O Amor nos Tempos de Cólera

O Amor nos Tempos de Cólera Gabriel García Márquez




Resenhas - O Amor nos Tempos do Cólera


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Arsenio Meira 06/10/2013

Quem merece amor

A minha crença pessoal e ferrenha de que a arte literária, por ter uma relação estreitíssima com a subjetividade tanto do artista quanto do leitor, somente consegue firmar a ponte do entendimento no momento certo para que ambos os pólos dessa relação miraculosa possam compreendê-la. Ou, colocando as coisas de outro modo, tudo — mas principalmente a arte — tem seu momento certo e preciso para operar magia.

Quando comecei a ler "Cem Anos de Solidão" pela primeira vez (há mais de treze anos), posso afirmar que já reconhecia a boa literatura, mas minha compreensão do texto não passava dessa secura analítica, e por isso (lembro bem) resolvi deixá-lo de lado temporariamente e esperar uma outra oportunidade, que não tardou em acontecer. Mas não vou falar de "Cem Anos de Solidão", claro. O intróito serviu como gancho para explicar por que, antes mesmo de terminá-lo, já tinha comprado "O Amor nos Tempos do Cólera."

Agora que o reli, lembrei que foi a primeira frase do livro que me fisgou, fez sua leitura uma obrigação sentimental — “Era inevitável: o cheiro das amêndoas amargas lhe lembrava sempre o destino dos amores contrariados”. Foi um baque de olhos arregalados e depois alguns passos resolutos ao caixa da livraria. O livro é uma longa e intensa poesia em forma (quase não disfarçada) de prosa. Não é simplesmente uma estória de amor mal resolvido, ou de tantas formas de amor quanto possíveis e reconhecíveis. É uma verdadeira epopeia sobre as relações humanas, lindas, brutas e delicadas, enaltecedoras e humilhantes.

Florentino Ariza, mais que um homem determinado a passar décadas medindo os passos para conquistar Fermina Daza, contra todos os percalços que a vida ou a sua própria amada impunham contra ele, é, no fundo, todos nós.

Quem nunca escreveu cartas de amor que nunca acabaram sendo enviadas? Quem nunca procurou em outras camas o calor que sonhava encontrar na única impossível? Quem nunca sentiu o aperto de ser frio e obstinadamente ignorado justamente pela pessoa por quem vertemos nosso encantamento? Quem nunca chorou de desilusão?

Florentino Ariza se apaixonou por Fermina Daza (a quem nunca havia sequer tocado) ainda na adolescência, e o namorico à distância dos dois, recriminado com pavor pelo pai dela, durou anos de persistentes cartas e mensagens de devoção.

Quando Fermina Daza, tempos depois, dá-se conta de que o amor que julgava sentir era inventado, e se alimentava de ilusão imaginada, repele energicamente seu pretendente, que, a partir de então, teve que esperar por exatamente cinqüenta e um anos, nove meses e quatro dias para propô-la em casamento. Na primeira noite após o enterro de seu marido.

Mais que uma dor de cotovelo prolongada, a espera de Florentino Ariza é o fio condutor de sua vida, e a estória é tão poderosa principalmente porque nunca, em todos aqueles anos e ainda depois de outros, ele fraquejou. Acordava e dormia todos os dias com a convicção inabalável de que teria Fermina Daza junto a si. Não, mais do que isso: sua mocidade, vida adulta e boa parte de sua velhice foram somente uma preparação, estóica, comovente e profundamente apaixonada, para o dia em que Fermina finalmente o aceitasse.

É a partir daí que García Márquez, gênio latino-americano da literatura fantástica, desenovela seu texto fluido, carinhoso, e nos confia as amarguras e delícias do amor. Aquele surgido da admiração, da amizade, da necessidade, das dores, da força do sexo, da solidão. O amor que é um convite ao mundo pessoal de cada um de nós. O livro é uma homenagem ao que há de mais humano e nobre, numa narrativa que nunca se permite descambar para a tristeza sentimentalista ou tormentosa; é sempre sensível e tocante, mas sobretudo leve.

Quem nunca se apaixonou, que atire a primeira pedra. "O Amor nos Tempos do Cólera" é o amor de sonho que parece faltar no árido tempo presente, em que já não se tem mais a certeza de que os olhos falam (e fazem poesia), em que o medo do amor condena à solidão e ao esquecimento.

