Crônica de um vendedor de sangue

Crônica de um vendedor de sangue Yu Hua




Resenhas - Crônica de um Vendedor de Sangue


13 encontrados | exibindo 1 a 13


Bruno.Dellatorre 23/01/2021

Uma interessante saga familiar
Gostei da narrativa dinâmica, dos diálogos absurdos e do enredo, que mostra de forma brilhante a saga de uma familia que atravessa o Grande Salto Adiante e a Revolução Cultural.

A única coisa que me incomodou mesmo foi o número excessivo de vezes em que os personagens comem ?um prato de fígado de porco frito e duas doses de vinho de arroz amarelo?.
Apesar disso, recomendo!
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Felipe 30/07/2013

Crônica de um vendedor de sangue
Sempre fico atento aos lançamentos da Companhia das Letras e, ao ver este livro, me chamou a atenção o título. Como leio pouca literatura chinesa, pensei: por que não?! E foi uma grata, feliz surpresa. Não só a história é muito interessante, o protagonista um personagem curiosíssimo, como a prosa de Yu Hua é muito rica e divertida. Este, aliás, foi o elemento mais surpreendente do livro. O humor. A história começa na década de 50, numa China pobre e cheia de dificuldades. Tanto que Xu Sanguan resolve vender seu sangue, algo nada banal (e até mesmo condenável naquela sociedade)para os chineses. E daí, sempre que se encontra em dificuldade, Xu Sanguan tem onde recorrer: ao próprio sangue. Em uma crônica em que há pobreza, doenças, e conflitos, aparece inesperadamente um presente para o leitor, a graça. O livro é engraçado, mesmo. Isso poderia ser forçado, mas aí reside a sabedoria e boa prosa dos bons escritores. A dose é certeira. E Crônica de um vendedor de sangue, imperdível.
edu basílio 04/08/2013minha estante
eu o havia lido, lipe, há alguns anos (http://www.actes-sud.fr/catalogue/litterature-etrangere/le-vendeur-de-sang-0). foi a sinopse que me chamou a atenção. e minha visão foi parecida com a sua: como pode um escritor tornar um assunto dramático (no limite do "glauque") em algo que me faz rir ? :-)


Felipe 04/08/2013minha estante
Você é tão pioneiro, Edu! Não só leu antes, como em francês.. ;)
Me diverti muito com o livro, de rir mesmo. São raros os livros assim, não é todo autor que tem esse talento.


Maria Cecilia 05/08/2013minha estante
Comprei este livro ontem para ler no aeroporto, mas li primeiro o outro que comprei e deixei pra depois (na verdade li as primeiras poucas páginas ontem. Duas coisas que me surpreenderam: a pessoa que fez a resenha dizer que é divertido e descobrir que o Edu já leu também, rs... =) Coincidência, que skoob pequeno! =)




Lopes 20/07/2018

| O sangue fictício |
Em “Crônica de um vendedor de sangue”, Yu Hua conta a história de Xu Sanguan e sua paupérrima família, que se segura nas condições de um sistema em profundas mudanças, na ideia de estrutura familiar e moralidade. A aprovação para estarem vivos, famintos e doentes, acontece após as várias vezes em que Xu Sanguan vende seu sangue, numa tentativa básica de sobreviverem em um momento delicado e de transição da qual China passa. É fácil assimilarmos a escrita e o enredo criados por Yu Hua, são crônicas que traduzem um retrato em cor dos acontecimentos. Seu cotidiano é um objeto universal, traumas e tramas enlaçam qualquer um quando dela novos signos surgem e a todo instante se reinventam – se contarmos a distância geográfica e cultural entre o local que fala da que recebe. Hua se deixa desequilibrar pela sua força poética da ação que o seduz, nos fazendo encontrar um belo e sedutor contador de histórias. Se tudo está sendo dito, esquecendo uma atuação mais concreta da linguagem, esse “tudo” é sem pausas e ou mirabolantes rodeios no centro da ação. Tudo é sólido, acontece e muda. A consciência da voz deste romance é primordial para a agilidade em questão, bem como os contrapontos socioculturais e históricos. Ao ler estas crônicas somos levados pela nostalgia e a agonia de uma voz doce, às vezes risonha, diferindo das mãos pesadas, contrariando um fator comum, evocando a beleza como um véu que sabe envolver a tragédia não para esteriliza-la, mas sim encantar paradoxalmente a obra.
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Beto 07/03/2020

Drama familiar super bem contado
Acompanhamos o operário Xu Sanguan lidar com as dificuldades de construir uma família na China comunista da década de 50. Onde na mesma proporção que a fome assolava, o o mercado clandestino de venda de sangue crescia.

Traições, brigas entre irmãos, discussões entre marido e mulher, gritaria nas ruas, são tantas coisas típicas de uma família comum, que o escritor nos faz sentir com se estivessemos acompanhando o dia dia de uma família vizinha.

