Renata 12/08/2015
Forte, crítico e corrosivo, no estilo Trevisan estou aprendendo a reconhecer e gostar.
Desse pequeno livro, com suas 107 páginas, teria um bocado de coisas a dizer. Por um lado a questão do tema, encontramos a repetição da descrição de violência extrema, muitos dos contos são de mulheres tentando matar o marido e outro tanto de maridos tentando dar cabo das esposas.
E mais uma vez encontramos aquele estilo de página policial, com o qual Trevisan nos faz entrar em contato íntimo com as muitas falas dissonantes que tecem dramas e tragédias cotidianas, daquelas que acontecem com nossos vizinhos, ou das quais escutamos falar e que nos entretém por breves momentos.
Por outro lado, este livro conta com alternativas narrativas, contos em formato de poemas e haicais, que nos apresentam o suprasumo da concisão e objetividade que não deixam nada a desejar à narrativas mais extensas. Aqui, a brevidade é diretamente proporcional ao impacto das histórias contadas.
Outros pontos altos da construção dos contos está na revelação das diferentes perspectivas envolvidas na história, em tons de entrevista sabemos o que a mulher e o marido dizem sobre o mesmo acontecimento, ou mesmo o que três vagabundos bêbados dizem sobre a morte de um quarto, cada qual enxergando a coisa sob um ângulo diferente.
Por fim, além dos 22 contos encontramos cinco ou seis ilustrações que se harmonizam completamente com a pegada do livro.
Que venha o próximo Trevisan.