Isotilia 04/06/2013Uma descoberta na literatura brasileira! Este livro foi inicialmente publicado em 1920. Eu li a quinta edição de 1934, que aparentemente é a última edição do século XX. Em 2011 houve mais uma edição do mesmo,lamentavelmente sem muito sucesso nas vendas.
Acredito que para um livro com 5 edições em 15 anos (numa época em que a maioria da população brasileira era miserável e analfabeta)foi um verdadeiro best-seller da sua época. E foi merecido, pois é um livro extraordinário.
Acredito que ele seja Modernista, não só pela época, mas porque ele rompe totalmente com vários padrões. O narrador-protagonista, é o professor Jeremias. Ele narra todo o livro em primeira pessoa.
Basicamente, Jeremias é um mestre-escola que era casado com outra mestre-escola em Santo André. Uma mulher trabalhando naquela época, que escândalo! Eles têm um filho, Joãozinho, mas o casal está sempre em atrito e acaba se divorciando. Outro escândalo para a época, isso não era assunto que pudesse ser tratado num livro!
A mulher revoltada, mexe os pauzinhos no governo para que ele seja transferido.Jeremias então é vai trabalhar em uma pequena cidade isolada no interior de São Paulo. Lá ele passa toda sua vida, sem nunca mais encontrar a ex-mulher e o filho. Um dia ele decide escrever um livro para Joãozinho contando a sua vida, na esperança que um dia seu filho 'se meta nas livrarias escuras' e possa saber quem foi seu pai.
O autor é de uma ironia, de um cinismo, que lembra muito o estilo de Machado de Assis. Ele critica com inteligência várias ideologias políticas da época assim como a sociedade e as fraquezas humanas pelo dinheiro e pelas aparências.
Honestamente eu não entendi um capítulo em que ele sonha ou delira que é um rei. Não entendi o que isso tinha a ver com o contexto da estória. De qualquer forma, é uma ruptura com os padrões literários vigentes na época. É mais uma razão para considerá-lo modernista.
O final é simplesmente espetacular! Eu amei a conversa que ele teve com um cachorro de rua e a metáfora do cão com um tijolo amarrado a cauda.
Este livro merecia ser estudado nas escolas, nas aulas de literatura. Ele é representativo para a Literatura Brasileira.