Aos apaixonados, aos que querem se apaixonar, ao que não correspondem às paixões que lhes são devotadas: recorram às lições de humanidade do professor García Márquez e procurem reconhecer que sempre haverá um Florentino Ariza, calado e esperançoso, reluzindo no olhar de quem merece amor.
Renata CCS 07/10/2013minha estante
"'O Amor nos Tempos do Cólera' é o amor de sonho que parece faltar no árido tempo presente, em que já não se tem mais a certeza de que os olhos falam (e fazem poesia), em que o medo do amor condena à solidão e ao esquecimento." Lindo e perfeito!


Arsenio Meira 07/10/2013minha estante
Renata, obrigado pela generosidade do seu comentário e elogio. Não é à toa que o Garcia Marquez é antológico. Abraços


Gina.Castello 26/05/2017minha estante
Resenha perfeita....cheia de poesia!


Thiago 21/07/2017minha estante
Saudoso Arsênio! Sempre uma emoção qdo encontro resenhas desta alma iluminada que nos deixou cedo demais.


Alvinho 07/05/2020minha estante
Bela resenha!


Ricardo 13/06/2020minha estante
Excelente, conseguiu extrair do livro sua essência.


Douglas 18/09/2020minha estante
Sensacional. Depois dessa resenha, coloquei o livro na minha lista de leitura.


Josy 17/11/2020minha estante
Essa é a resenha mais linda e sensível que já li sobre esse livro. Estou encantada! Parabéns! ?


Maikon 16/01/2021minha estante
Fera, texto muito bom, embora seja um plágio.
Segue o texto original:

Confesso que só terminei de ler um García Márquez há dois meses. Para não precisar desculpar-me, devo esclarecer a minha crença pessoal e ferrenha de que a arte, por ter uma relação estreitíssima com a subjetividade tanto do artista quanto do ?espectador?, somente consegue firmar a ponte do entendimento no momento certo para que ambos os pólos dessa relação miraculosa possam compreendê-la. Ou, colocando as coisas de outro modo, tudo ? mas principalmente a arte ? tem seu momento certo e preciso para operar magia.

Quando comecei a ler Cem Anos de Solidão pela primeira vez (há mais de dois anos), é claro que reconhecia a boa literatura, mas minha compreensão do texto não passava dessa secura analítica, e por isso resolvi deixá-lo de lado temporariamente e esperar uma oportunidade. Esta surgiu há uns três meses, no meio de um período turbulento em minha vida. E o milagre aconteceu.

Mas não vou falar de Cem Anos de Solidão, claro. O intróito serviu como gancho para explicar por que, antes mesmo de terminá-lo, já tinha comprado O Amor nos Tempos do Cólera. Foi a primeira frase do livro que me fez sua leitura uma obrigação sentimental ? ?Era inevitável: o cheiro das amêndoas amargas lhe lembrava sempre o destino dos amores contrariados?. Foi um baque de olhos arregalados e depois alguns passos resolutos ao caixa da livraria.

O livro é uma longa e intensa poesia em forma (quase não disfarçada) de prosa. Não é simplesmente uma estória de amor mal resolvido, ou de tantas formas de amor quanto possíveis e reconhecíveis. É uma verdadeira epopéia sobre as relações humanas, lindas todas, brutas e delicadas, enaltecedoras e humilhantes. Florentino Ariza, mais que um homem determinado a passar décadas medindo os passos para conquistar Fermina Daza, contra todos os percalços que a vida ou a sua própria amada impunham contra ele, é, no fundo, todos nós.

Quem nunca escreveu cartas de amor que nunca acabaram sendo enviadas? Quem nunca procurou em outras camas o calor que sonhava encontrar na única impossível? Quem nunca sentiu o aperto de ser fria e obstinadamente ignorado justamente pela pessoa por quem vertemos nosso encantamento? Quem nunca chorou de desilusão?

