madu.zi 04/03/2024
"Você me perguntou recentemente por que eu afirmo ter medo de você."
Eu não tenho palavras para descrever o quanto despedaçado meu coração está depois de ler essa obra. Foi uma leitura muito sofrida e melancólica, muito porque me identifico com a situação em que o Franz se encontrava, com a diferença que se trata da minha mãe. É chocante a forma como o próprio pai do Franz foi responsável por todos os seus medos e inseguranças que perduraram até o dia da sua morte, machuca mais ainda em saber que as duras críticas e ofensas de seu pai fez com que ele avaliasse as próprias obras e escritos de maneira tão sem valor e até pediu para que as queimassem após a sua morte. É complexo pensar que essa carta quase não veio à luz, por se tratar de um assunto tão íntimo e pessoal, mas graças a ela somos capazes de ver de uma maneira clara a influência do Sr. Kafka na vida de seu filho, de modo negativo, onde em todas as suas obras somos apresentados a personagens que são a personificação de seu pai, com o mesmo comportamento tirânico e centralizador.
Não posso deixar de exaltar a qualidade da escrita do Franz nessa carta, não é novidade, mas essa carta é absurdamente bem redigida, bem elaborada, apesar de se tratar de um desabafo de anos sendo reprimido e humilhado, isso prova mais uma vez o tamanho talento do Franz como escritor, o que é sabido por todos no planeta.
Eu, do fundo do meu coração, queria que a infância dele tivesse sido melhor e mais amena, mesmo que isso custasse as obras impecáveis do Franz posteriormente, mas ele merecia algo melhor, diferente de todo esse sofrimento e humilhação.