Sentimento parecido tive ao ler a menina que roubava livros, onde as páginas passam sozinhas e a leitura flui de maneira espetacular.

Leia sem medo de ser feliz :)
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Bel 22/02/2022

Foi uma leitura rápida e diferente, gostei bastante dessa crônica. A escrita do autor é muito boa e a história também.
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zchvanna 10/03/2023

Interessante leitura
É a segunda vez que leio esse livro e tive o mesmo pensamento: a literatura oriental é bem diferente. Ele é bem escrito, é bem legal ver como eram as coisas na china rural, como foi a experiência do mao tse tung e como era o pensamento na época. Teve partes que doeram de ler, o drama familiar e o machismo fazem presença e permite muitas reflexões.
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DCerdeira 21/02/2012

Não tive ainda a oportunidade de ler mais obras desse premiado autor Yu Hua, mas posso afirmar que em "Crônica de um Vendedor de Sangue" não faltará ao leitor aquela sensação de estar acompanhando de perto as personagens. Yu Hua dá aos seus personagens uma forma de falar, agir e pensar inconfundíveis do oriente.
Essa obra nos dá a chance de assistir a vida de jovem chinês desde sua juventude até sua maturidade. Nesse tempo, presenciamos diversos acontecimentos e problemáticas de sua vida envolvendo seu casamento e filhos.
A vida desse homem é marcada por "ações e reações" e quase sempre nos traz através dessa filosofia, uma reflexão sobre valores, sabedoria e o quanto a vida nos ensina na prática os rumos para tomar decisões.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 03/07/2015

Yu Hua - Crônica de um Vendedor de Sangue
Editora Companhia das Letras - 272 páginas - Tradução do inglês de Donaldson M. Garschagen - Lançamento 14/12/2011.

O chinês Yu Hua, nascido em 1960, iniciou a sua carreira literária somente em 1983, após um malsucedido início profissional como dentista. Ele já escreveu um total de cinco romances, dos quais três estão disponíveis no Brasil; além de Crônica de um Vendedor de Sangue (2011), a Companhia das Letras já lançou: Irmãos (2010) e Viver (2008). Ele reside atualmente em Beijing e seus livros já foram publicados em mais de 20 países, tendo recebido os prêmios: Grinzane Cavour da Itália (1998), Chevalier de l'Ordre des Arts et des Lettres da França (2004), Special Book Award da China (2005) e o Prix Courrier International também da França (2008). Desde 2013, Yu Hua é um dos escritores que contribuem com o New York Times (neste link pode-se acessar os artigos dele).

Crônica de um Vendedor de Sangue é aquele tipo de romance universal que mostra os extremos da fragilidade, mas também da grandeza do ser humano, em um ambiente adverso. Seja em uma pequena cidade rural chinesa ou no sertão nordestino brasileiro, o homem, em seu núcleo familiar, precisa se adaptar para sobreviver. Neste ponto é impossível não se emocionar com a trajetória da família formada pelo protagonista Xu Sanguan ao longo dos altos e baixos de trinta anos de história da República Popular da China (1950 a 1980) como pano de fundo, a maior parte deste período sob o governo de Mao Tsé-tung, antes da abertura econômica vivenciada hoje no país.

Desde muito jovem, Xu Sanguam, operário de uma fábrica de seda, aprendeu que 400 mililitros de seu sangue (volume de duas tigelas de arroz) equivaliam a trinta e cinco iuanes, valor superior ao que ganharia trabalhando por seis meses no campo, uma verdadeira "mina de dinheiro" que provocou na China um livre-comércio de grandes proporções entre doadores e "chefes de sangue". O próprio Xu Sanguam vem a recorrer diversas vezes ao longo da vida a este comércio, normalmente nos momentos de crise familiar. Após o procedimento de doação, um bom prato de fígado de porco frito e duas doses de vinho de arroz amarelo têm o poder de recompor a energia do corpo conforme lhe foi ensinado.

No início, a venda do sangue não representa nenhuma urgência na vida de Xu Sanguam e ele utiliza os recursos desta atividade pela primeira vez para conquistar, na verdade convencer, a bela Xu Yulan a se casar com ele (pagando-lhe um jantar nada romântico com "bolinhos ao vapor, ameixas salgadas, frutas carameladas e meia melancia") e cobrir os custos do casamento. Em um período de cinco anos, Xu Yulan dá à luz três filhos: Yile (Primeira Alegria), Erle (Segunda Alegria) e Sanle (Terceira Alegria). Na verdade, o seu primogênito, Yile, ficará para sempre associado a uma grande tristeza, e não alegria, quando Xu Sanguam descobre que não é o verdadeiro pai do menino. De qualquer forma, este filho que não tem "vínculos de sangue" verdadeiros, à princípio desprezado, acaba se tornando o preferido.