Florentino Ariza se apaixonou por Fermina Daza (a quem nunca havia sequer tocado) ainda na adolescência, e o namorico à distância dos dois, recriminado com pavor pelo pai dela, durou anos de persistentes cartas e mensagens de devoção. Quando Fermina Daza, tempos depois, dá-se conta de que o amor que julgava sentir era inventado, e se alimentava de ilusão imaginada, repele energicamente seu pretendente, que, a partir de então, teve que esperar por exatamente cinqüenta e um anos, nove meses e quatro dias para propô-la em casamento. Na primeira noite após o enterro de seu marido.

Mais que uma dor de cotovelo prolongada, a espera de Florentino Ariza é o fio condutor de sua vida, e a estória é tão poderosa principalmente porque nunca, em todos aqueles anos e ainda depois de outros, ele fraquejou. Acordava e dormia todos os dias com a convicção inabalável de que teria Fermina Daza junto a si. Não, mais do que isso: sua mocidade, vida adulta e boa parte de sua velhice foram somente uma preparação, estóica, comovente e profundamente apaixonada, para o dia em que Fermina finalmente o aceitasse.

É a partir daí que García Márquez, gênio latino-americano da literatura fantástica, desenovela seu texto fluido, carinhoso, e nos confia as amarguras e delícias do amor. Aquele surgido da admiração, da amizade, da necessidade, das dores, da força do sexo, da solidão. O amor que é um convite ao mundo pessoal de cada um de nós. O livro é uma homenagem ao que há de mais humano e nobre, numa narrativa que nunca se permite descambar para a tristeza sentimentalista ou tormentosa; é sempre sensível e tocante, mas sobretudo leve.

Quem nunca se apaixonou, que atire a primeira pedra. O Amor nos Tempos do Cólera é o amor de sonho que parece faltar nos áridos tempos atuais, em que já não se tem mais a certeza de que os olhos falam (e fazem poesia), em que o medo do amor nos condena à solidão e ao esquecimento. Aos apaixonados, aos que querem se apaixonar, ao que não correspondem às paixões que lhes são devotadas: recorram às lições de humanidade do professor García Márquez e procurem reconhecer o Florentino Ariza que habita, calado e esperançoso, dentro de suas almas.

Aline Arroxelas
lido em Jan. de 2004
escrito em 22.01.2004



Alicia.Caldeira 22/09/2021minha estante
Essa, sem dúvida, é a resenha mais linda que já li. Digna de "O amor nos tempos do cólera". Incrível!


oliv_mel 27/05/2023minha estante
Que coisa linda essa resenha! Senti mais vontade ainda de ler? em breve retorno.


MEKRIEGER 30/09/2023minha estante
E uma leitura magnífica, Gabriel Garcia Marques foi um dos maiores autores latinos




Ana Sá 26/12/2021

"Tinha sabonete sim" [Da minha série: resenha que não é resenha!]
Há muitas resenhas deste livro, então não me dei ao trabalho de escrever uma. Mas acabou que a leitura me marcou, e assim surgiu esta quase crônica...

"ninguém vai te avisar, mas casamento é feito de amor, respeito etc., mas também é feito de CPI. a gente promete amar "na saúde e na doença", mas o que ninguém te diz é que a gente vai precisar amar "na saúde, na doença, e na briga do sabonete". ou na briga da toalha, ou na briga da ordem das coisas na geladeira. 

em "amor nos tempos do cólera", um dia faltou sabonete no banheiro. ou Urbino disse que faltou, enquanto Fermina jurava que não faltou. e assim, instaurada a CPI do sabonete, lá estavam os dois a "pastorear rancores". Urbino abraçado na sua necessidade de ter razão, Fermina tomada pela certeza de que ele mentia para atormentá-la. o fim da CPI se deu quando a saudade do amor tranquilo gritou aos ouvidos de Urbino. rendido, ele disse baixinho: "me deixa ficar aqui [na cama]... tinha sabonete sim!". 

ninguém vai te avisar, mas o certo seria "prometo amar-te e respeitar-te, no sabonete sim e no sabonete não". mais do que chegar ao tal amor que ninguém nunca viu, casar é ir percebendo que se joga o jogo de um com o outro, e não de um contra o outro. ninguém vai te avisar, mas você vai encenar brigas ridículas na lua de mel, e depois disso mais algumas também. ridículas, mas que aos seus olhos e estômago terão peso de vida ou morte, como se do lugar correto do pano de prato dependesse o eixo terrestre. como bem retratou Gabo, existem prazeres perigosos no amor doméstico. e o vício em ter razão é dos primeiros.

não sei se alguém te avisou, mas eu estou avisando. morar junto é montar o álbum de família, mas é também colecionar intrigas. e no meio delas guardar na memória, e no coração, os sussurros de "me deixa ficar aqui...". e ir ficando. porque se a gente não se perde, o pano, a toalha, o sabonete, os potes na geladeira, tudo encontra seu lugar.

