Ódio, amizade, namoro, amor, casamento

Ódio, amizade, namoro, amor, casamento Alice Munro




Resenhas - Ódio, amizade, namoro, amor, casamento


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cid 01/04/2015

Conforto
Gostei muito dos contos que compõem o livro. E especialmente de Conforto. Gostei do personagem Lewis , um professor de ciências, que se recusava a ensinar o criacionismo e declarou :
Vou ler o livro do Gênesis em voz alta, se quiser, e então anunciarei que é um saco de gatos de auto exaltação tribal e conceitos teológicos chupados de outras culturas melhores...
Nossa nunca vou esquecer essa definição...
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Sebo Por Todo C 08/08/2014

Uma contista prêmio Nobel
Começar de onde nunca antes comecei: a capa não faz jus ao texto moderno e nem aos temas atemporais. Apesar de bonitas plasticamente, ligam seus livros ao passado. E uma coisa Alice Munro não é: datada.


Nascida em 1931, a escritora recebeu o Nobel em 2013. Em diversas entrevistas dadas no período que precedeu ao prêmio se disse desde sempre contista.

Os contos de Alice se desenrolam ao longo de 37 páginas em média e, portanto, não caberiam nas exigências dos atuais concursos de contos nacionais que solicitam textos curtos, 4 páginas, no máximo. Suas histórias relatam períodos determinados das vidas de pessoas comuns, porém, em tal intensidade a autora elabora as emoções que ao término de cada conto é impossível começar de imediato a leitura de outro. Um tempo é necessário, uma tomada de fôlego para que o que foi remexido se reacomode no entendimento.

Os contos começam em um momento qualquer, como se quem lê de alguma forma entrasse no que é contado pelo meio. E segue assim, sem suspense, como a vida de qualquer um. Em determinado momento um gatilho arma-se e esse gatilho pode ser um fato antigo ou recém acontecido; uma frase escutada ao acaso; uma conversa só compreensível em outro momento. O leitor aguarda entre as palavras e o desenrolar da história, aguarda algo, aguarda alguém, aguarda. E a chave está ali, no texto que se desenrola sem tropeços apresentando vidas ordinárias (no sentido de comuns).

Os temas são os da humanidade e de qualquer indivíduo: solidão, traição, esperança, morte, vida, segredos, alegrias, amores, suicídio, distância, amizade, incômodo, velhice, perda de consciência, lembranças, inveja, compreensão.

Tive dificuldade em selecionar um trecho predileto. A escrita é desenvolta e elegante mas isso não é o fundamental no trabalho da autora.


Trecho predileto, p. 170. Conforto.

“Eram duas pessoas sem meio-termo, nada situado entre as formalidades educadas e uma intimidade avassaladora. O que houvera entre eles, por todos esses anos, fora mantido em equilíbrio por causa de seus dois casamentos. Seus casamentos eram o verdadeiro conteúdo de suas vidas – o casamento dela com Lewis, o às vezes áspero e desconcertante, indispensável conteúdo de sua vida. Essa outra coisa dependia desses casamentos, por sua afabilidade, sua promessa de consolo. Não era como se fosse algo que pudesse se sustentar sobre si mesmo, ainda que ambos fossem livres. E contudo, não era um nada. O perigo residia em testá-lo, em vê-lo desmoronar e então pensar que não havia sido nada.”
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Luis 13/07/2014

