho presente os detalhes dessa tese.
Dito isto, avaliei a obra com 5 estrelas. Dom Casmurro é uma obra geracional, um clássico nacional e mundial, e, certamente, o meu livro favorito até agora, sendo uma boa indicação de leitura para leitores jovens, por ser uma escrita que estimula o acesso a outras obras do mesmo autor e outros.