... "me deixa ficar aqui [na cama]... tinha sabonete sim!", anotou o relator da CPI."
Joao 26/12/2021minha estante
Resenha sensacional, Ana!!


Margô 26/12/2021minha estante
Impressionante, é que gostei muito mais da obra, Amor em tempo de Cólera" do que, Cem de Solidão, que é o carro chefe de Gabriel Garcia Márquez...rsss


Paloma 26/12/2021minha estante
Esse livro é maravilhoso. Adorei sua crônica, Ana.


Stella F.. 26/12/2021minha estante
Parabéns!


Jeane Nunes 26/12/2021minha estante
Adorei sua crônica , Ana ? Fiquei com vontade de lê-lo .


dani 26/12/2021minha estante
Que resenha fofa! Amei!


Julia Mendes 27/12/2021minha estante
Ana, já disse que adoro ler tudo que você escreve?! E choro de rir! ??


be_mim 27/12/2021minha estante
Depois de ler tua resenha minha vontade de ler esse livro aumentou mais ainda. Tu escreve muito bem, Ana! :)


Carolina.Gomes 27/12/2021minha estante
Adorei! Lerei em 2022. Gostei muito de 100 anos, mas muita gente prefere esse.


Dani 03/03/2023minha estante
Hahahahahaha o sabonete kkkk


DIRCE 13/03/2023minha estante
Estou revisitando esse livro. Amei sua colocação CPI do sabonete. Estou na página 113 e um sorriso persiste nos meu lábio até o presente momento da leitura. O Gabo, era positivamente , um brincalhão. Adorando. Tenho que concordar com o meu marido que diz que o bom da velhice é que , na maioria das vezes, um repeteco é como se fosse a primeira vez. Pouco me lembro da estória e da narrativa deliciosa do Gabo.
Adorei sua resenha da série resenha que não é resenha.




Mara Islanne 21/10/2021

O amor pode resistir por tantos anos e se encontrar na velhice às portas da morte, quando nada mais parece ter graça em vida, depois de se ter vivido tudo que a vida poderia oferecer?
Florentino Ariza acreditou até o fim e viveu toda sua vida em função de reconquistar, ou conquistar de fato, o amor de Fermina Daza.
Quem lê esse livro esperando um romance meloso, se desaponta. É um romance cheio de percalços, por muitas vezes ultrajante, doentio, triste, porém, muito verdadeiro e humano. A história se dá em um país assolado pela peste do cólera e da guerra, um cenário podre, insalubre.
Não foi fácil chegar até o final, é um livro muito profundo. Chorei, ri muito e fiquei com raiva algumas vezes.
Tem um absurdo gritante que não vou comentar pra não dar spoiler.
Enfim, vale muito a pena a leitura, um dos meus favoritos do ano.
"Pois tinham vivido juntos o suficiente para perceber que o amor era o amor em qualquer tempo e em qualquer parte, mas tanto mais denso ficava quanto mais perto da morte."
Diego Fernandes 22/10/2021minha estante
Eu amo tanto esse livro, quero reler em breve.


Mara Islanne 22/10/2021minha estante
Eu amei também Diego, estou aqui sem saber como começar outro.


Diego Fernandes 22/10/2021minha estante
Hahaha também passei por isso, senti um vazio no peito. Demorei para aceitar que o livro tinha acabado. Hahahaha




Lista de Livros 22/12/2013

Lista de Livros: O Amor nos Tempos do Cólera - G. G. Márquez
Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado.”
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“Contudo, Florentino Ariza descobriu a parecença muitos anos depois, enquanto se penteava na frente do espelho, e só então compreendeu que um homem sabe que começa a envelhecer porque começa a parecer com o pai.”
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Mais do blog Lista de Livros em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com/2007/08/o-amor-nos-tempos-do-clera_02.html?m=1
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Adonai 27/06/2020

Ódio e amor por esse livro
Uma história que permite você pensar personagens de uma maneira complexa, em um nível próximo da vida real. E é por isso que a relação de amor e ódio se materializa na leitura e fica impregnada em mim.

