O coração é um caçador solitário

O coração é um caçador solitário Carson McCullers




Resenhas - O Coração é um Caçador Solitário


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50livros 14/08/2019

Um tanto enfadonho
Essa leitura me trouxe inúmeros sentimentos, uns bons e outros nem tanto. Sabe aquela trama que tinha absolutamente tudo para dar certo? Essa aqui tinha: um plano de fundo interessante, personagens diversos e bem construídos, aprofundamento dos temas referidos e um tom de drama que tinha tudo para embalar a leitura. Mas esse livro pecou em algo muito simples: a quantidade de páginas. O livro ficou simplesmente muito longo para o que se propunha, creio que se tirasse 100 páginas do livro não mudaria nada na história. Isso fez com que grande parte do livro fosse esquecível, realmente me incomodou. Além disso, a partir do meio do livro, fica bem visível que a autora tentou o livro ficar profundo demais. Ao invés de gerar questionamentos e ao leitor, ficou chato, porque, apesar da tentativa de reflexão, ela não conseguiu atingir o objetivo. Isso fez também com que alguns personagens tão promissores ficassem muito caricatos, ganhando muito espaço na narrativa, e outros ficassem simplesmente esquecidos. Outro problema que também encontrei foi a edição. Em união com a Companhia das Letras, a Tag trouxe um livro com uma arte linda, mas com uma letrinha tão pequena que dava vontade de chorar. Isso não ajudou em nada o ritmo de leitura, tornando o livro ainda mais difícil de se envolver. A revista, por sua vez, estava incrível. Ela conseguiu me passar informações cruciais sobre a vida da autora e do estilo literário que esse livro faz parte, o Gótico Sul-Estadounidense. Tudo ali auxiliou e melhorou a experiência de leitura. "O Coração é um Caçador Solitário" foi uma leitura morna, sem resoluções e um tanto enfadonha, apesar da trama tocante e personagens complexos.
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Gabriel1679 04/09/2019

"Para ela, era como se existissem dois lugares - o mundo de dentro e o mundo de fora. (...) O mundo de dentro era um lugar muito íntimo e secreto. Ela podia estar no meio de uma casa cheia de gente e mesmo assim ter a sensação de estar trancada num quarto sozinha."
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Eduarda Petry @paginaoito 19/11/2019

A solidão humana e a nossa necessidade de comunicação
What are all songs for me, now, who no more care to sing? (...)
But my heart is a lonely hunter that hunts on a lonely hill.

Sul dos Estados Unidos, final da década de 30. O mundo se prepara para a Segunda Guerra Mundial, enquanto esse pedaço da América confederada ainda se recupera da Grande Depressão. No meio de tudo isso, em uma pacata cidade, conhecemos John Singer, um gentil homem surdo que acaba de ver seu melhor amigo ser internado em uma clínica psiquiátrica. Forçado a mudar seus hábitos, Singer se vê envolvido na vida de novas pessoas, que enxergam nele uma contraparte compreensiva e acolhedora, um ouvido amigo - e a ironia desse fato não reside apenas nessa resenha, mas em todo o livro. É nesse contexto que somos introduzidos à Mick Kelly - uma adolescente que sonha em ser pianista -, Jake Blount - um marxista alcóolatra, Briff Brannon - o observador e realista dono do New York Café, e Benedict Copeland - um médico negro que almeja salvar o seu povo. Todos esses personagens são atraídos pela presença de Singer, e é sob essa perspectiva que nos são apresentadas suas personalidades, sonhos, ideais e valores, bem como a realidade cruel que permeia a vida de cada um.

O Coração é Um Caçador Solitário é um livro sobre a necessidade humana de se comunicar. É também um livro sobre a nossa incapacidade de fazê-lo. Presos às nossas expectativas do outro, criamos um ideal que não é recíproco: queremos ser ouvidos e compreendidos, mas o outro não nos interessa para além de um recipiente de nossas confissões. Singer é, dessa forma, a perfeita matéria prima para esse trabalho, sendo apto a apreender (lendo os lábios), mas incapaz de falar. Cada locutor enxerga no surdo o que lhe interessa. No entanto, nenhuma dessas coisas é o que ele é, sendo Singer apenas um homem cuja vida rotineira, marcada pela perda do seu principal ouvinte, beira a indiferença para com o mundo. Essa apatia pode ser facilmente confundida com afabilidade, e é talvez o próprio medo da solidão, e não o altruísmo, a principal motivação para acolher esses estranhos no seu quarto.

