Ricardo Rocha 26/09/2016
estilo vívido que fala de coisas suntuosas com simplicidade que parece antes uma conversa sem todavia cair para o que hoje se entende por simplicidade ou "texto jornalístico" que é simplesmente uma escrita semelhante à redação de ginásio (ou poderia dizer uma monografia de conclusão de curso, dava no mesmo), a princesa de cleves está impregnada de bons sentimentos, uma bondade, uma nobreza, que mesmo falando do que está falando e onde as coisas estão acontecendo - a luxúria e hipocrisia das Cortes - que contagia e que faz a gente lembrar opa é mesmo isso é uma virtude e é legal viver uma vida com esses valores. aliás vira e mexe eu encontro uma referência importante para determinados livros. por exemplo, tradução de clarice, de manuel bandeira ou quintana (como aqui) é quase uma garantia de qualidade. terno, apaixonado e visivelmente enlutado desse luto que faz melhor ao coração do que o espírito de festa, é um livrinho delicioso de tiradas precisas de quem desde pequena era sábiamente amarga - "o amor tenho certeza é algo incomodo do qual estou isenta". claro que não pode fugir da época em que foi escrito (1634) e de contexto (marie-madaleine era nobre e viveu, entre os nobres, a história que conta) mas aqui, longe de ser tornar um problema para o romance, se torna sua grande virtude, tipo olha como o ambiente não corrompe necessariamente o caráter e não arruína o talento. jamais um marido teve tamanha paixão por sua mulher nem de tal modo a estimou. e ah em termos de fofocas e pessoas cuidando da vida dos outros, de resto, nem dá pra dizer que era exatamente uma coisa "de época"