Basicamente, um rapaz (Florentino) se apaixona por uma garota (Fermina) mais nova e o pai da menina não permite a relação, separa ambos, a garota cresce e percebe que não quer se casar com o rapaz e aceita a insistência de um médico (Urbino) famoso da cidade.
E dessa forma, Florentino passa sua vida esperando o momento para voltar com Fermina, aproveitando a vida como pode, como quer e principalmente usando sua juventude para esperar Fermina.

Não consegui ver esse triângulo como representação fácil do amor. O que me parece é justamente a pluralidade como cada um vê o amor e como algumas personagens nem sabem o que é amar e seguem fazendo o que a sociedade pressiona. A relação contraditória no momento da leitura se fortifica quando os personagens possuem atitudes boas e péssimas, na mesma página, e isso precisou ser superado por mim para finalizar o livro. É um livro que vale a leitura, mas não sei qual seria o momento de recomendar e para quem recomendar.
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Rafa 05/03/2022

Paixão sufocada, amor inconsumptível
A narrativa é extremamente sensível. Impressiona a mágica de Gabriel G. Marquez, construindo trechos que ecoam as intempéries da vida. Personagens ordinários, mas rebuscados. É sobre apostar no ?prazer legítimo (?) quando o tempo for propício?.
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Otávio - @vendavaldelivros 04/12/2020

“Fermina – disse -, esperei esta ocasião durante mais de meio século, para lhe repetir uma vez mais o juramento de minha fidelidade eterna e meu amor para sempre.”

Toda vez que falo sobre Gabriel Garcia Márquez pesam sobre as palavras uma preferência e um carinho inegável. Sou sempre suspeito para falar sobre o colombiano, vencedor do Nobel de Literatura, porque desde Cem Anos de Solidão nunca encontrei alguém que escrevesse como ele. Eu tinha muitos receios antes de ler O Amor nos tempos do cólera, uma de suas obras mais famosas. Todas as resenhas me mostravam um livro que talvez fosse um pouco fora do meu próprio gosto. Fui um fã de pouca fé e, com sua forma de fazer poesia a cada palavra, Gabo só confirmou toda sua genialidade.

Escrito em 1985, três anos depois de ser laureado com o Nobel, “O amor nos tempos do cólera” quebrou uma “maldição” do prêmio. A lenda dizia que nenhum vencedor teria escrito uma obra de grande sucesso e qualidade após ser premiado com a honraria máxima da Literatura. Mas, provando que é alguém que veio para mudar realidades, Gabo concebeu esse livro incrível, inspirado na história dos próprios pais, com a mágica capacidade de transformar cada linha em poesia. É assim que nasce a história dor amor do telegrafista e poeta Florentino Ariza pela amada Fermina Daza.

Florentino amava Fermina que, inicialmente, parecia amá-lo também. Porém, em algum momento, pairou a dúvida e a jovem acabou casando com o médico Juvenal Urbino. Os anos se passam, a devoção de Florentino segue firme, sempre respeitando o casamento de Fermina, mas a amando em segredo. Após 50 anos, no velório de Juvenal, Florentino declara seu amor e sua fidelidade eterna. E aí, entre idas e vindas no tempo, acompanhamos as histórias de ambos e suas desventuras e aprendizados no amor.

O amor presente nesse livro não é convencional. Mas afinal, o que é um amor convencional? O que esperamos do amor? Muitos julgam Florentino por manter um amor por tanto tempo, por fazer sua declaração no momento errado, por não ter responsabilidade emocional com todas as mulheres com as quais se relacionou ao longo dos anos. E, tudo bem, como um personagem imperfeito, Florentino tem, de fato, vários defeitos. Mas, mais do que tudo isso, o amor se apresenta nesse livro em suas múltiplas variáveis. Um amor por vezes avassalador, em ambientes destrutivos e em meio à uma realidade crua. Um livro que é amor do início ao fim, mas um amor real, humano, quebrado, construído, idealizado ou não. Uma prova de humanidade.

site: https://www.instagram.com/p/CIWltGwJIX1/
Gabriela 04/12/2020minha estante
Que ótima resenha! Fiquei até com mais vontade de ler esse livro.