É na relação de Singer com Antonapoulos, seu amigo surdo, que vemos na personagem a mesma necessidade de comunicação. Pautada em conversas unilaterais, vemos aqui os papéis invertidos: agora Singer é quem fala sem parar, transformando cada pequena reação do amigo no respaldo e corroboração que necessita. De forma brilhante, McCullers demonstra no desfecho do livro o mutismo de todas as suas personagens, ressaltando o isolamento de cada um desses seres ludibriados pelas suas próprias ideações, incapazes de enxergar a realidade.

Foi uma leitura longa, amarga e densa. Em diversos momentos, me vi com o coração apertado, um nó na garganta, lágrimas nos olhos. Não é fácil um livro mexer comigo de forma tão intensa. A escrita da Carson McCullers é simples e descritiva, mas sem perder a agilidade. Também não perdeu a relevância no cenário atual, me fazendo refletir sobre diversos aspectos do que consideramos comunicação. Em tempos de redes sociais, o quanto da relação dessas personagens com Singer não é a nossa relação com o virtual? Escolhemos o que queremos ver, e enxergamos as situações pelo cenário que melhor nos agrada. Vivemos um período de cegueira elegida. Nos dois sentidos da palavra.
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Henrique Fendrich 21/11/2019

Para mim foi impossível não me identificar profundamente com a escrita e os personagens sensíveis que a Carson apresenta nesse livro maravilhoso que, sabe-se lá como, ela conseguiu escrever quando era pouco mais do que uma garota. A construção de um ambiente marcado pela melancolia e a difícil "luta pela vida" lembraram-me do meu querido Gorki. Ao fim de tudo, eu me apaixonei pela Carson.

Trechos:

"Todos nós aqui reunidos sabemos o que é sofrer reais necessidades. Isso é uma grande injustiça. Mas existe uma injustiça ainda mais amarga do que essa - a de ter negado o direito de trabalhar de acordo com suas habilidades. A de trabalhar uma vida inteira inutilmente. A de ter negada a chance de servir. Muito pior do que tirar os lucros de nossos bolsos é roubar de nós as riquezas de nossas mentes e almas".

"Por que é que, em casos de amor verdadeiro, não acontece com mais frequência de a pessoa que fica resolver seguir a pessoa amada cometendo suicídio? Será que é apenas porque os vivos têm que enterrar os mortos? Por causa dos rituais que têm que ser cumpridos depois de uma morte? Porque é como se a pessoa que fica subisse por um tempo em cima de um palco e fosse observada por muitos olhos e cada segundo inchasse e demorasse uma quantidade de limitada de tempo para passar? Porque ela tem uma função a desempenhar? Ou será que talvez, quando há amor, a pessoa que restou tenha que ficar no mundo para a ressurreição da pessoa amada - para que a pessoa que se foi não morra realmente, mas cresça e viva uma segunda vez na alma dos vivos? Por quê?".

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Elijah_London 08/12/2019

O vazio da existência. A constante alternância entre o passado e um futuro de trevas - assustador e incerto. A escrita sutil, delicada e cheia de simbolismos de McCullers dá voz aos corações solitários. Corações que buscam inexoravelmente um sentido. Vale muito a pena ser lido e relido. Esse é um daqueles livros cuja história tende a ecoar na mente por muito tempo.
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Rafael Mussolini 30/12/2019

O coração é um caçador solitário
"O coração é um caçador solitário" de Carson McCullers (TAG - Experiências Literárias, 2018 em parceria com a Companhia das Letras) é o livro que fecha minha meta de leitura de 2019. E fecho com chave de ouro.

A história se passa no sul dos Estados Unidos em meados de 1939 e o livro em si foi publicado em 1940. Vários pontos tornam o universo em torno dessa obra excitante, como a própria biografia da escritora Carson McCullers, que tinha apenas 23 anos quando a escreveu. O livro encanta pelo seu caráter progressista, pois em pleno anos 40, Carson nos apresenta uma história onde as protagonistas são as minorias, com destaque para uma discussão muito interessante, responsável e sensível sobre a realidade dos negros. A autora tinha uma personalidade inquieta e durante toda sua vida enfrentou doenças e acontecimentos trágicos que não conseguiram impedir que ela se tornasse uma das autoras americanas mais influentes do século 20.

