Lina DC 15/09/2013Impactante"Bullying - matando aula" do escritor nacional L. L. Santos é um retrato do pior lado que a sociedade têm a oferecer. Através da história, o autor discute através de cenas fortes, violentas e até mesmo cruéis, problemas que o mundo enfrenta dia a dia.
"Ninguém ali sabia o que estava mesmo ocorrendo dentro de uma das salas do terceiro andar.... Tudo o que se sabia , era que um monstro havia entrado na sala de aula. Um monstro...". (p.11)
O monstro, um homem mascarado, cheio de cicatrizes e cruel é a representação desses problemas: a prostituição, o vício em drogas, os ambientes familiares desestruturados e tóxicos.
"Ela acreditou que tinha visto os olhos por debaixo daquelas lentes redondas e escuras. E que eles diziam somente uma palavra: morte". (p.18)
Os jovens dessa sala de aula, na maior parte deles, não demonstram uma centelha de esperança. Antes da entrada do mascarado, observamos um histórico impactante: temos prostituição de modo aberto e de conhecimento geral, um pátio que mais parece um cenário de um documentário da vida selvagem, com caça e predador, onde reina a lei dos mais fortes.
"A juventude estava perdida. Nada mais havia a fazer. A escola que deveria comportar cérebros e corpos sãos, detinha na verdade, mentes em declínio em corpos dominados pela loucura social". (p. 60)
Um livro com uma narrativa coesa, bem desenvolvida e sem meias palavras. Todos os personagens são descritos livres de "enfeites", trazendo em suas personalidades facetas que chegam a assustar o leitor.
"Bullying" é uma trama impactante que com certeza não irá agradar a todos os leitores. Um jogo de sobrevivência, onde aqueles que chegam até o final também não são os vencedores.
Em relação à revisão, diagramação e layout foi realizado um ótimo trabalho. Encontrei uns dois errinhos de grafia, mas nada que interferisse na leitura. A capa é totalmente relacionada ao conteúdo, deixando claro a visão geral do livro.
"Vejam as crianças que percorrem quilômetros a pé, no lombo de mulas, carroças ou no colo da mãe ou do pai. Dezenas de quilômetros para adentrarem em uma escola onde não existem telhado ou paredes. Onde a professora em muitos casos não tem uma lousa. E dá aula para uma quantidade de alunos e alunas. E muitas vezes, na mesma sala (se é que pode realmente ser chamada de sala), tem o dever de ensinar simultaneamente matérias diversas para séries diversas...". (p. 299)