Tayemi.Oshiro 11/07/2020
Carta para um mano-velho
Mano-velho, descobri nesses preparos do silêncio que palavra tem música, e se a gente quisé tem até autonomia pra recusar o léxico, as regras todas e seguir outro estatuto, em nome da poesia. Que regozijo ouvir escritor nosso dizendo repicado e embaralhado sempremente até o fim, pondo certo no incerto. Cheiro de sensações - "(...) gafanhoto pula, tem um estourinho, tlique, eu figurava que era das estrelas remexida, titique delas, caindo por minhas costas (p.152). Ouvir assim assim. Apreciei a cigarra de entre-chuvas, o saci-do-brejo, o coco do buritizal e as notícias vivas de um lugar todo nosso. Para o fim, encerro a carta com passagem miúda que me fez lembrar das conversas com Paulo Freire, quando ele teimava em dizer e predizer que pensar certo exige viver consciente de nossa inconclusão.
"Mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isto me alegra, montão. E, outra coisa: o diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! (p. 24).
Um abraço carinhoso
Tay