A narrativa acompanha as histórias de Singer, um homem surdo que conquista a todos com sua inteligência e simpatia, Mick que é uma garota sonhadora e apaixonada por música, Dr. Copeland um médico negro comprometido com a comunidade e com a justiça social, Jake Blount um bêbado incorrigível, comunista e que sonha encontrar a melhor forma de mostrar "a verdade" a todos e Biff Brannon um dono de restaurante que desafia todos os estereótipos do empresário padrão, pois é tão caridoso a ponto de não cobrar as dívidas das pessoas mais necessitadas.

A estrutura do romance consegue apresentar de forma muito completa cada uma dessas personagens e vamos entendendo o objetivo de vida de cada um deles, que serve para descrever a ebulição da sociedade na década de 40, o clima pré-guerra e o ápice de uma convulsão social. Através das vivências das personagens, Carson faz uma crítica bem elaborada sobre a estrutura política e social dos EUA, um país rico mas com altos índices de segregação. Dr. Copeland, o médico negro e dedicado à comunidade pobre e negra é responsável pelos capítulos mais belos e fortes da obra. Ele questiona a situação de servidão dos negros e levanta discursos sobre privilégios da branquitude e luta por direitos humanos. "O trabalho tem que começar de baixo. As velhas tradições têm que ser destruídas e novas têm que ser criadas. É preciso forjar todo um novo padrão para o mundo. Transformar o homem, pela primeira vez na história da humanidade, numa criatura social, vivendo numa sociedade ordeira e controlada em que ele não seja forçado a ser injusto para sobreviver."

Singer é a personagem que serve como elo de ligação entre todas essas personagens. Com o tempo ele se torna amigo e confidente de cada um deles. Por ser um bom ouvinte e conselheiro, é através das visitas a ele que conhecemos os desejos mais íntimos, as dores e alegrias dos nossos protagonistas. Enquanto escuta, Singer também luta com seus próprios anseios que ironicamente não divide com ninguém. É uma história sobre pobreza, preconceito, intolerância, solidão, mas também de amor e amizade. A seu modo cada personagem devota seu amor, não necessariamente romântico a algo ou alguém em demonstrações do verdadeiro afeto mesmo em situações onde o preço a se pagar era alto.

Saio dessa obra com muita curiosidade sobre a biografia da Carson McCullers. Nos anos 40 ela criou uma história pautada nas discussões de justiça social, direitos humanos, minorias, liberdade, justiça e igualdade para a população negra. Se hoje ainda é difícil convencer os brancos de seus privilégios e suas dívidas históricas, é incrível imaginar que McCullers foi uma mulher branca a frente de seu tempo, uma mulher branca antirracista.

#LeiaMulheres
Raphael Cavalcante 01/01/2020minha estante
Comecei a ler hoje!




Raphael Cavalcante 05/01/2020

Sobre (re)existir
Há dois eixos que sustentam a obra-prima de Carson McCullers. O primeiro deles, existencialista, diz respeito ao sentimento de não pertencimento a partir da percepção de um mundo que parece não refletir o próprio universo interior. E tudo piora quando se vive numa desolada cidade do Sul americano, da década de 1930, palco de imensas desigualdades social e racial. Eis, então, o segundo eixo.

Algo que chama a atenção na narrativa de McCullers é a força de seu texto exatamennte oitenta anos depois. Isto se explica pela capacidade da autora em capturar demandas existenciais e políticas ainda tão presentes no bojo social. As liberdades individuais, as desigualdades promovidas pelo capitalismo, a fragilidade diante da opressão, o instinto de sobrevivência. São questões universais que fazem com que a realidade social americana da Grande Depressão se faça também sentir em tempos e espaços diferentes porque os catalisadores permanecem iguais.

Há um gosto agridoce após a leitura de ?O coração é um caçador solitário?. Mas, como concluiria um de seus protagonistas, a história da humanidade não é uma história de sobrevivência? Ainda que as ilusões sejam reduzidas a pó. Trata-se de uma daquelas leituras definidoras de caráter.
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Wamam 24/02/2020

Cru e visceral
Pensei muito a respeito se faria ou não uma resenha. Terminei o livro ontem a noite e me dei um tempo para absorvê-lo.