Karina Catellan 06/12/2020minha estante
Linda resenha!


Otávio - @vendavaldelivros 07/12/2020minha estante
Obrigado, meninas! Gabo é incrível. E esse livro foi marcante demais!




Wall-e 26/12/2009

Minha estréia de Garcia Marquez
Foi minha primeira leitura de Garcia Marquez. Confesso que ao iniciar a leitura estranhei o estilo meio poético e muito descritivo. Folheando o livro o que me mais me chamou atenção foi a falta de diálogo entre os personagens.

Mas foi só vencer a barreira inicial e fui me deixando envolver pela obra e pela maneira como a estória ia sendo contada. O interessante é que justamente a falta de diálogo permite que o autor detalhe em toda as formas o sentir de cada personagem. Embarcamos numa viagem de paixões platônicas, paixões efêmeras, amores impossíveis, amores arranjados, amores carnais, traições, perdões e quase tudo que envolve um relacionamento entre homem e mulher.

A paixão platônica entre Fermina Daza e Florentino Ariza se passa no século XIX mas não podia ser mais 'atual'. Sim porque eles se conhecem apenas 'virtualmente'(e de vista) e usam a tecnologia inovadora da época (telégrafo) para dar vazão a seus sentimentos... até o dia do tão esperado encontro! Parece algo que você conhece?

Ok, mas isso é apenas o início de tudo. O autor nos conduz com maestria ao longo de toda uma vida desses vários personagens. Confesso que no final cheguei a sentir uma certa nostalgia, como se tivesse sido eu quem tivesse envelhecido e não os personagens.

É uma leitura para os românticos de carteirinha. Não espere uma estória movimentada e de ação ou suspense porque o que você vai encontrar aqui é intenso, mas envolve apenas o coração.

Uma ótima leitura!
Erika Valentim 01/01/2012minha estante
Já comecei a ler 2 vezes e parei. Mas depois que li sua resenha vou recomeçar.


Márcia 04/01/2012minha estante
Tô começando a ler hoje e seu comentário me animou bastante.Já li" cem anos de solidão " e achei bem mais difícil de ler devido ao enorme nº de personagens.


Amanda Ladislao 06/03/2013minha estante
Estou começando a ler


Matheus 20/03/2013minha estante
Cara, brincou né? "Para os românticos de carteirinha"? O estilo dele inclusive tende mais para o jornalístico realista (que alguns chamam de 'Realismo Fantástico')! Garcia fala que os sintomas do amor são parecidos com o do cólera! - caganeira, portanto. Isto que é o genial: a estória tem partes tão grotescas que ninguém leria se outro autor escrevesse mas, a prosa de Garcia é tão foda que ele, e só ele, consegue contar de um jeito 'light' tudo isso!


Renata CCS 26/06/2013minha estante
Interessante a sua referência sobre a falta de diálogos no livro. Realmente, a narrativa de García Márquez por si só já é o grande atrativo do livro. Seu bom humor, sua crítica ácida, sua poesia e a delicadeza na forma que aborda o tema amor nos prendem a atenção e nos fazem apaixonar pelos personagens.
Uma bela resenha!


Bibi 03/05/2014minha estante
É um livro que descreve o amor com uma perspectiva realista, e isso é genial. Achei esse fato bem semelhante a Jorge Amado, mais alguém acha?


Flávia 23/09/2015minha estante
é uma leitura para não romanticos tb, colega. O amor é descrito com tanta verdade que até os mais céticos em relação ao amor podem se apaixonar (eu).


Carol 18/04/2023minha estante
Gente, alguém que leu esse livro e não curtiu? Estou me sentindo um peixe fora d'agua lendo as resenhas e vendo a maioria aclama o livro e estou me questionando: Será que li errado? Pois meu Deus! levei 4 meses pra finalizar esse livro e não consegui me conectar de jeito nenhum com a história e personagens :(




Renata CCS 11/07/2013

Separados por cinqüenta e três anos, sete meses e onze dias.

