Fê 04/11/2012O segundo volume da Trilogia do Século de Ken Follett retoma a jornada das cinco famílias apresentadas no primeiro, Queda de Gigantes, mas agora quem está em foco, junto com a Guerra civil Espanhola e a II Guerra Mundial, são os filhos dos personagens.
A narrativa se inicia com Carla Von Ulrich, filha de Walter e Maud. Aos 11 anos, ela logo é confrontada com a dura realidade do Terceiro Reich na Alemanha. Sua família ainda tem prestígio e seu pai é membro respeitado do partido. Mas a ascensão dos nazistas vai mudar radicalmente este quadro. Carla cresceu com os ideais pacíficos e de igualdade de seus pais, e depois de, ainda com 11 anos, fazer o parto de sua empregada, ela decide ser enfermeira (na verdade, ela queria ser médica, mas mulheres não eram permitidas na faculdade na época) e serve durante a Guerra. Uma grande tragédia vai marcar profundamente Carla, e sua vida vai ser muito regida por esse evento (que eu não vou falar o que é, para não estragar) e logo ela se vê envolvida numa rede de espionagem dentro da própria Alemanha, para derrotar os nazistas. Carla é forte, e capaz de grandes sacrifícios para proteger os mais fracos. Como sua mãe, ela é a personagem feminina mais forte do livro.
Seu irmão, Erik, por outro lado, apesar de mais velho, é muito mais imaturo que ela. E ironicamente, se alia ao partido nazista, somente porque todos os seus amigos também se alistaram. E o discurso é tão bem articulado que Erik se rebela contra a família por causa do partido. mas logo ele leva um tremendo choque de realidade e terá que rever todos os seus conceitos.
Werner, namorado de Carla, é irmão de Frieda, melhor amiga de Carla, e é de família rica. É um jovem idealista, que é recrutado por Volodya (já volto a falar dele) como espião para a Rússia. Werner tem que manter isso em segredo, entretanto, e para o bem maior da Alemanha, tem que sacrificar o amor por Carla. Lembra a tragédia que eu falei lá em cima que define a vida de Carla? Bom, é ela que liga ainda mais Carla e Werner, mas ela também pode ser o que os separará para sempre.
Volodya é filho de Lev, aquele que ele deixou na Rússia e que foi criado por seu irmão, Grigori. depois da Revolução, Grigori vive com sua família em boas condições e privilégios, tanto que pode pagar pela educação de Volodya na Alemanha. Volodya entra para o serviço secreto russo depois de se formar, e conhece Werner da escola, por isso o escala para sua rede de informantes. Volodya é leal ao governo russo, idealista, mas aos poucos vai ver que sua visão do comunismo é um tanto ingênua, mas isso não será o suficiente para que ele mude de ideia. Vale destacar Zoya, sua namorada, cientista brilhante que trabalha na pesquisa de armamentos nucleares para a Rússia.
Volodya nem sonha que tem outros irmãos na América. Daisy é filha de Leve e Olga, e é a herdeira mimada e fútil típica. Não liga para política e só quer saber de se casar com algum herdeiro e de festas. Mas Daisy é a personagem que mais se transforma pela guerra. De patricinha avoada, ela passa a mulher forte, engajada e chega a dirigir uma ambulância durante os ataques a bomba em Londres. essa mudança se dá em parte por causa de Lloyd Williams, filho de Ethel e Fitz. Só que Lloyd é pobre e não pode oferecer muito a Daisy e ela se casa com Boy Fitzherbert, que é igualzinho o pai, Fitz, e nem sonha que Lloyd é seu irmão. Mas aos poucos Daisy vai se apaixonado por Lloyd e é retribuída, mas seu amor vai sofrer muito com a guerra.
