Tamara 01/03/2022
Dentro da minha versatilidade literária, as biografias são um gênero presente entre os meus queridinhos e vez ou outra eu encaixo alguma alternando com as leituras de ficção. Então, quando ouvi o burburinho em torno de Casa Gucci, que foi lançado pela primeira vez no Brasil em 2008, mas só agora tem feito um grande sucesso devido a adaptação de mesmo nome feita na Netflix, eu decidi que seria um livro que eu queria ler, ainda mais pelo que trata, onde ele traz a história da família Gucci, donos do império Gucci, onde conhecemos mais sobre suas desavenças, amores, patrimônio e principalmente sobre o assassinato de um dos herdeiros desse império à mando de sua ex-esposa e a repercussão do caso.
As expectativas que criei, mesmo sabendo que não devemos criar nenhuma, foram relacionadas a ser um livro bem investigativo, com foco nos motivos da esposa, em alguma entrevista com ela e afins, o que parece ser o foco do filme, e digo isso apenas por ouvir falar, pois não assisti. Porém, quando comecei a ler resenhas, percebi que talvez fosse melhor eu desviar e reduzir um pouco essas expectativas pois conforme outras opiniões isso não era muito bem o que eu iria encontrar no livro, mas ainda assim resolvi enfrentá-lo, com um grande temor de que fosse uma daquelas leituras eternas na qual eu ficaria presa o resto do mês.
Felizmente foi uma leitura positiva, embora não se possa dizer que é cheia de empolgação, já que uma boa parte do livro é dedicada a falar do império Gucci, de quantas lojas eles tinham, quanto de dinheiro, qual o lucro anual e por aí vai, o que com toda certeza foram detalhes que passaram na minha leitura em um minuto e no seguinte já tinham sido esquecidos. Esse, para mim, foi o ponto mais negativo do livro e houve momentos em que mais parecia que eu estava lendo um livro de economia do que uma biografia conforme me fora prometido.
Por outro lado, quando apareciam as narrativas das tramas familiares, do relacionamento de Maurizio, bem como uma possibilidade de conhecê-lo mais intimamente o livro se tornava muito interessante, daquele estilo em que não dá vontade de parar de ler. Parte desses momentos fascinantes se devem a escrita da autora que se mostrou uma boa biógrafa, que consegue prender o leitor na escrita, e para minha surpresa li o livro em apenas dois dias, o que superou até então todas as minhas previsões.
Ainda sobre a estrutura do livro, posso dizer que é bastante dinâmica e em alguns momentos me incomodou, pois iniciamos no momento do assassinato de Maurizio, o que é uma jogada óbvia para prender a atenção do leitor, depois voltamos para o passado a fim de explorar mais sobre a história da família e do império, e nos capítulos seguintes alternamos entre vários anos, onde acompanhamos o começo e o fim do relacionamento de Maurizio, mortes, nascimentos, e essa alternância sem uma linha do tempo estabelecida nos confunde até mesmo para saber o que acontece primeiro em uma cronologia.
Pelos pontos que levantei, parece que eu não recomendaria o livro, mas pelo contrário, recomendo-o como uma leitura instigante para aqueles leitores pacientes, que gostam de biografia mas também de economia e de conhecer pessoas e fatos que marcaram épocas.