"Com o decorrer dos anos ambos chegaram, por caminhos diferentes, à conclusão sábia de que não era possível viverem juntos de outra maneira, nem amarem-se de outra maneira: nada neste mundo era mais difícil do que o amor."

O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA é um incrível e irresistível romance que trata do amor, da velhice e da morte. Ambientado no Caribe, século XIX, na época em que o cólera era uma ameaça invisível, Florentino Ariza conhece Fermina Daza quando tem ainda seus 19 anos e ela 15, compartilham de um noivado às escondidas que durou 3 anos de correspondências cheias de juras de amor. Ele, um simples empregado dos correios, sem atrativos físicos, sem dinheiro, jurou seu amor eterno, mesmo depois que ela, moça rica, bonita e de temperamento forte, num encontro após a volta de uma viagem que foi obrigada pelo pai a fazer para se separar de Florentino, percebe que estivera enganada, que aquele homem que via, depois de tantas cartas trocadas, nada tinha do que sonhava em um pretendente. E mesmo quando ela casa-se com o médico Juvenal Urbino, o amor de Florentino Ariza persiste e espera 53 anos, 7 meses e 11 dias - quando seu rival morre - para ter novamente seu grande amor. E é sobre os percalços do caminho, de mais de meio século, desde a juventude até a velhice, que o livro discorre, passando pelo amor romântico e seus dramas e pelo amor cotidiano e suas banalidades.

A narrativa de Gabriel García Márquez por si só já é o grande atrativo do livro. Seu bom humor, sua crítica ácida, sua poesia e a delicadeza na forma que aborda o tema amor nos prendem a atenção e nos fazem apaixonar pelos personagens. É incrível como ele muda o foco da cena de um parágrafo a outro, transportando o personagem ao passado e logo de volta ao presente, em uma transição que o leitor não sente, tamanha a sensibilidade na abordagem dos temas. Conta a história de forma leve e arrebatadora, simples porém comovente, sem a menor pressa, nos divertindo e emocionando.

O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA sustenta-se sobre a plenitude dos amores eternos, o arrebatamento das paixões adolescentes, os tormentos juvenis e a possibilidade de encontrar o amor na serenidade da velhice. Amores que, em qualquer época, enfrentam comentários frívolos e preconceituosos.

Este belíssimo romance, desafiador das convenções sociais, para mim se revelou um verdadeiro hino ao amor incondicional, total, eterno, persistente, e o mais marcante: amor que não tem idade.
Bruno 05/06/2013minha estante
Linda resenha, Renata.

Já coloquei na estante para ler em breve, provavelmente este será meu primeiro "Garcia Marquez" (vergonhosamente ainda não li nenhum mas sou morto de curiosidade).

Abraço!


Renata CCS 18/06/2013minha estante
Leia sim Bruno! Vc vai gostar muito! abraços.


Ladyce 02/07/2013minha estante
Boa resenha!


Ana Maria 30/07/2013minha estante
Sua resenha dá vontade de ler - e, como não, amar!


Helder 05/09/2013minha estante
Este é um dos livros mais bonitos que já li. Romântico de verdade. Sem pieguices!


VICKY 17/09/2013minha estante
Eu me encantei com Florentino Ariza, ele é sim um rapaz inocente e apaixonado, e justamente isso traz um certo encantamento sobre sua vida.


Arsenio Meira 07/10/2013minha estante
É bacana demais compartilhar com os leitores as impressões de um livro que nos toca, Renata. E você o fez, com tal paixão e motivação que convenceriam até mesmo quem não gosta do velho Gabo. Abraços


Renata CCS 09/10/2013minha estante
Assim é o querido e único Gabo: às vezes realista, em seguida fantástico, outras vezes absurdo, e quase sempre tempera suas narrativas com estes 3 ingredientes, entre outros. Gênio!


Margot 17/03/2015minha estante
Ainda não li nada de Garcia Marquez, mas agorinha mesmo vou colocar "O amor nos tempos do cólera" e "Cem anos de solidão" na minha estante.
Bela resenha, parabéns!.
Abraço!