Lloyd, ao contrário de Boy, é determinado, e politicamente o oposto de Daisy (esqueci de mencionar antes que, levada pela ignorância e pelo marido, que só se importa em preservar seus interesses, ela se alia ao partido fascista. Mas ela muda depois que vê que o fascismo não é tudo que promete, e se ente até iludida por isso), mas ainda assim, não consegue tirar Daisy ad cabeça. Lloyd herdou todo o comprometimento político da mãe e de seu pai adotivo, que adora como se fosse o verdadeiro. Ele a princípio não sabe que é irmão de Boy, e despreza o irmão como o perfeito idiota que Boy realmente é. Log de início, Lloyd é marcado por uma demonstração da força do partido nazista na Alemanha, onde testemunha junto com a mãe todo o horror que os nazistas são capazes de infligir. Por isso, se opõe fortemente ao regime fascista e nazista, tanto assim que acaba por ser voluntário na Guerra Civil Espanhola, numa tentativa de depor Franco.
Esqueci de mencionar o outro irmão de Daisy, Greg. Ele é filho de Lev e uma amante, portanto é irmão bastardo de Daisy. Mas tem todos os privilégios da irmã. só que ao contrário de Daisy, que influenciada pela mãe, não é lá muito chegada no pai, Greg adora Lev e ambiciona ser como ele um dia. Mas sua vida vai mudar radicalmente quando conhecer Jacky Jakes, uma linda negra com quem tem um caso, Aí Greg vai conhecer o pai realmente, e não vai gostar muito do que vê. Mas sua vida tomará um novo rumo, e logo Greg terá novos objetivos, suas prioridades também mudarão. Ele é físico, e faz parte do infame Manhattan Project, que foi o responsável pela construção da bomba atômica que atinge Hiroshima e Nagasaki.
Ainda na América, vale destacar Woody e Chuck Dewar. Ambos são filhos de Gus Dewar, ainda membro do governo americano. Woody é um jovem fotógrafo, sonhador e doce, mas que vê sua vida marcada por um tragédia em Pearl Harbor. Seu irmão, Chuck tem um grande segredo e também vê sua vida perder o rumo depois de Pearl Harbor. Enquanto Woody segue os passos do pai (contra a vontade, vale ressaltar. Sua paixão é a fotografia), Chuck se alista na marinha, e assiste, junto com a família, ao ataque a Pearl Harbor, aliás contado brilhantemente.
As vidas de todas essas pessoas são interligadas pela guerra e por outros fatores. Novamente, Ken Follett se vale de uma pesquisa extensa e minuciosa, e monta um verdadeiro jogo de xadrez onde os peões se movem inexoravelmente ao encontro um do outro. Como eu coloquei ali em cima, o relato do ataque a Pearl Harbor é extremamente detalhado (eu via o filme passando na minha cabeça enquanto lia) e toda a rede de espionagem na Alemanha é detalhada, em pormenores. A narrativa se divide entre os personagens, sempre em terceira pessoa, e é fluida, prazerosa. E o bacana é que ele dá os dois lados, o dos nazistas, e dos alemães que eram contra o regime e lutavam muitas vezes até a morte contra Hitler. E também o lado dos russos, que sofreram muito como regime. Se eu tenho uma crítica é que talvez ele pudesse explorar mais a bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, mas isso não interfere em nada a história. Mas daí o livro teria mais 800 páginas ;D
Nota histórica
De novo, o relato é tão bem escrito, bem explicado, que não vou colocar nada.
Se você gostou de Inverno do Mundo, pode gostar também de:
Queda de Gigantes – Ken Follett;
Mundo sem fim – Ken Follett;
Os pilares da Terra – Ken Follett;
A lista de Schindler – Thomas Keneally;
A menina que roubava livros – Markus Zusak;
A sombra do vento – Carlos Ruiz Zafón;
O menino do pijama listrado – John Boyne;
O diário de Anne Frank – Anne Frank.
E também assista os filmes:
O império do Sol;
A lista de Schindler;
Pearl Harbor;
O menino do pijama listrado (eu não assisti, nem li o livro, porque eu sei que vou chorar ;D)
Originalmente publicado em: natrilhaodslivros.blogspot.com