Mulheres de Alice
Até outubro de 2013, quando foi agraciada com o Prêmio Nobel, confesso que Alice Munro era para mim uma ilustre desconhecida. Por sinal, a láurea maior da Literatura mundial tem muitas vezes essa função : a de permitir aos leitores não profissionais o acesso à autores muitas vezes restritos praticamente aos seus países de origem ou à círculos acadêmicos limitados. Em grande parte, esse era o caso da escritora canadense.
Ódio, Amizade, Namoro, Amor e Casamento (Editora Globo, 2013) é uma coletânea de contos que serve de amostra representativa do universo narrativo de Alice, constituído basicamente de histórias simples, que beiram à banalidade, mas se lidas com um pouco mais de atenção, configuram um painel interessante das relações humanas em seus laços mais típicos, conforme evidenciado no título.
Talvez aqui não caiba exatamente o rótulo de contos à ficção proposta por Munro. Pela extensão e pelo olhar um pouco mais amplo sobre os personagens e situações, que extrapolam a estrutura clássica do gênero, a impressão é que Alice vai coletando fragmentos de romances inacabados. Impressão essa, reforçada pelos desfechos incomuns de cada historieta, onde na verdade não há um fim e sim uma espécie de abandono por parte do narrador. Em suma, seria como se o leitor, tal qual um vizinho intrometido, acompanhasse o desenrolar da vida comum dos personagens, até que subitamente um caminhão de mudanças encostasse e levasse embora aquele cenário e suas histórias. Essas de fato não terminam, mas devem continuar em outras paragens, em páginas distantes dos nossos olhos.
Se fosse possível um paralelo do trabalho da autora à uma esfera ficcional mais afeita à nossa realidade, ainda que guardadas as devidas proporções de público alvo, veículo e quilate cultural, Alice Munro explora à sua maneira o mesmo caldeirão de onde , por exemplo, o veterano novelista Manoel Carlos retira a matéria prima de suas tramas, que em geral versam sobre a vida comum e os dramas do cotidiano. Aldeias diferentes, conflitos iguais.
Embora possa parecer um clichê dos mais baratos, é inegável que o ponto de vista feminino, temperado pela arguta sensibilidade da autora, permeia a obra como um todo. As mulheres de Alice (tal como as Helenas de Manoel Carlos), embora envolvidas em enredos simples, são seres complexos que variam permanentemente no espectro entre heroínas e vilãs, sem se fixar em qualquer extremo. Manipular essas características de forma verossímil, forçando uma identificação imediata, muito provavelmente é um dos fatores da boa aceitação do trabalho da mais recente ganhadora do Nobel.
Apesar de todas as características que demonstram o auto grau da agradável legibilidade de Ódio, Amizade, Namoro, Amor e Casamento, um julgamento mais efetivo da obra de Alice precisa estar embasado de leituras mais amplas e menos apressadas de sua produção. Por ora, posso dizer que esses fragmentos de romance me parecem uma porta de entrada interessante para um universo literário que, disfarçado de simplicidade extrema, traz nacos generosos de reflexão sensível sobre os relacionamentos humanos.
Marta Skoober 22/10/2014minha estante
tal qual um vizinho intrometido, acompanhasse o desenrolar da vida comum
Me fez pensar em ouvir conversa no elevador... de repente a porta abre e lá se foi a história...




Ronnie K. 22/11/2011

Olhar maduro e feminino
Grande surpresa literária dos últimos tempos pra mim. Alice Munro escreve com delicadeza, ironia, paixão. São contos longos, de 35, 40 páginas. Ou seja, com tempo suficiente para o leitor se envolver. Há extrema perspicácia no enredo. Sem contar a engenhosidade da arquiterura das tramas. São absolutamente cinematográficas, o que dá uma dinâmica e uma fluência irresistíveis à leitura. Mas isso não quer dizer que a leitura seja fácil e o estilo rasteiro, condescendente. Não. Há sutilezas aqui. Em todos eles há o momento revelador, aquele que contem todo o sentido da narrativa. Esse momento é brilhante, em geral emocionante. Mas, como deveria mesmo ser, são momentos discretos, às vezes contidos numa frase, às vezes contidos num gesto de algum personagem. E isso ela narra de uma forma cadenciada, sem pressa e, o mais importante, com extrema beleza e exatidão. Creio que é uma coletânea feita na medida para as mulheres (mas claro que serve para qualquer leitor!). Imagino que as mulheres que leem esse livro sentem um algo a mais que tenho a impressão que me escapou. Sei que há algo mais aqui, algo mais profundo, algo segredo feminino. Algo de mulher para mulher. Seja como for, Alice Munro desde já está entre os 5 maiores contistas que já li na vida. O que não é pouca coisa. Vou começar a ler outro dela agora.
Juliana 25/03/2019minha estante
Ah sim, uma delícia de ler, parece pequenas fotografias do cotidiano com aquele elemento que tempera cada trama.




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