luscazenriqué 10/12/2023
Como dito pelo próprio Ken Follett, trata-se de uma história centrada na construção de uma catedral medieval, na época da anarquia inglesa do século XII ? O autor diz que se encantava de uma forma diferente ao visitar catedrais inglesas, e decidiu construir uma narrativa com foco na construção de uma, mesmo que isso fosse um tanto controverso em seu meio, visto que vários achariam uma má ideia. Alguns personagens fazem parte do eixo principal da narrativa, e seus arcos também vão sendo desenvolvidos ao longo do livro.
- Apesar de ser um calhamaço, o livro não representa algo tão ?pesado? de ser lido. O autor circula muito bem entre os personagens centrais na narrativa, que é contada de uma forma envolvente, e mesmo as partes mais técnicas sobre arquitetura gótica e detalhes de engenharia não representam partes tão tediosas.
- Follett escolhe com maestria os momentos de colocação de ?ganchos?, dosando bem entre intervalos mais ?caídos?, com menos acontecimentos chocantes e situações marcantes e determinantes para o decorrer da narrativa. Ele sabe bem como prender o leitor (mesmo que um tanto desinteressado), ao mesmo tempo que distribui bem os eventos para cobrir as quase mil páginas.
A forma de escrita torna a experiência bastante imersiva, a história contada realmente vai alimentando a vontade de continuar a leitura (em alguns momentos, você se pega lendo algumas dezenas de páginas de uma vez), e cada personagem é marcante de alguma forma.
- Com ótima precisão histórica, é construtivamente interessante acompanhar a vivência e os costumes de pessoas em épocas medievais, assim como aumentar conhecimentos sobre a História com isso.
Conhecer mais sobre as distribuições de poder e influência, os valores e pensamentos da época, o mundo clerical, e a cultura num geral é bastante enriquecedor.
- Apesar de um tanto quanto despretensiosamente (realmente sem forçar a barra pra isso), Ken traz valiosas lições morais ao longo da narrativa.
- O fechamento do livro é bastante satisfatório. As duas últimas centenas de páginas são tão envolventes que é automático se ver lendo elas muito mais rapidamente do que o resto do livro, na pressa de conhecer os excelentes desfechos.
- Algumas cenas de violência e de sexo são um tanto comuns e descritas com forte detalhamento. Como o próprio autor defende, é notável que isso contribui para a formação de emoções genuínas no autor, situando-o melhor no contexto moral da Idade Média, apesar de serem bem pesadas. Apesar disso, não concordo que o teor usado seja necessário e totalmente construtivo.
O livro é sensacional, uma obra obrigatória para fãs de História Medieval e ficção histórica. Arquitetos certamente teriam momentos de forte identificação com as descrições de técnicas góticas.