Paulo 20/03/2024
Segundo o prefácio do livro, essa é a terceira peça que Suassuna escreveu (1949), todas essas primeiras e algumas próximas são tragédias, mas algumas peças depois o autor, professor e dramaturgo começaria a abandonar as tragédias e escrever peças cômicas, "O Auto da Compadecida", por exemplo, uma de suas mais conhecidas e que ajudou a dar seu renome, é de 1955.
Em "Os Homens de Barro", não notei ainda um forte regionalismo (elemento marcante de Suassuna, como esclarecido no prefácio de Luís Reis) como foco do conteúdo, é uma peça estranha, sombria, os textos e críticas sobre a peça dizem que a estrutura dela é o fanatismo religioso, mas a peça às vezes evidencia isso nas crenças e discursos irracionais e às vezes sugere que há mesmo algo de fantástico, de sobrenatural, embora minha capacidade de interpretação não tenha certeza disso. Acho que o mais acertado é quando Luís diz no prefácio que nessa peça (reescrita nos anos 2000) "a dor e a morte resultam de uma intrincada sobreposição de fatores psicológicos e de fatores socioeconômicos", ao invés de ser culpa meramente do destino ou dos deuses, como sempre foi típico das tragédias, ele pontua.
Os diálogos de Suassuna são muito ricos, sua poesia, sua criatividade são fascinantes. Embora eu não tenha gostado tanto dessa peça quero muito conhecer suas outras, tanto as outras tragédias quanto suas comédias, especialmente O Auto da Compadecida, naturalmente.
Essas edições da Nova Fronteira dos livros de Suassuna são belíssimas, as capas, a diagramação, a estética, as ilustrações, tudo muito bonito.