Durante os anos do período histórico chamado Grande Salto Adiante (1958 - 1962), a agricultura passa a ser controlada pelo Estado e coincidentemente ocorrem vários desastres naturais (estima-se que aproximadamente 30 milhões de pessoas morreram de fome), a família de Xu Sanguan tem que passar cinquenta e sete dias consecutivos comendo apenas mingau de fubá. Claro que o nosso protagonista precisa recorrer mais de uma vez ao comércio de sangue para salvar a mulher e os filhos da fome. No entanto, uma fase ainda pior está para começar, quando Xu Yulan é denunciada injustamente como prostituta durante a violenta Revolução Cultural (1966 - 1976) e os dois filhos mais velhos são obrigados a partir para o campo pois, segundo a orientação da política maoista, "é indispensável que os estudantes sejam mandados ao campo para que os camponeses de nível médio e baixo os reeduquem".

Apesar das situações difíceis por que passam seus personagens, a ligação de confiança e amor entre os integrantes da família nunca enfraquece e a narrativa de Yu Hua é sempre bem-humorada, por vezes até mesmo tragicômica, à medida que os eventos familiares são associados aos impactos da política econômica na sociedade chinesa. Um belo livro que já deixa saudade.
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ElisaCazorla 24/08/2015

Comer com os Ouvidos
Yu Hua escreve uma narrativa oral. Ele nos faz sentir que estamos ouvindo alguém contar uma história. A história de uma vida. A história de uma família. Existem vários problemas no decorrer da história. Existem personagens fascinantes que têm que sobreviver à situações inimagináveis. Sofremos com eles, sentimos frio e fome com eles - muita fome!. O autor se utiliza da ferramenta do cômico e do humor, mas em nenhum só momento eu dei gargalhadas durante o leitura. A história é dura, muitas vezes trágica e algumas vezes senti medo de continuar pensando que não suportaria mais sofrimento. Mesmo assim, é uma leitura tão deliciosa e tão dinâmica que é impossível parar de ler! Leitura maravilhosa! Um autor delicado e inovador! Um contador de histórias!
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Radamila 25/07/2022

Curti bastante. Pensei que seria diferente, mais sombrio. Apesar disso, foi muito bom.
Acompanha a vida de um homem que decidiu vender sangue pelo dinheiro fácil e às vezes por necessidade da família.
Vale a pena. É sensível e engraçada.
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Maira.Ferreira 17/06/2023

Crônica de um vendedor de sangue
É um ótimo livro cuja história foi ambientada na China, a partir dos anos 1950, que vai narrando a vida de uma família chinesa ao mesmo tempo que apresenta partes da história da China.

Traz recortes culturais sobre as condições de trabalho, situação da mulher, da criação dos filhos e da relação entre a comunidade chinesa na década de 1950.

Mostra como era a vida da família de Xu Sanguan durante a China comunista de Mao Tse Tung, com escassez de recursos, principalmente, para a população mais pobre. A vivência da grande fome e as comunas agrícolas e a venda de sangue como recurso para sobrevivência.

Eu não conhecia essa prática da venda de sangue na China, pelos mais pobres, como forma de sobrevivência. Sei que o intuito do livro não foi trazer dados mais profundos sobre essa prática, as intituições que a realizavam e a forma de manejo e distribuição desse sangue, mas me deixou super curiosa pra buscar mais informações sobre o ocorrido.

Muito bom!
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jacarepaguá_blues 21/12/2023

Os dramas familiares, o contexto social que leva o Xu Sanguan à situação degradante de precisar vender sangue, o retrato cultural da época e do país (destaco aqui a situação da mulher na China, por volta de 1950), tudo isso tornou essa história muito interessante pra mim.

O narrador é distante e impessoal, o que fez eu sentir constantemente que tava vendo a história ?do lado de fora?. A princípio achei que isso seria um problema pra mim, mas, com o tempo, fui não apenas me acostumando com aqueles personagens que eu tava espiando de longe, como também passei a me importar com eles.
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cyberenjeru 06/03/2024

Como eu já li Viver é impossível não fazer comparações. Ambos livros se passam na mesma época, acompanham desde a juventude do protagonista, a ele se casando se tornando pai de família e chegando a velhice, passando pela fome, revolução cultural até os tempos mais prósperos da China. A principal diferença entre eles é que Xu Sanguan nunca foi um homem rico e é da cidade, apesar de ter parentes no campo, e também não foi para a guerra. Assim como em Viver, é cheio de dramas familiares, mas em Crônica de um vendedor de sangue temos bastante comédia e até pequenas doses de erotismo. São outros tipos de dificuldades vividas pelos chineses naquela época, como mandar os filhos da cidade para o campo, sofrer falsas acusações e ser criticado em praça pública. É uma leitura mais leve, com menos tragédia, mas igualmente rica. Uma história sobre um pai de três filhos e este pai dá o sangue por eles, literalmente.
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