Bom, como já é dito na sinopse, Mick, Biff, dr Copeland e Jake partilham suas lutas e dificuldades diárias de um declínio de tristeza, com sr. Singer, um velho homem mudo e solitário, que é visto pelos demais personagens como uma válvula de escape. No meio disso, alguns personagens são levados a caminhos tristes e tortuosos, outros são obrigados a passar para a fase adulta abruptamente, um outro se perde em meio a seus credos e, no entanto, todos devem enxergar suas valas emocionais e discutir que a tristeza existe, é real e assombrosa. Assumi-la não implica em seu término, mas faz com que tudo seja menos doloroso. O CORAÇÃO É UM CAÇADOR SOLITÁRIO é um livro tão atual quanto fora para aquela época e, aborda temas que ainda afligem a sociedade. Fala sobre racismo, materialismo, capitalismo, existencialismo e há uma firme construção sobre a necessidade humana de comunicabilidade. É um grito que estruge alto porque deve ser ouvido.
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Niz @mundo.literario 08/09/2020

Gostei.
Levei muito tempo para concluir o livro e creio que isso afetou minha opinião sobre o livro. É uma boa leitura, mas não me impactou tanto, mas recomendo.
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anaflaviapogg 23/02/2021

O coração é um caçador solitário
Bem, o livro é bom, mas não o tipo de leitura que me prende e foi bem difícil a fluidez da leitura.
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Caique 02/09/2022

Um livro bem sensível e cativante do início ao fim, personagens profundos, histórias bem exploradas e interessantíssimas, com uma perspectiva social promissora pra época. Claro que olhando com um olhar crítico também para certos termos e visões que permeiam a narrativa, mas também estão ligados à maneira que os próprios personagens se divergem e tudo mais.
1 -a página final me arrebatou e fiquei pelo menos uma meia hora pensando sobre
2- Queria muito uma história só da Portia!
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zuko. 01/02/2023

eitas
ate agora pensando no final desse livro foi tao do nada que me pegou de surpresa, esse livro é tão gostosinha de ler e cativante
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Madu 07/02/2023

?[?] a necessidade que eu sinto de você é uma solidão que eu não consigo suportar. [?] Não fui feito para viver sozinho e sem você, que entende?

O tema desse livro, como o título já sugere, é a solidão. Com uma narrativa lenta e sem muito enredo a autora nos apresenta cinco personagens principais com as vidas entrelaçadas, seus próprios dilemas e uma coisa em comum: todos são sozinhos.
Outro aspecto que conecta todos os personagens é o senhor Singer, nosso protagonista. Ele é um homem mudo que acaba se tornando amigo de todos os outros, ao meu ver, pelo simples motivo de ser o único que os escuta. Porém, por ser mudo, ele não recebe a cumplicidade que oferece em troca, sendo assim, talvez o mais solitário de todos.
Em síntese o livro é uma análise psicológica dos personagens, trás também assuntos de extrema relevância como racismo e a luta da classe trabalhadora. Tópicos de muita importância para a caracterização de alguns dos personagens.
Seu ponto alto, com certeza, é a ternura e delicadeza com que narra a história. É emocionante quando você entende e sente a dor sobre a qual eles falam.
Uma das personagens que mais me tocou, acho que pela facilidade que tive de ter empatia por ela, foi a Mick. Ela é uma menina bem jovem e começa a narrativa com muitos sonhos e expectativas para o futuro, por exemplo, ela quer ser musicista. Já no final, vemos que a realidade da sociedade em que ela vive e por conta da maturidade chegando ela se desapega de seus sonhos, levando a vida de forma a sobreviver a ela.
Há muitas nuances nessa história, que no final é bastante bonita.
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Clarissa 13/02/2023

Adoro esse estilo de escrita. É algo cru e realista que quase sempre encontro naqueles que serão meus favoritos. Nessa história em especial, o que mais me tocou foi a solidão das personagens principais e o quanto elas desejavam ser ouvidas e compreendidas por alguém, que é um tema presente em muitas obras, mas que nem sempre é tratado com tamanha sensibilidade.
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