Rapha Écool. 28/11/2023minha estante
Que resenha maravilhosa, peguei ele no meu kindle e vou ler em seguida!




Rafael.Augusto 02/11/2020

Livro para ser devorado

O amor nos tempos do cólera foi publicado em 1985 pelo, já então consagrado escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez.

Somente um amor pertinaz pode suportar uma espera de cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias para refazer seus votos de amor eterno. Esse é o tempo que Florentino Ariza espera para iniciar sua tentativa de reconquista de Fermina Daza.

Apesar de uma perspectiva muito bonita, Gabriel Garcia Márquez finca o pé no realismo e nos mostra por vários ângulos e de várias maneiras, como é cruel o ser humano. O paralelo em que o autor traça entre amor, guerra, sexo, obstinação e cólera tanto no sentido de ira, como a doença, nos dá um retrato deplorável da natureza humana. Em alguns momentos a leitura nos leva a sentir uma grande aversão, especialmente a um dos principais personagens.

Destaco o fato de ser esse um livro carregado de cenas ignóbeis com racismo, estupro, pedofilia entre outros crimes. Porém, a escrita e a sabedoria do gênio se mostram em proeminência durante toda a narrativa.

Boas leituras!
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Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

O amor nos tempos do cólera, Gabriel Garcia Márquez - Nota 10/10
Sempre ouvi falar muito bem dessa obra e, depois de finalmente lê-la, posso dizer que a expectativa apenas se confirmou! Com sua incrível habilidade de construir histórias, Gabo vai conduzindo o leitor pela vida de diversas personagens, mas sempre com um pano de fundo comum: o amor entre Florentino Ariza e Fermina Daza. De um lado, um rapaz humilde, poeta, músico e telegrafista. De outro, uma moça de família boa, que estuda na melhor escola da cidade e que deve obedecer as ordens de seu pai. Mas não se iludam... Não se trata, nem de perto, de um amor fácil, um amor correspondido ou um amor passageiro. Pelo contrário: é o amor que persiste e que dói - um sentimento que adoece quem o carrega, com sintomas facilmente confundidos com os da cólera. Gabo desenvolve esse amor aos poucos, convida o leitor a participar de cada momento, cada fase desse sentimento que une Florentino e Fermina. Uma verdadeira obra prima, com uma profunda - e envolvente - análise psicológica das personagens. É daqueles livros que ficam na cabeça do leitor por muito tempo...

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Maristela 21/12/2022

É um romance que você começa a ler e encontra-se envolvido na narrativa, como acontece com todos os livros de Gabriel Garcia Marques.
O romance se passa no século XIX nos tempos do cólera, guerras civis, crises econômicas(?) o romance aposta na paixão mesmo que a realidade não lhe seja favorável.
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Cinara... 15/09/2020

"... mas se deixou levar pela convicção de que os seres humanos não nascem para sempre no dia em que as mães os dão a luz, e sim que a vida os obriga outra vez e muitas vezes a se parirem a si mesmos. "
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FRAN329 18/05/2020

O Amor nos Tempos do Cólera
"Notou que várias vezes durante a refeição tirou os óculos para enxugá-los no lenço, porque seus olhos choravam." (P.367)

Essa não é apenas mais uma simples história romântica, mas um grande tratado de amor. Uma história real dos pais de Gabriel García Márquez, que foi o ponto de partida de "O amor nos tempos do cólera", um amor que perpassou uma epidemia de cólera no final do século passado, e que acompanha a paixão do telegrafista, violinista e poeta Florentino Ariza por Fermina Daza.

"Florentino Ariza não deixara de pensar nela um único instante desde que Fermina Daza o rechaçou sem apelação depois de uns amores longos e contrariados, e haviam transcorrido a partir de então cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias."

Li atentamente às referências, e relacionei essa história com os dias difíceis em que estamos vivendo, pois o distanciamento social causado pela pandemia da Covid-19 está sendo o cólera do século XXI.
Dira 23/05/2020minha estante
É um bom paralelo. :)




Maria 05/05/2021

Lindo
Uma história linda de amor em diferentes momentos, de diferentes formas. Um resgate de amores antigos, impossíveis. Um livro sobre a vida e o desenlace das relações... lindo, triste, feliz...
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